o texto apresentado dentro da série "fruto estranho" (que teve também josely vianna baptista, grace passô, prisca augustoni, ricardo aleixo e andré vallias) é resultado de uma pesquisa iconográfica de feminicídios famosos e assassinatos de mulheres ativistas, no brasil, e de cujos corpos se encontra fotos no google images. vale dizer que outros feminicídios super famosos (tipo o caso serrambi ou o massacre do reveillon em campinas) não entrou no texto por não haver imagens disponíveis no google (graças a deus).
vamos bem longe quando o tema é exposição do corpo da mulher, inclusive a exposição do corpo morto - ou seja, o mais vulnerável que existe. assim sendo, enquanto juntava essas imagens no meu computador (aliás um processo traumático em si, deus me livre nunca mais faço isso de novo, porque além de salvar eu tinha que ficar olhando para elas, para descrever o mais acuradamente possível), fui reler "diante da dor dos outros", de susan sontag, em que ela fala da experiência dela na guerra de sarajevo e da nossa relação com imagens de zonas de conflito.
eu sempre fui obcecada com esse livro e, considerando o brasil o quinto em número de feminicídios no mundo (são 13 mulheres assassinadas/dia, segundo a onu) achei que podia friccionar o contexto brasileiro de morte de mulheres, no contexto de guerra que sontag aborda.
no vídeo, toda vez que eu falo "pág. não sei das quantas", o que vem depois é uma citação do livro. achei que era melhor fazer assim do que ficar repetindo algo tipo "abre aspas-citação-fecha aspas". só que tem muita gente no facebook reproduzindo exatamente essas partes da performance como se essas citações fossem minhas, e não são, e tô com medo da compainha das letras me processar hahaah! a foto do caderninho vermelho usado na performance taí pra provar que eu usei aspas, e no fim do texto há uma referência bibliográfica que, aliás, copio aqui:
Susan Sontag, “Diante da dor dos outros”, tradução de Rubens Figueiredo (São Paulo: Companhia das Letras, 2003)
esse texto não teria sido possível de ser feito e apresentado sem a ajuda/inspiração de fabiana moraes e gui mohallem. obrigada às minhas amigas raquel borba, clarissa galvão e juliane miranda. obrigada ao coletivo garupa, a italo diblasi e flavio morgado. obrigada à minha mãe que quando eu nasci disse "vai adelaide ser anarcobucetalista na vida". obrigada à moça barbara que ficou conversando comigo pra me distrair, minutos antes deu entrar na igreja, e me salvou dum infarto. obrigada a maria valéria rezende que, já no camarim-sacristia, me disse: "menina, vai ter gente que vai gostar e gente que não vai gostar, e daí?".
obrigada principalmente à grande joselia aguiar, que mulher da pá-virada da porra. que visão. que visão. que divisor de águas.
fica o desafio para o ano que vem, na minha opinião: se misturar DE VERDADE com a comunidade local e incluir na programação os professores de literatura do ensino médio da rede pública, que são os verdadeiros formadores de leitores do país.
olha essa foto gente que coisa mais linda
(quem tirou foi gabriela e me mandou depois)
esse é seu antonio carlos, professor de literatura
da escola de aplicação do rio.
a gente conversou tanto depois da performance
tem que ter menos prof de universidade nesses eventos
e mais prof das escolas públicas como produtores de pensamento
plmdds
sem mais mimimi, maiss chapas:
maria valéria e a filha de luaty
kanguei no maiki
luaty gato assinando autógrafos
eu tarra do lado de decoração hahaha
a moça barbara que salvou minha vida
depois teve conversa com paula fábrio, leo cazes
e noemi jaffe (TE AMO!) que nessa chapa
mal-batida tá lendo um trecho de "o que os cegos estão sonhando"
(que foi o livro que eu tava lendo naquela viagem-demônia pra polônia,
(que foi o livro que eu tava lendo naquela viagem-demônia pra polônia,
com ewout, no ano passado)
mais tarde, no bar, eu e fred klumb na fila do banheiro
eu e meu beatnítalo
os militar na BR no caminho do aero do rio.
af que abuso.