falei que ia então tá aqui um
pequeno comentário sobre a exposição "
timless beauty - 100 anos de fotografia de moda de man ray a mario testino", em cartaz no c/o berlin, em berlim (hehe).
foto de helmut newton no flyer
(bem elegante pros padrão do helmutch)
bueno, comecemos esclarecendo aqui que essa não é uma expo de fotografia de moda (como divulga a galeria) e sim uma exposição com alguns fotógrafos de moda que trabalharam pra algumas revistas do elenco da condé nast. dito isso, fica a leitorinha ciente de que, não, a curadoria não fez uma seleção de fotos representativas ou importantes de fotografia de moda do último século, mas sim juntou umas foto famosa, aparecidas nas revistas vogue, glamour e vanity fair.
ou seje: a exposição é bem ruim. não me levem a mal: nos primórdios, a vogue (e suas irmãs) eram lindas e inspiradoras. mas né, devagarzinho depois que diana vreeland partiu, foi tudo se lixozando.
na mostra, não há uma abordagem de fotografia de moda como linguagem, nem há uma proposta curatorial. a salas são divididas por cronologia e pronto.
e, considerando que vogue é (ou está) em geral muito
comercial ruim, fica de fora fotografia de moda autoral, ou de vanguarda, ou conceitual (dê o nome que quiser) ou simplesmente interessante. assim sendo, nas paredes há uma enxurrada de steven klein, steven meisel, solve sundsbo e outros lixos (contemporâneos e passados). sinto muito oitentistas histéricos, herb ritts era sim uma bela duma mierda. pois, fica a cargo de apenas um nome (corinne day) salvar a seção da expo que abrange os anos 90 e 2000.
antes disso, vemos diversos artistas interessantes que, na verdade são mais é clássicos (helmut newton, guy bourdin, diane arbus, leibovitz, penn, avedon, heune, steichen eeeetc.) e bueno, a gente curte, né!
a exposição deixa completamente de fora fotógrafos maravilhosos que fazem/faziam moda mas que não fazem parte da tchurma da condé nast. exemplos: nan goldin, juegen teller, sibylle bergemman, ute mahler. pros nomes atuais, ficam de fora lina scheynius, camila akrans, marcelo gomes (hahaha alouca!), wolfgang tillmans e até o mega hypado hedi slimane não aparece. e eu sei que tô deixando de fora outros nomes nessa lista, mas vocês entendem o que quero dizer.
enfim: não se pode dizer que se fez um "apanhado atemporal" de fotografia de moda, sem considerar revistas como i-D, dazed, vice, v e vários milhões de outras (mainstream e independentes-porém-relevantes, tipo a candy, do luis venegas, atualmente) que, na verdade, são as que mudam/agitam as coisas e são tão importantes quanto as vogue. ou então, deveriam mudar o nome da expo.
outro problema bem do grave: dos 76 fotógrafos na mostra, apenas seis são mulheres. oi! todas sabe que tem mais fotógrafo home do que mulé, mas mais de seis, ah que tem.
bom, mas como nem tudo nessa vida é um cocô (nem mesmo uma expo ruim), agora vamos às fotos que mais me gostei, que nunca tinha visto os prints originais (as fotos mais antigas foram feitas direto dos negativos e, vale dizer, até a década de 40 os pessoal usava câmeras de grande formato, o que significa dizer que cada negativo tinha 20,32 por 25,4!!!) ou nunca tinha visto at all:
diane arbus, editorial pra glamour, 1948
clifford coffin, editorial de moda praia pra vogue américa de 1949
(gente, 1949! é mais moderno que os editoriais de moda praia de 2012!)
e tinha uma foto maravilhosa do cecil beaton, pra vogue américa de 1930, que não achei no google images. pra acessar no arquivão da vogue, eu teria que estar pagando três mil dólares. então vocês ficam com a descrição e usem a imaginação:
foto em preto-e-branco
vestido estruturados de alta costura
modelos em um cenário teatral, minimalista, só com portas e janelas
contraluz
uma coisa escrita no chão
me lembrou dogville
fim
é isso, uma bela duma merda a expo, perdi 3 euro. valeu pela foto de diane arbus, mas podia morrer sem ela. xau.