Thursday, June 21, 2012

grita, fiona!

no apartamento vazio da boa vista, eu ficava ouvindo fiona e fazendo colagens e escrevendo coisas na parede porque eu nao tinha mais nada. era época do jornal do commercio, tarta, comédias românticas, garagem e outras pessoas que morreram. era época de extraordinary machine, que eu ganhei de ernesto. foi inclusive a época que o vodca nasceu. 

em 2012 fiona volta pra minha vida quando tudo está perfeito, eu estou feliz, eu me arrisco, eu tenho meu homem. como sempre fiona toda apropriada vem injetar tragédia na minha vida, mas agora na falta de uma minha, só sobra a dela, e eu me aproveito desse abismo que é seguro, artificial.

grita, fiona, pois só tu pra, no meio de tanta delicadeza particular, me fazer voltar a ter vontade de abrir um vinho e ficar triste querendo. 

(idler wheel é o nome)

2 comments:

rafa. said...

Esse disco é tão bom, tão honesto e tão Fiona. Faz uma semana que eu to ouvindo ele no mínimo uma vez por dia e eu amo cada vez, já to obcecada por todas as músicas e não consigo parar de ler entrevistas e coisas assim.
Mas eu não vejo ele como um disco triste como os outros. Sei que as letras tristes continuam ali, mas acho só um disco forte e lindo. Faz uns 7 anos que ouço ela mas nunca estive tão apaixonada! Acho que antes era muito adolescentezinha para entender :(

R. said...

NO MORE TEARS

Quantas vezes me fechei para chorar
na casa de banho da casa de minha avó
lavava os olhos com shampoo
e chorava
chorava por causa do shampoo
depois acabaram os shampoos
que faziam arder os olhos
no more tears disse Johnson & Johnson
as mães são filhas das filhas
e as filhas são mães das mães
uma mãe lava a cabeça da outra
e todas têm cabelos de crianças loiras
para chorar não podemos usar mais shampoo
e eu gostava de chorar a fio
e chorava
sem um desgosto sem uma dor sem um lenço
sem uma lágrima
fechada à chave na casa de banho
da casa da minha avó
onde além de mim só estava eu
também me fechava no guarda-vestidos
mas um guarda-vestidos não se pode fechar por dentro
nunca ninguém viu um vestido a chorar

Adília Lopes