Wednesday, August 26, 2009

89. oi, eu te conheço!

peguei a via leonardo da vinci e subi. subi subi subi subi até que cheguei às escadas que levam à castemola, um vilarejozinho aqui em riba, de onde (me disseram) se tem uma vista brutal da taormina, mazarró, giardini-naxos etc. so que as escadas eram no meio do mato e eu fiquei com medo e não subi. dei meia volta sem nenhum sentimento de derrota.

se eu tivesse, em outros tempos, dado ouvido aos meus alertas pessoais talvez não tivesse visto tanta merda. live it, learn it.

daí desci desci desci.

voltei pra via leonardo da vinci e voltei a subir subir subir no sentido contrário, a caminho de madonna rocca, um santuário em cima de outra montanha. a subida é cheia de casinhas lindas - como esse povo gostar de flor, né minha gente, uma loucura - e as ruas são curvilíneas que nem bionça e o sol é de rachar e o etna está muito fumacento hoje de modo que a vista não está das mais estonteantes (se é que é possível que ela seja alguma coisa menos que "linda").

quando o let it be tava acabando cheguei lá em cima - a tal da madonna rocca em si nem é essas coisas todas. é uma santa feita de pedra, duh, bela merda. em caruaru fazem santa de barro e ninguém se amostra com isso. mas a vista é de matar mesmo.

mas eu tava feliz era por estar sozinha. em silêncio.

tenho a impressão de que quanto mais pra longe eu vou mais perto de mim eu chego.

de repente começou a tocar beck. o odelay, um disco que eu ouvia muito com carol e rachel em 1998, e que eu nunca quis ter para que todas as poucas vezes que eu ouvisse na vida ele não me lembrasse mais nada além daquele ano mágico.

só que baixei o odelay especialmente pra esta viagem, mas até agora não tinha ouvido. esqueci que tinha ele no mp3.

no começo da descida eu parei e sentei e me lembrei daquele ano. nessa hora tava tocando jackass, e a primeira estrofe da música me é muito cara: I been drifting along in the same stale shoes.

foi emocionante perceber, enquanto o pôr do sol ia pincelando as coisa tudo e a fumaça do etna de laranja, que eu sou o mesmo velho sapato de sempre.

explico: eu escrevia muito no meu diário, quando tinha 16 anos, que tudo que eu queria era ser menos apaixonada, menos desesperada, menos intensa, menos pensativa. que eu queria ter calma, que eu queria ser calma, que eu queria ser uma pessoa lhesgal.

e hoje, 11 anos depois, não foi pouco maravilhoso notar que as desgraça da vida não tiraram nada de mim. que, sim, estou beeeemmais calma e quem-sabe mais lhesgal.

mais melhor de bom que isso: vi que, para a decepção da ivi-que-uma-outra-ivi-queria-que-ivi-fosse, eu continuo desperada, ansiosa e apaixonada. e pensativa de montão.

ninguém tirou nada de mim porque a ivi-que-queria-ser-calma-mas-não-consegue nunca deixou que isso acontecesse. eu sinto essa guerreira pintando as fuça de vermelho todo dia, protegendo a eu que não quer ter que pensar que o mundo é uó e que ela precisa se proteger.

que massa, né?

2 comments:

Natalia Venturini Pessutti said...

Oi! Como vc é forte, gostaria de ser como vc meio guerreira sabe? Não consigo não sei porque... Beijos.

Polly said...

na minha mente a gente é super amiga, ivi!

hahahaha

linda vc, lindo o que você escreve, e linda a sua viagem.

Obrigada por compartilhar...