Monday, June 28, 2010

desculpa

nao estou podendo escrever.

eu me esforco tanto para ser feliz mas tenho tanto azar que tenho medo de acordar.

tenham paciencia comigo, please.

estou muito impressionada com o destino para ter vontade de escrever.

Tuesday, June 15, 2010

exercendo a personalidade

é como se a vida fosse um punhado de purpurina.




e eu colocasse minha mão na frente de um ventilador.





que voe norte, esse vento.

Saturday, June 12, 2010

cansei dessa vida

eu girei o mapa mundi de olho fechado e toquei em palma de mallorca.





now watch me.

coisas ridículas do spfw

eu e mais um monte de jornalistas-e-fotógrafos temos que ficar hooras esperando com cara de tabaco, por um computador desocupado, na sala de imprensa.

enquanto isso, a mesa de computadores "reservada para a imprensa internacional" fica vazia, com um segurança de dois metros cuidando para que jornalistas da imprensa nacional não os usem.

isso é que ser colonizado baba-ovo de gringo.

Thursday, June 10, 2010



desculpa, eu e vania goy semo it-girl e temo celular gêmeo.

sumemo.

Monday, June 07, 2010

cruz

fiz uma seleção na minha estante de livros com figuras.



a) sempre que eu olho para frida kahlo me pergunto por que não fui ser pintora. assim, essas duzentas ideias por segundo que tenho iam parar de me atormentar porque não iam precisar de tanto aparato técnico para nascer (tenho querido fazer um auto-retrato fantasiada de portorriquenha, um drama pra fazer a produção) e todas as duzentas ivis em mim ficariam em paz mais vezes.

b) o livro mais importante é o de jan saudek, meu primeiro de fotografia, escolhido porque a capa era bonita, quando eu tinha 18 anos e estava zanzando pela livraria saraiva do shopping plaza de recife. eu não fazia nada que prestasse, só tirava umas foto de buí que quando a gente terminou joguei no lixo. me arrependo, tinha umas foto bonita.

c) quando eu fiz 25, mamãe me deu uma caixa bem cara com os retratos de mapplethorpe, esse é importante também.

d) um milésimo do peso dessa caixa tem o love and before, green and after, do marçolo gomos, mas ele já tinha mudado minha vida antes de lançar esse livro anyways.

e) achei o catálogo da lenny em que a guisela foi fotografada usando o maiô branco que usei em um dos autos da fashion victim 3. o michael roberts que me desculpe, mas minha foto é muito mais legal.



aí achei duas coisas que dizem muito sobre mim:

1. meu único álbum de família, quero dizer, esses álbuns que os pais fazem dos filhos, tem bem pouquinhas fotos. mamãe só fez um, bem conciso, da ultra-som até eu ter 12 anos. deve ter umas 20 fotos, no máximo. e não é que ela editou recentemente e conseguiu ser precisa por causa do distanciamento que o tempo dá - ela foi editando a medida que tirava as fotos (ou seja, ao longo de 12 ou 13 anos) e só pôs lá as que achava realmente importantes. e não pense você que ela pôs numa caixa de sapato as que não foram "promovidas" pro álbum: ela as jogou fora. nunca vi tamanho talento de edição. nem economia de clicação. ela seguia os preceitos annie leibovitz-ais e eu, sem fazer ideia dessa conexão comigo mesma, escrevi esse texto em 2009 e na verdade devo ele à minha mãe, e não a annie (agora sei).

2. outra coisa: encontrei um álbum que fiz em 2003 só com fotos que os outros tiravam de mim HAHAHAHAHHA BEM LHôCA.



e só pra terminar: a gente se conhece de montão ao olhar os entulhos que guardava na estante achando que era referência mas que na verdade nunca mais foi olhar de novo.

foto de moda é que nem as moda em si: logo que ela é feita (por você ou pelos outros), você acha incrível. uns anos depois, você olha e se pergunta: "puta merda como foi que eu achei essa merda bonita um dia?".

por isso que eu amo tanto guy bourdin, quando ele dizia que suas imagens (MARAVILHOSAS ATÉ HOJE) eram pra ser degustadas nas revistas de moda e jogadas fora e esquecidas no mês seguinte. isso é que é self-awareness.




foi tudo pro lixo.
"eu não me preocupo que você larga um emprego para ir ver o mundo. eu só me preocuparia com você se você largasse o mundo e fosse ter um emprego".



tudo posso naquele que me fortalece.


(armin).

fundamentação teórica!

nessa história sem palavras, a fotografia propõe um resumo e o leitor acrescenta mentalmente o que possa ter acontecido durante os intervalos. assim funcionam as narrativas visuais com imagens fixas.
jan baetens, "correpondance #2", 1991





ha!

eu vou escrever uma tese na universidade ivetal que vai se chamar: "se virem sozinhos - um estudo sobre a necessidade que os pessoal têm de uma explicação lógica pro que não tem lógica".




ando tão pirada.

Sunday, June 06, 2010

um homem com a cabeça entre os joelhos**

as mãos tampando os ouvidos.

sentado no chão, na altura da virgílio.

eu estava ouvindo "why go home", do pearl jam, quando passei por ele, na teodoro. não sei se era um mendigo (não parecia), nem sei se estava daquele jeito porquê:

1. era esquizofrênico e ouvia vozes (as mãos nos ouvidos);
2. recebeu uma notícia muito ruim (atordoado, sentou no chão);
3. simplesmente assumiu a tristeza e comportou-se como um homem triste (sentado no chão, a cabeça entre os joelhos, as mãos nos ouvidos).

as coisas dele no chão, feito ele, dentro de uma sacola murcha do extra.

decidi que é a opção 3. assim, além de pena, posso sentir simpatia: ele agiu do lado de fora conforme o que se passava do lado de dentro.

eu estou triste, e vou sentar bem aqui, bem no meio da passagem, porque eu posso.

ele fez o que eu quis fazer o dia inteiro. a semana inteira. toda a vida.

eu quero sentar bem no meio da calçada e ficar triste por fora. tem esse navio negreiro dentro de mim, mas eu faço parecer que tem somente umas vísceras em ordem, finjo que sou normal enquanto meus escravos interiores esperneiam pela carta de alforria.

(horas antes, castro alves, colado em vinil no teto da estação paraíso, me deu o toque pra assumir a tempestade: chora, e chora tanto que o pavilhão se lave no teu pranto!)

ninguém em mim aguenta mais essa inapetência pra assumir a esquisitice.

eu preciso dizer: eu sou insuportável e não gosto de ninguém, mas finjo super bem.


§

tem dias em que acordo tão triste que a única coisa que quero fazer é andar no metrô horas e horas. ficar embaixo da terra é uma ideia que me agrada. se eu fosse uma topeira, não ia ter para onde ir nos dias tristes, e ia ser muito ruim.

§

carlois veio aqui esses dias e disse que estou chata feito clarice. qual clarice, carlois? lispector. ah, claro.

aí depois falei pra leandro: (...) sou uma filial mal-sucedida de clarice.

ele riu.

§

minha música preferida de astor piazzola se chama "fuga y misterio". não ligo a mínima pro mistério, mas a fuga, essa sim, gosto bastante.

§

e aí junho começou e eu virei, com alguns dias de atraso, o calendário de frida kahlo que armin me deu:


my dress hangs here, foi o que apareceu.

onde está o vestido de frida? em lugar nenhum. ou ela não sabe. ela fez esse quadro quando morou nos eua e não se reconhecia em nada lá. mas ela tinha o méxico como referência. e a dor da saudade dói mas ao menos mostra que em algum canto da existência existe (dã) alguma coisa que importa.

meu vestido está pendurado em lugar nenhum. ou eu não sei. eu moro aqui e não me reconheço em nada, mas não tenho nem o méxico, nem porra nenhuma, como referência.

ah! eu tenho minha vó como referência, mas não posso morar dentro dela. ela não ia deixar.

§

(clarice falou assim, para a irmã, em 5 de maio de 1946, às 16h de um domingo: (...) não há um verdadeiro lugar para se viver. é tudo terra dos outros. onde os outros estão contentes).

§

eu sinto uma vontade bem honesta de virar estado gasoso.

§

hoje xinaider me ligou perguntando onde eu estava, e eu respondi: "não sei". não que eu estivesse perdida (eu estava na paulista), mas faz anos que não sei onde vim parar.

§

relatei todos esses sentimentos a rachel:

"tás com tpm?".







** (ou "seis mil referências pop conspirando para eu assumir que sou assim")

Friday, June 04, 2010

teatro do precário

minha primeira expo na vida foi no sobrado (nome da lendária casa em que morávamos eu e leandro, mais ricardo, tati e todo mundo sem eira nem beira dessa cidade). a curadoria foi de ricardo. e ele chamou a expo de "corpo! teatro do precário". precária foi a montagem, mas a vernissage foi massa hahahahaha

eu adoro esse nome. essa coisa da precariedade da matéria...

tenho pensado muito no determinismo da existência física. tô histérica ainda por causa dessa sarna. mas e se em vez dela, que ninguém vê, eu tivesse pegado uma doença que eu ficasse toda azul?

o que é pior? ficar com nojo de si própria ou os outros terem nojo de você?

e se a pessoa que fosse pedófila tivesse uma marca na testa verde-água? e se quem gosta de tomar coca-cola quente tivesse cabelo prateado? e se todo mundo que gosta de fazer fio-terra tivesse o dedo do meio cintilante? sabe?

se fisicamente ninguém tivesse direito de guardar um segredo?

ando pensando sobre isso. obsessivamente.

doenças de fora, doenças de dentro, segredos, estereótipos...

Wednesday, June 02, 2010

o amor é cego (ou eu que acho bonito ser anoréxica?)

armin gostava de mim assim, rotunda:


kyle, eu e petek. colônia, setembro de 2009



preciso engordar de novo. o que ele diria desses ossos?
"your room has a red couch, bed, a record player, desk.
not too much storage space though...
but enough space to dance"




nunca imaginei que alguém faria poesia nos classificados.

Tuesday, June 01, 2010

o pedreiro

era a altura do 1347 da teodoro.

estava no momento de pausa, ou de contemplação. segurava parado uma furadeira.

tinha cabelo preto bem liso cortado como o de george harrison (não que ele saiba disso).

e uma lapa de braço que meu deus.