sinceramente, nao sei se foi melhor ou pior assim. se eu estivesse aqui teria feito fotos de um homem bonito quando está triste, mas estando em recife, fiquei apenas implorando a ele que nos desse a honra de ler em poemas sobre o que é ser largado, segundo sua mundana sabedoria.
o fruto dessa tragédia amorosa virou um livro, gracas a deus. se chama cigarros na cama e foi publicado há algumas semanas, pela editora berinjela/modo de usar & co., no brasil. eu devia ter falado disso antes mas ando muito ocupada com a vida.
cigarros na cama é sobre os aspectos mais nao-espetaculares do fim de um namoro, que todas sabe como é, com um toque de auto-esculhambacao e outro tanto de auto-indulgência que nós também sabe como é, sendo que a gente nao escreve como ele. em 28 poemas, ele diz coisas que você, querida leitora, nem sabia que sentia quando chutada por algum boy. e de um jeito tao simples que até eu, que nao sou sapatao consumidora de poesia (vulgo "bem burrinha"), consigo entender.
ser largado é uma catástrofe, simplesmente. deixo vocês com o poema preferido. é meu preferido exatamente por falar da pequena tragédia dentro de uma tragédia, uma sub-tragédia, que é ser pego assim, todo desprecavido, pelo ser por quem nutrimos obsessao (algo sempre tao saudável he), exatamente no momento em que nao há cigarros pra nos fazer parecer indiferentes.
9.
Esperei por você no café
português para nossa última
conversa, queria estar lendo
e fumando
quando você chegasse,
com tranquilidade fingida
e estudada. Seu atraso
custou-me quatro cigarros
consecutivos, o que, segundo
as estatísticas,
significa 44 minutos menos
de expectativa
de vida. Unidos aos seus quinze
minutos de atraso, digamos
uma hora a menos no mundo.
Perda nenhuma. O vento
me descabelava
e eu lutava bravamente
contra mais esta desordem.
Você
chegou, obviamente,
no intervalo
entre o quarto e o quinto.
pra comprar: revistamododeusar@gmail.com ou na livraria berinjela, no rio de janeiro.
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