Wednesday, April 30, 2014

vodcabarata especial: fernando monteiro!

nem acreditei quando o maravilhoso, respeitado e sabido escritor fernando monteiro aceitou ser entrevistado por esse blog véi besta.

a entrevista é por conta do re-lançamento do seu primeiro romance aspades ets etc., um livro cult que ganhou vários prêmios quando do seu lançamento (em 1997), saiu de catálogo há anos e só podia ser encontrado - se você tivesse sorte - em sebos ou na prateleira de algum amigo inteligente.

graças à editora cesárea, aspades ets etc, volta às prateleiras afetivas da sua vida. para comprar, acesse o site da editora. o livro custa maravilhosos R$ 6,50 (sim, é ainda mais barato que polaróides!).

com vocês, fernando:

1. fernando, qual o signo de vasco aspades?
Danou-se: Vasco nasceu num dia 29 de fevereiro, olha só! Lasquei-me -- ou ele se lascou... Ou, pelo contrário, Vasco envelheceu mais devagar do que a gente, porque só fazia aniversário de quatro em quatro anos, um peixe fora d'água dos calendários juliano, gregoriano, sei lá.

(fernando, se me permite a intromissão, nesse caso vasco seria de peixes, o que explica muito sobre ele...)

2. se ele fosse um astro de cinema, qual seria?
Eu acho que Vasco seria meio Jeremy Irons pegando aquele "comboio" noturno para Lisboa -- saindo do Porto na hora inesperadamente certa, pelos relógios de Sol dos jardins de lá (marcando "as horas de jacintos vencidos", diz alguém, num diálogo de um filme dele).

3. qual filme?
"A Mulher do Fim da Alameda Linhas Torres" (e é o que eu gosto mais).

4. qual a cena nos filmes dele que ainda te deixa sem dormir?
A famosa cena da capela, em "Ravena", quando aparece aquela caixa estranha na mão da irmã que ama o irmão.

5. o que vem depois das etcs.?
Eita, essa me pegou. A verdade é que eu botei "ets" sem pensar muito no que viria depois das avencas na sombra do fim do livro que se fecha.

6. tu prefere brócolis ou couve?
Olhe, brócolis fica mais elegante em qualquer tipo de entrevista. Mas, sem couve não se faz o luso caldo verde da "Alta" lisboeta cheia de tascas que Aspades frequentava menos para comer do que para escrever cartas, vendo as velhas de preto da Trindade descendo as ladeiras.

7. em qual a idade podemos parar de inventar desculpa esfarrapada pra convites horríveis?
Isso faz parte da canastrice da vida inteira -- realmente sem estrelas de Bandeira, e só um "alumbramento": o primeiro.

8. vasco e joana d'arc têm algo em comum?
Têm. Tinham. Não sei qual é (ou era), mas acho que aquela moça, aquela jovem da roça (linda), aquela santa que a Igreja queimou como se fosse um cigarro de palha, sempre terá a ver com tudo que se perde. E Aspades vivia perdendo coisas: chaveiros, guardas-chuvas, esperanças e medos.

9. em que circunstâncias aconteceu tua primeira ressaca?
Foi quando, pelo correio, chegou um cheque (da Fundação Calouste Gulbenkian) pela publicação de cinco poemas na revista deles, a Colóquio/Letras. Achei que só poderia gastá-lo com bebida -- porque tinha vindo de poemas -- e bebi demais nesse dia, nessa noite, emendou tudo de uma vez.

10. falando nisso, qual o drink preferido de vasco?
Acho que era uma "margarita" bem feita. Tem muita gente que gosta e nem sabe que a "margarita" foi criada em homenagem à Rita Hayworth, cujo verdadeiro nome era Margarita Carmen Cansin, amada por um barman de Tijuana (chamado Enrique Gutierrez), quando ela ainda não era atriz -- nem "Rita" -- e se apresentava nos cassinos da cidade, a futura "Gilda".

(que lindo, eu não sabia!)

11. tu folheia um livro de trás pra frente, ou de frente pra trás?
Acho que é de trás pra frente... Não!, acho que é de frente pra... Pera aí: eu vou pegar um livro-tijolo tipo "A Pedra do Reino" pra conferir: seiscentas páginas, bom de folhear com a promessa de um dia ter coragem e ler tudinho (embora esse livro, na França, tenha saído com duzentas ponderadas páginas a menos).



apenas foda




Monday, April 28, 2014

nova cor no dicionário português

depois do verde-bandeira, temos agora ele: o VERDE-BADERNA!



hahahahahaha


quando ouvir a palavra "baderna", saiba: fala um reaça

o artigo de hoje na coluna "seres urbanos", da folha de são paulo, sobre a situação do parque augusta, tenta ser tao neutro que beira o cinismo. como é que o texto apresenta, como argumento em favor da não-implantacao de mais um parque (coisa que a cidade desesperadamente precisa) o fato de que já se tem parques demais na zona central de são paulo e faltam parques na periferia? eu não sei nem como adjetivar essa argumentação.

uma cidade com o ar escroto de são paulo não se pode dar o luxo de botar abaixo um par de árvores. mas pra allá disso, faltam áreas de convívio na cidade como um todo. se o que a coluna quis dizer é que os 60 milhões que teriam que ser usados para oficialização do parque na augusta deviam ser usados na periferia, nem mesmo isso eu entenderia, porque há de haver uma solução sensata para o impasse. me parece muito óbvio que mais meia dúzia de prédios na região da paulista não vao fazer bem ao meio-ambiente nem ao trânsito de cu da área.

eu nao entendo nada de orçamento publico mas imagino que falta mais vontade política do que dinheiro.

mas pior do que o artigo em si são os dizeres deste senhor, que representa um grupo de cerca de 30 membros, que são contra a implantação do parque:


VERDE COM BADERNA, BRASIL!
verde
com
baderna
que caralhos esse homem quis dizer com isso??


Saturday, April 26, 2014

mataram douglas e a culpa é dele, veja só



esse post era pra mostrar este link que trata do fato que a mãe de douglas, assassinado pela PM carioca, recusa visitar o governador e explica a razão. mas achei os comentários tão relevantes quanto à matéria e decidi mostrar o menos agressivo aqui.

a culpabilização da vítima, que já estamos acostumadas a ver em caso de violência sexual e doméstica, se estende para um caso assassinato. se o mesmo crime fosse cometido contra um menino branco dando rolê nos telhados do alto de pinheiros, o que se ia dizer?

a maioria dos comentários questiona uma coisa ainda mais violenta: quem mandou morar na favela? enquanto nossas aulas de história não mudarem, a gente sempre vai ver favela como senzala, como se via a senzala na época que elas existiam.

"As desumanidades e cruezas, que desde os tenros anos os filhos do senhor de engenho vem praticar contra os míseros escravos, os tornam quase invisíveis aos padecimentos do seu próximo". padre lopes gama em "o carapuceiro"

troque os termos senho de engenho e escravo por termos atuais e voilá, uma coisa escrita em 1830 parece que descreve os dias de hoje.







Thursday, April 24, 2014

puta. que. pariu.

eu queria que vocês apenas vissem essa capa hedionda da placar com o mesmo desespero que eu a vejo:



me deixem jogar minha namorada
pros cachorros comerem



eu não tenho mais absolutamente nada a dizer sobre essa capa (a não ser que ela me entristeceu enormemente, como mulher e como mulher brasileira). vou deixar então o comentário que a socióloga e jornalista fabiana moraes fez a respeito da capa, no seu facebook:
Meu primeiro sentimento ao ver a capa da revista Placar, que traz uma enorme foto do rosto do ex-goleiro Bruno, condenado pela morte de Eliza Samudio, foi de espanto. “Não acredito”, pensei. O sentimento durou pouco. Na verdade, essa capa não é absurda, não deveria ter me causado tanta surpresa. Ela é na verdade a confirmação de uma situação, é uma peça-símbolo do tipo de visibilidade que se concede aos homens e mulheres desse País, onde uma pesquisa equivocada parece ter diminuído a gravidade do fato de mulheres com saias curtas “estarem pedindo” para serem molestadas sexualmente.

A capa da Placar com Bruno faz parte da normalidade de um País onde quase metade dos homicídios de mulheres são cometidos por pessoas próximas, geralmente marido, namorado, amigo, filho, pai. A outra metade das mortes não é suficientemente estudada, como se a violência contra o gênero feminino fosse mais grave somente quando recebe o carimbo da “violência doméstica”.

O apelo e o sofrimento do jogador merecem circular em papel de qualidade na grande mídia, onde o apelo e o sofrimento de milhares de mulheres mortas todos os anos em solo nacional só circula no momento em que seus assassinatos são publicados (entre 1980 e 2010: mais de 92 mil mulheres assassinadas, 43,7 mil somente na última década. Número saiu de 1.353 mortes no período para 4.465, um aumento de 230%). A foto de Bruno na capa da Placar comemora o fato de, desenvolvidos e felizes com o progresso econômico nacional nos últimos 30 anos, termos apenas pequenos problemas como, por exemplo, o fato de uma mulher ser vítima de homicídio a cada 1 hora, 57 minutos e 43 segundos no ano de 2010. Em 2001, a média era de 2 horas, 15 minutos e 29 segundos.

A capa que causa espanto é a mesma capa que vai para assinantes onde esta situação acontece normalmente – está acontecendo agora.

Alguém falou em um comentário sobre essa capa que a equipe da revista foi “corajosa”. Por coragem, eu entendo o ato de ir contra a normalidade, o ato de fissurar o sistema, não de apoiá-lo, complementá-lo, confirmá-lo. Eu entenderia como corajosa uma edição da Placar que trouxesse as muitas e muitas mulheres que já foram vítimas de uma lógica perversa presente dentro do futebol (e outros esportes), onde o sexo feminino nem é mais tratado como coisa, já que as coisas têm algum valor. Coragem temos que ter nós, mulheres, para nos depararmos com esse rosto circulando nos meios de alta visibilidade. Coragem temos que ter nós, mulheres, quando colocamos os pés na rua. Coragem temos que ter nós, todas, todos, para não aceitar nunca que esse País continue dentro dessa normalidade.





eu queria sugerir da gente bombardear o facebook da placar e da editora abril.

a vida é urgente mas

parei de falar de mim neste vodca porque parece que a vida pede silêncio, cuidado, paciência. penso eu que deixei o blog de lado para deixar a vida no centro. pode ser que seja cuidado. pode ser que eu tenha aprendido a calar.

pode ser também que foi porque a vida deixou de ser espetacular, entrou numa fase de descobertas mínimas, universais e cínicas demais para serem motivo de escrita. essas descobertas me enchem de desgosto, são enormes no seu tédio, me esmagam. 

mas conhecê-las me liberta, é sempre bom saber algo que antes não se sabia. e eu fico olhando para essas novas vivências entediantes como se olha um animal longamente. como se olha um objeto muito pequeno perto da luminária e com os óculos na testa. cheia de espanto, cheia de desencanto.

detesto tudo num relacionamento estável, tudo, mas ainda não quero abrir mão de alguém finalmente me amando. 








Wednesday, April 23, 2014

work in progress retardado

isso é o que acontece quando eu entrevisto jéssica para um texto muito sério e sabido sobre o trabalho dela:


eu ops bionça, by jéssica mangaba



save the date: eu e jéssica, num texto sobre arte e namoros longos, na revista cesárea de maio! 

hahahahaha


quando ela mandava your body move to the music todo mundo obedecia agora que a bichinha manda ler livros fazem cachota. seus uó. obedeçam mãedonna. 



compre aqui sua cópia de polaróides - e negativos das mesmas imagens, por amigos sete reais no site da editora cesárea (não fucking precisa ter tablet, o livro abre em qualquer computador!).

Thursday, April 17, 2014

uma outra exposição

em homenagem a garcía marquez, que não morreu.

minhas curadoria, menos fotográfica e mais histérica, de "o amor nos tempos do cólera":


60. um realismo patético
119. - entrego-te as chaves da tua própria vida - disse-lhe.
128. a memória do coração elimina as más  recordações e exalta as boas e que, graças a esse artifício, conseguimos suportar o passado.
130. feitiços do hábito
159. foi um retrato eterno.
246. que vá pra merda o leque, que o tempo é de brisa
249. o problema da vida pública é aprender a dominar o terror. o problema da vida conjugal é aprender a dominar o tédio.
249 (mais adiante). as cidades que não lhe pareciam nem melhores nem piores, mas como ela as fez no seu coração.
262. nada nesste mundo era mais difícil do que o amor.
264. tinham lidado juntos com as incompreensões cotidianas, os ódios momentâneos, as maldadezinhas recíprocas e os fabulsos fulgores da cumplicidade conjugal.
409. e até quando o senhor pensa que podemos continuar com este ir e vir do caralho?

work in progress

tentando escrever um texto sério sobre minha amiga jéssica mangaba, cheguei à seguinte conclusão:


put your freek 'em dress on!




Sunday, April 13, 2014

on the radio

(ai, eu sempre quis escrever um poema com esse título hahaha)

hoje vai pro ar às 14h (horário de hellcife) a entrevista que thiago corrêa e eduardo maia, do programa café colombo, na rádio universitária FM (99,9), fizeram comigo e schneider carpeggiani sobre o lançamento da editora cesárea e de polaróides - e negativos das mesmas imagens.





a entrevista foi feita por skype na última terça-feira e foi muito legal e quando acabou eu até fiquei triste, porque nem minha mãe nem meu namorado dão bola pro que eu faço então é massa ter alguém prestando atenção em mim HAHAHAH

sintonizem lá!

Saturday, April 12, 2014

autotomy (...) no rio

leitorinhas e inhos no rio de janeiro, hoje e amanhã tem a pão de forma, que é tipo a feira plana só que na gávea!

as mina da pingado prés vão participar e vai ter dez cópias (sim, apenas dez) do livro de "autotomy (...)" para vender. vai ter também tcharafna do Gui Mohallem, David Penela, o pessoal do Companhia Rapadura com os zines individuais, Miniatura, Thais Graciotti, Luda Lima e Roberta AR, muitos outros.




todas convidada!







Thursday, April 10, 2014

talk-sozinha show voltando das trevas

é engracado como um monte de gente veio "lamentar" que polaróides foi lançado apenas em versão digital. eu não minto que também sofro do fetiche do objeto direto, mas mano, o e-book possibilita que o produto seja vendido por sete reais (mais barato que um uísque ruim na rua d'aurora), não paga frete, e dá pra comprar de qualquer lugar do planeta.

fiquei pensando em formas de preencher essa "ausência", numa maneira de adicionar afeto ao que parece ser tao impessoal (um lançamento de livro online).

aí que comecei a autografar as páginas dos livros, que fui publicando de surpresa nos facebook dos leitô!






e agora fiz uma leitura da crônica #3, que vem a ser meu texto preferido do livro. nao vou pedir perdão pela qualidade duvidosa da gravação haha é o que temos pra hoje, eu não tenho câmera digital nem smart phone e gravei direto do computador (sim, ao menos computador eu tenho).


 
só dá pra ouvir se tiver com fone de ouvido e todos os volumes no máximo!



polaróides - e negativos das mesmas imagens está à venda no site da editora cesárea. não precisa de fucking tablet para visualizar o livro não, ele abre em qualquer plataforma véia e nova!


Wednesday, April 02, 2014

a luneta filmes + polaróides

os pessoal lindo da luneta filmes fez um trailer pra polaróides. existe isso, minha gente? quanto amor!!! saiu no jornal do commercio e na tpm.












polaróides - e negativos das mesmas imagens está a venda por R$ 7 (o preço de uma caipifruta safada!) no site da editora cesárea e pode ser lido em qualquer plataforma (não precisa de fucking tablet!).

Tuesday, April 01, 2014

minha fotógrafa preferida: virginia woolf

na reta final da edição de polaróides eu estava lendo mrs. dalloway. é impressionante como o momento da pessoa faz com que o livro se torne a história do leitor (muito embora fran lebowitz esculache esse tipo de leitor eu nessa entrevista). meu os irmão karamázov está completamente grifado tendo em vista que, na época, meu coração estava sendo partido por um militante do movimento estudantil no primeiro ano de faculdade. sim, ninguém é forte.

encontrei várias fotografias em mrs. dalloway, e por isso rabisquei o livro inteiro. aí vai minha exposição, todas paisagens, mas tem um retrato:


"não havia ninguém".


"assim era quando um esforço, uma convocação para ser ela mesma, juntava suas partes, só ela sabia o quão diversas, o quão incompatíveis, e as arranjava para o mundo em torno de um único centro,".


"o silêncio desce sobre londres; e desce sobre o espírito".


"ela pega a marmelada; ela a guarda no armário".


"ligeiramente ondulantes por causa das lágrimas, a alameda, a babá, o homem de cinza, o carrinho de bebê (...)".


"o poder de agarrar a experiência, de examiná-la por todos os lados, lentamente, sob a luz".


"mas há marés no corpo".


"não conseguia pensar, nem escrever, tampouco tocar piano. confundia armênios e turcos; adorava o sucesso; odiava o desconforto; necessitava ser apreciada; conversava bobagens sem fim; e até hoje, se lhe perguntassem onde ficava o equador, não saberia dizer".


"com toda essa suntuosidade ao redor, que esperança restava de um mundo melhor?"


"a privacidade da alma".


"uma enguia arrogante".


"ora ela colocava a tesoura sobre a mesa;"


"esse é o privilégio da solidão; na intimidade, pode-se fazer o que quiser"


"a carta de clarissa que não voltaria a ler, mas na qual era bom pensar".


"muita gente se incomodava mais com o calor do que com o frio"


"ali estava ela".



polaróides - e negativos das mesmas imagens está a venda por R$ 7 no site da editora cesárea e pode ser lido em qualquer plataforma (não precisa de fucking tablet!).