mas eu sigo me esforcando. assim como folheio meu dicionário mental, à procura da palavra que dá nome a como me sinto todos os hojes. adicione algum sufixo trágico à palavra desconsolo, e eis aí um esboco, desse sentimento bissexto.
quando fui para rússia, fui sozinha, e com o mesmo armin de hoje sendo um outro no meu coracao, eu vi uma cidade inteira existindo cirílica. as pessoas eram duras e russas como seu alfabeto. foi a coisa mais linda de se ver, apesar de nao ser nada atrativo. um russo é a traducao de si próprio.
qual seu corpo, pergunto eu pra mim mesma. e fico com essa rússia interna, essa dureza adquirida, que em nada combina com as curvas do meu inato alfabeto brasileiro.
em todo caso, nunca uma cidade foi tao legenda de si própria, de seus sons e segredos. sao petersburgo me ensinou a aceitar as tragédias como se aceita a geografia. assim, espero que o calcário que se formou em 2008 também possa vir a ser charmoso, e traduza minha pessoa, como faz sua língua ao homem russo.
é tipo assim sendo que por dentro
1 comment:
Ivi, acho incrível pessoas que fazem uso do calendário mental para coisas além que vão da marcação do final de semana.
não nasci pra datação.
não sei aniversário de namoro, nem ''ha quantos minutos estamos esperando o troco?''.
não sei.
me perco nesses detalhes olhando sempre outros detalhes.
por exemplo, sei exatamente o frio na barriga e o cheiro da paixão pela arte de quando fui ao cinema pela primeira vez.
mas não. não sei dizer quando foi isso.
Post a Comment