as coisas da moda

quando vi essa foto de ute mahler, do excelentemente fuderoso coletivo alemôo ostkreuz, não consegui deixar de pensar em otto stupakoff.

tanto ute como otto eram fotógrafos em tempos e lugares que, teoricamente, tinham mais o que fazer do que pensar em moda - brasil e alemanha oriental.

e, apesar de backgrounds tão diferentes, ele faziam, de certa forma, o mesmo tipo de foto.


ute mahler/ostkreuz

isso me fez pensar na entrevista mára que ernesto neto concedeu à tv alemôa, que armin me mandou o link e eu indiquei no minas de ouro.

na entrevista, ele diz que a gente (brasileiro), precisa decidir se somos eastern ou western, colônia ou colonizador, pau-mandado ou pau-na-mesa.

mas por que?

não posso dizer que sou apenas fotógrafa? não posso não ter referências brasileiras?

as fotos de ute e otto resumem bem o que quero dizer.

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mudando de assunto, hoje passei por uma banca de revista e vi alguma mulher que não consegui identificar, na capa da marie claire.

fiquei em dúvida se era ivete sangalo ou sandra bullock.

primeiro culpei o photoshop.

depois a cirurgia plástica.

depois culpei os fotógrafos.

agora eu tô culpando os diretores de arte, que não pegam briga com os departamentos de marketing (que é quem eles culpam) e aceitam fazer essas capas feias do caralho cheias de chamadas em amarelo ovo dizendo dizeres esdrúxulos e com umas nêga na capa que mais parecem os manequim véi da cardeal arcoverde.


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lembro de simonetta persichetti, que disse uma vez que fotografia de moda no brasil é um lixo porque aqui fotografia de moda parece fotografia de publicidade, salvo raras excessões.

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sábado, depois de meses e meses, fiz um frila pras moda. fui fotografar um estilista famoso de collant.

essa é minha referência:


e eu fiz tudo ao contrário do que meus professores mandaram: câmera véia de seis megapixels com o ccd sujo, iso 1600, sem foco, superexposto e com um photoshop brutal depois. tá parecendo still de video VHS de 1988.


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ps: e essa foto da ute, lá em cima, não lembra a campanha de verão 2008 de sonia rykiel?


pensando melhor, lembra não. mas eu gosto das duas!