Monday, August 25, 2014

geografia 3 - post explicativo pré-saldão!

então começa hoje o primeiro e único saldão de 2014, kickstarter o caralho, para ajudar a financiar a produção do livro do meu tcc.

faz um ano e meio que divido aqui com vocês os passos do projeto, desde a época que o tema ainda era mulheres vivendo com HIV. quando, em meados de 2013, fui forçada a procurar outro tema, foi também quando as matérias sobre recife (porque ela ia ser sede da copa) começaram a aparecer nos jornais alemães. nas fotos dos artigos, eu mal pude reconhecer a cidade. eu olhava aquelas galerias de imagens e me perguntava: my god, onde tiraram essa foto?

e assim descobri meu tema: a cidade como sujeito. e sua perda simbólica, através das mudanças orgânicas na sua visualidade. eu queria fazer um livro de fotografia tipo virginia woolf fez mrs. dalloway, em que londres é o protagonista impessoal do romance, sem que o livro precise ser SOBRE londres.

a primeira parte da pesquisa foi ler, ler e ler, já que não podia ir pro brasil assim no meio do semestre. passei quase seis meses só fazendo pesquisa (a partir de amanhã tem posts aqui sobre a bibliografia).

e então em dezembro de 2013 cheguei em recife e foi um espanto. primeiro, porque não reconheci as coisas que me eram mais íntimas - a chora menino da minha primeira infância e o torreão/espinheiro da segunda.

segundo, por causa do método de trabalho que fui forçada a adotar: eu só podia fotografar das 5h às 7h da manhã - que era quando ainda não tinha carro na rua, nas calçadas e dentro do meu sutiã (alok). ou seja, não era somente a questão da arquitetura, mas também da presença dos carros violando a paisagem urbana.

no decorrer do processo, veio outro elemento fundamental, realmente divisor de águas no conceito do TCC: descobrir os álbuns que meu pai produz, com fotos e mais fotos dele mesmo, desde os anos 70. minha tese inicial - a da perda simbólica através do estranhamento - foi reiterada quando dei de cara com aqueles álbuns, que também testemunhavam uma outra perda - o do referencial paterno, através das mudanças orgânicas na visualidade do homem.

recife se torna uma espécia de nome-do-pai para falar sobre o pai, e vice-versa. eita é muita terapia na cabeça da bichinha!

essas duas entidades camaleônicas - a cidade e o pai - são a alegoria que eu uso para falar disso, de perda. por isso andei tão obcecada com elizabeth bishop e seu livro geography III (daí o nome da série de postagens sobre o TCC), no qual ela trabalha constantemente com a ideia de pertencimento. é neste livro que está incluído o poema one art, talvez a peça central na minha bibliografia.

a epígrafe de geography III é uma citação de um livro didático de geografia, e esta epígrafe serviu de inspiração para o título do meu TCC, que será erste Lektionen in Hydrologie (und andere Bemerkungen) - em portugues "primeiras lições em hidrologia (e outras anotações).

esse texto todo é pra dizer que mais tarde começa o saldão. funciona como sempre funcionou, mas tem novidades: não tem mais fotos 10x15, mas para isso tem edição especial A4 e A3 e não tem mais frete (tá tudo incluído no preço final que não sou instituição de caridade HAHAHA).


conto ca ajuda de todo mundo! té mais tarde!


geografia 3 - pensando a exposição

2 comments:

Sávio said...

adelaide, eu de novo.
cara, que incrível isso. estou algum tempo acompanhado o teu processo no tcc (daí tu me faz ficar obcecado pelo geography III - que coincidentemente poderá me servir numa dissertação que começo a tatear no escuro). se pá, até o teu tcc pode me ajudar também. aliás: alo scheneider! tamo esperando a edição desse livro pela cesárea hahaha
enfim, tudo isso pra dizer que: que incrível como tudo se cruza de um jeito. ontem mesmo, mesmo depois de ter lido toda a série de postagens, eu ainda não tinha entendido do que especificamente tua ia tratar no tc. e hoje: boom! tu explica tudo direitinho. e tal. louco.
desculpa aí o comentário-catarse-desabafo.
abraço.

vodca barata said...

eita sávio, transmissões de pensamento! <3