tenho conversas fascinantes com uma pessoa querida, fotógrafo também, cuja única opinião igual à minha, em relação à fotografia, é que pensamos totalmente diferente.
eu sempre fui de achar que não se fala/escreve/fotografa/filma/documenta/analisa nada que não seja seu, que não faça parte do seu universinho, que não lhe seja familiar. por isso tenho essa trava/abuso/tédio de fotógrafo nascido e criado em casa forte e que quando entra na faculdade vai fotografar brasília teimosa.
quem se apropria do que não lhe pertence trata tudo como exótico, como alheio - e portanto com leviandade.
essa pessoa querida gosta de fotografar as ruas - e eu gosto de fotografar o que está dentro das portas. as que eu entro, para ser mais específica. convidada, para ser perfeito.
como essa pessoa querida sempre defende seus pontos de vista com inteligência e charme, comecei a ter mais complacência com algumas coisas em relação às quais sempre senti soninho. uma delas foi pinhole, que nunca tive muito interesse (falarei sobre isso outro dia). a outra foi janela da alma (o filme), que nunca tinha tido muita vontade de ver, nem tinha vontade de não ver, não tinha nada. e não era por abuso nem preconceito (eu adoro walter carvalho). acho que é porque o cartaz do filme nunca me atraiu, mesmo... e não tem julia roberts nele.
mas enfim. vi o filme hoje. e do mesmo jeito que esses dias fiquei toda serelepe porque simonetta falou, num curso que fiz no mam, que "nan goldin é a mãe desses fotologs aí" (opinião que concordo plenamente e que já emiti numa oficina de auto-retrato que dei para umas crianças de sexta série, uns anos atrás. achei que só eu pensava assim e que era muito especial e inteligente por isso hahahaha). retomando: do mesmo jeito que fiquei siachando quando simonetta falou isso, fiquei me sentindo muito... deixa eu ver... "ratificada", quando agnes varda (chata porém legal), diz, no filme:
"(...) acho que apenas eu, amando-o desta maneira, teria sido capaz de filmar esta imagem. Então, a alteração não vem da doença, do mal-estar, da cegueira. Acredito que venha do nosso sentimento, da nossa posição quando filmamos. Da nossa relação, da nossa conexão com o tema, com a pessoa filmada. Ou com aquele momento das nossas vidas.
Você não acha?".
agnes se referia as filmagens que fez jacques demy, o bofe xucro (geminiano, porque nem tudo é perfeito) da vida dela. o último filme que ela fez com ele (acho que foi o último, sei lhá, assim me pareceu) chamava jacquot de nantes e ela fez takes bem fechadinhos nele, mostrando a pele, feia como ela é de perto (é feio gente, desculpa aê). que me remeteram às fotos que fiz da pessoa querida a quem me refiro no começo deste post, usando uma técnica ensinada por ela (a pessoa querida):
de modo que, assim, voltamos ao ponto de partida. dá para ver o que eu vejo? a pessoa querida provavelmente me recomendou este filme para expandir meu horizonte em relação ao que eu não gosto - mas que acabou ratificando mais ainda o meu próprio (horizonte). só que, perhaps, a identificação não teria rolado se a pessoa querida não tivesse me ensinado as coisas que ensinou. e nem por isso eu tive que abandonar nada.
isso é lindo. você não acha?
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3 comments:
Eu acho sim gata...Tô sentindo falta de uma conversa com vc..Bjs!
Vinie
ivi você é minha ídola!
uma geminiana te adora!
beijos!
Janela da alma é um dos meus filmes favoritos. E é linda linda linda essa parte da tiazinha que fimou o seu tiozinho beeeem de perto pra ela nao miss a bit quando ele morresse. Que bem.
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