Sunday, June 14, 2009

amor colaborativo. porra #2

by lu bugni (minha irmã, namorada e cúmplice):

Ano passado, acho até que já contei essa história, estava andando na Avenida Princesa Isabel em direção ao Leme. Era uma quinta-feira de muito sol no Rio de Janeiro e eu marchava minhas havaianas rumo à praia, satisfeita de estar no Rio de Janeiro no dia dos namorados e poder pegar uma praia sozinha. Eu sempre achei que o Rio era uma cidade que favorecia os sozinhos que lá podiam se sentir felizes por estar sozinhos e essa solidão acabava que nunca durava muito tempo.

Pois seguia eu para a av. Atlântica agradecendo a solidão quando esbarrei em um garoto. No Rio de Janeiro ninguém pede desculpa por atropelar transeuntes e me chamou a atenção o jeito do garoto dizer "perdão". Tirei o foco do mar, logo à frente, e olhei para ele para dizer que não havia sido nada.

Ele era um garoto comum, devia ter acabado de sair da escola, usava uma camiseta da Hering branca, jeans, usava óculos, não era bonito nem feio, e parecia muito próximo de alguém que a gente já namorou na adolescência. Exceto pelo que ele carregava na mão direita, um buquê pequeno de rosas brancas, com umas sete rosas no máximo.

Ele segurava convicto o buquê rumo a um prédio na Princesa Isabel, e eu ainda fiquei olhando quando ele tocou o interfone e chamou pela sua garota. Ele estava tranquilo, mas parecia também ansioso, tinha mil rostos o menino que havia saído do colégio, comprado quantas rosas podia sua mesada comprar e ido ver sua garota.

Todas as minhas teorias sobre a solidão dos cariocas caíram por areia ali mesmo. Ser feliz sozinho era impossível e não havia sol que desse sentido àquela quinta-feira na praia.
Esse ano, em São Paulo, o dia dos namorados foi de muita chuva. Era uma contradição digna que eu não me sentisse assim tão bem de atravessar a Av.Paulista às 19h debaixo de uma chuva chata, rumo a um cinema repleto de casais para ver um filme de amor repleto de ... amor.

Faz sentido que se, há um ano, no Rio, um garoto aproveitasse a manhã de sol para tocar o interfone de uma garota carioca com um buquê de sete rosas nas mãos, hoje, em São Paulo, não parasse de garoar nunca mais, nem no asfalto, nem em minhas maçãs do rosto.

Pois atravesso a Paulista, a garoa dá uma trégua. O vento muito gelado corta os rostos dos sozinhos que andam juntos na terra da garoa. E é ali, na esquina da Augusta com a avenida que eu encontro a redenção (ou a consolação, com o perdão do trocadilho). Um garoto, imberbe, loiro, olhos claros, olha agoniado o outro lado da rua. Estica o pescoço, faz como pode. Está a procura de sua menina. Na mão direita, veja só, um buquê pequeno, com umas sete rosas coloridas - brancas, amarelas, rosa e vermelhas - enfeitadas com flores do campo destacam-se na paisagem cinza da cidade cinza em uma sexta-feira mais ou menos.

Eu atravesso, passo por ele, tem olhos muito claros e está ansioso. A garota vai aparecer a qualquer momento, ele vai esconder inutilmente o buquê atrás de si. Ela vai sorrir, ele também.

E eles serão felizes até o horário do último metrô.

É assim o dia dos namorados para mim hoje. Um garoto que espera sua menina com um buquê barato nas mãos. E a convicção de que o amor é importante, sim. E que é impossível ser feliz sozinho.


11 comments:

Unknown said...

Ivi, querida!

Que texto lindo. Principalmente pelo cenário, São Paulo a noite e ainda por cima chuvendo me lasca, até fico emocionada.
Apesar de não ter namorado, estou feliz. Preencho o meu coração com outras coisas e pessoas, tu está incluída nesse balaio (oi, sou nordestina e adoro falar balaio para coisas carinhosas. hahahaha).

Um cheiro e muito amor, seja qual ele for (rima inevitável).

Alda Ribeiro said...

nossa que texto mais romântico :) bjao linda

vodca barata said...

lindo, né? quem escreveu foi lu, ela arrasa.

brigada pelo amor, amiga. e vamo nessa :*

Taís Bravo said...

Que texto lindo! Fiquei encantada! Sou carioca e entendo o quanto o Rio é agradável a dias de solidão, mas consegue ser ainda mais lindo quando acompanhado.
E no final o amor é isso mesmo, algo muito maior do que ter alguém ao lado, amor está ao alcance do olhar, das mãos e do coração.
É melhor quando se tem tudo, mas o amor é lindo mesmo só de se avistar e acreditar.
Eu sou solteira e sinto amor todo dia. :)
beijinhos!

Anonymous said...

é, "é impossível ser feliz sozinho"

Paula said...

amor nao tem nada a ver com namoro. eu nao tenho namorado, mas passei o dia dos namorados acompanhada e com amor de muitas pessoas.
que texto mais lindo, fiquei até emocionada!

Márcia Mesquita said...

fundamental é mesmo amor

posso ser amiga da lu tb? oi lu!
de noite vou até linkar no brogue

beyjas

Cilana said...

Pode, Lu Bugni adora amigas.

mélis said...

eu tenho meio 'bodinho' de dia dos namorados...só porque os solteiros se sentem tão sozinhos e miseirentos. Mas esse texto tá tão lindo que até dá sentido a existência da data. Pros meninos e seus buquês tocarem as campainhas e atravessarem as Paulistas atras das suas garotas.
Lindo.lindo!

mélis said...

eu tenho meio 'bodinho' de dia dos namorados...só porque os solteiros se sentem tão sozinhos e miseirentos. Mas esse texto tá tão lindo que até dá sentido a existência da data. Pros meninos e seus buquês tocarem as campainhas e atravessarem as Paulistas atras das suas garotas.
Lindo.lindo!

Unknown said...

Ai q emoção, gnt!
Amei seu blog!
BJO
CAIO