o país é o assunto do momento no que diz respeito a violência sexual e o artigo traz histórias sobre a corrupcao da polícia, o despreparo dos policiais no atendimento às vítimas e sobre a lentidao ou completa ausência da justica.
eu fico muito confusa quando leio artigos recentes sobre o tema, tendo em mente que a índia é a índia. de lá saiu ioga, medicina ayurveda, gandhi, meditacao, liz gilbert (hahaha)... como é que pode???
se até num país como esse as coisas sao assim, o que esperar de um país "qualquer"? nao consigo evitar a entediante comparacao com o brasil e pensar o entediante pensamento: "isso nao é exclusividade na índia". aliás, nao é exclusividade, mas regra. eu senti na pele o descaso, o despreparo e o machismo da justica brasileira, mas saindo do meu próprio relato, posso citar dezenas de outros, que ouvi no decorrer da feitura de it's ok to be a boy e depois.
o mais absurdo é, em vez de criarmos uma cultura de nao-estupro, cria-se uma cultura de auto-defesa. nao se pensa na possibilidade de educar os homens/meninos, nem na possibilidade de punir aqueles que cometem um delito. o que o mundo vê como solucao é fazer as mulhers aceitarem as coisas como sao com a possibilidade de - ah, mas veja mesmo!! - conseguir dar uns dois chutes no seu estuprador antes dele consumar o crime.
a índia tem destribuído pimenta e canivete, e oferecido cursos de auto-defesa.
só vou fazer uma pergunta: ATÉ QUANDO, JESUS????
tomara que funcione
4 comments:
Minha bisavó dizia que estuprador não deveria ir preso, deveria ser pendurado num poste, e ter um pedacinho do pinto cortado fora por dia, pra servir de exemplo pros outros.
Claro que era um exagero, mas pelo menos ela, lá atrás, não achava jamais que seria culpa da moça :/
Ivi,
Infelizmente esse tipo de comportamento não é nenhuma surpresa qndo se diz respeito a Índia, um país que foi "eleito" o pior lugar dos países do G20 para se ser mulher, a frente até mesmo da Arábia Saudita. O preconceito contra a mulher está enraizado cultural e ouso dizer, religiosamente, assim como o sistema de castas e tantas outras coisas do tipo. O número de meninas que são abortadas, assassinadas ou simplesmente desaparecem antes dos 4 anos de idade é um absurdo. Li uma vez que daqui a 10 ou 15 anos os indianos vão sofrer celibato forçado, porque o número de homens está ficando cada vez mais desproporcional ao de mulheres. Os filhos homens são favorecidos por motivos desde dotes que os pais tem que pagar a família do noivo para casar suas filhas até motivos religiosos. Por exemplo, quem prepara ritualmente o corpo do pai para cremação no hinduísmo é o filho homem, se não tiver filho, tem que ser um primo, sobrinho, irmão. Qnto aos dotes, inclusive existem muitos casos em que depois de casados, de ter recebido o dote completo, os maridos continuam pedindo dinheiro, ou coisas como tvs e carros, aos pais das esposas e, se não recebem, batem e até as queimam, colocando fogo nas barras de seus saris. As mulheres sofrem constante pressão para casar e ter filhos, se "passam da idade" ninguém mais as quer e até coisas como a cor da pele influenciam (qnto mais escura a pele, mais difícil achar um "bom partido"). Fora das grandes cidades, vc vê as mulheres carregando pedras enormes na cabeça nas beiras das estradas, ou vendendo uns poucos vegetais nas ruas, enquanto todos os empregos "melhores", como de serviços são de homens. Existem crimes horrendos de honra até hj. A matéria abaixo conta tudo:
http://www.guardian.co.uk/world/2012/jul/23/why-india-bad-for-women
Não queria te deixar deprimida, eu mesma tive vontade de vomitar lendo isso tudo, mesmo já tendo ouvido falar de boa parte, mas é importante a gente saber, né?
Se te interessar, leia tbém um livro chamado Nine Lives, sobre religião na Índia moderna. Estou lendo agora e mostra muito como o sistema de discriminação de classe e outras coisas fazem parte do sistema religioso, além de ser um ótimo livro em si. :)
Um beijo grande,
Carol
ps: é a primeira vez que comento, mas te acompanho faz tempo, e compartilho sempre dos sentimentos do al-femea. :)
Ivi,
Infelizmente esse tipo de comportamento não é nenhuma surpresa qndo se diz respeito a Índia, um país que foi "eleito" o pior lugar dos países do G20 para se ser mulher, a frente até mesmo da Arábia Saudita. O preconceito contra a mulher está enraizado cultural e ouso dizer, religiosamente, assim como o sistema de castas e tantas outras coisas do tipo. O número de meninas que são abortadas, assassinadas ou simplesmente desaparecem antes dos 4 anos de idade é um absurdo. Li uma vez que daqui a 10 ou 15 anos os indianos vão sofrer celibato forçado, porque o número de homens está ficando cada vez mais desproporcional ao de mulheres. Os filhos homens são favorecidos por motivos desde dotes que os pais tem que pagar a família do noivo para casar suas filhas até motivos religiosos. Por exemplo, quem prepara ritualmente o corpo do pai para cremação no hinduísmo é o filho homem, se não tiver filho, tem que ser um primo, sobrinho, irmão. Qnto aos dotes, inclusive existem muitos casos em que depois de casados, de ter recebido o dote completo, os maridos continuam pedindo dinheiro, ou coisas como tvs e carros, aos pais das esposas e, se não recebem, batem e até as queimam, colocando fogo nas barras de seus saris. As mulheres sofrem constante pressão para casar e ter filhos, se "passam da idade" ninguém mais as quer e até coisas como a cor da pele influenciam (qnto mais escura a pele, mais difícil achar um "bom partido"). Fora das grandes cidades, vc vê as mulheres carregando pedras enormes na cabeça nas beiras das estradas, ou vendendo uns poucos vegetais nas ruas, enquanto todos os empregos "melhores", como de serviços são de homens. Existem crimes horrendos de honra até hj. A matéria abaixo conta tudo:
http://www.guardian.co.uk/world/2012/jul/23/why-india-bad-for-women
Não queria te deixar deprimida, eu mesma tive vontade de vomitar lendo isso tudo, mesmo já tendo ouvido falar de boa parte, mas é importante a gente saber, né?
Se te interessar, leia tbém um livro chamado Nine Lives, sobre religião na Índia moderna. Estou lendo agora e mostra muito como o sistema de discriminação de classe e outras coisas fazem parte do sistema religioso, além de ser um ótimo livro em si. :)
Um beijo grande,
Carol
ps: é a primeira vez que comento, mas te acompanho faz tempo, e compartilho sempre dos sentimentos do al-femea. :)
ah! atenção que a matéria é de julho de 2012, depois de um outro caso de estupro coletivo, foi antes da comoção de agora. :((((
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