um dia antes da abertura da expo, fiz uma leitura pros alunos da oficina de fotografia da galeria, eles eram uns lindos, eram da faculdade de artes de bahía blanca e tinham uns 20 anos.
falei pra eles de como fui de uma fotografia obsessivamente focada num muso pra uma obsessivamente focada em mim mesma hahah, falei de nan goldin, cindy sherman, de auto-retrato que você não aparece, da câmera-acessório... (eles não acreditaram quando mostrei a câmera com a qual venho fotografando, uma canon prima analógica, de 1999, snapshot).
foram eles que sugeriram o formato da montagem e a disposição das fotografias na parede. e eu achei tudo a coisa mais linda e não dei pitaco nenhum. e as fotos de vovó eles puseram atrás da porta. achei o máximo.
dentre os aluninhos, tinha cristina. fiquei logo obcecada com o penteado de cristina, um ninho de rato mára, finalizado com grampos. mas além disso fiquei mal com a não-consciência de cristina sobre o próprio trabalho: ela me mostrou, animada, uma série de dibujo coloridos, sempre com meninas-criaturas-meio-animais, bem felizes, que eu achei só legais.
no meio destes estavam, meio escondidos, uns desenhos escuros, sombrios, que ela não quis mostrar. os desenhos tinham escritas mensagens truncadas sobre saudade e ausência, e eu fiquei passada, porque se você olha cristina vê somente uma menina de 19 anos feliz e ensolarada.
ela me contou que aquela série ela começou a fazer depois que o pai morreu, ano passado. mas que ela não considera como trabalho artístisco, apenas como desabafo.
"mas cristina... o desabafo é a obra!"
e ela ficou ali, com cara de sol, pensando.
Monday, May 10, 2010
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