Tuesday, March 01, 2016

passando recibo pra adélia

tem uma piada que ricardo e william sempre fazem que eu morror de rir: adélia prado é que nem alanis morissette, a gente ama mas não fala disso em público.

é difícil amar adélia cegamente, como amamos outros autores, e declaramos nosso amor em público, porque adélia é católica demais, provinciana demais, branca demais, hetero demais. e isso aparece na poesia dela por meio de indicadores de raça, classe, sexualidade e gênero, que quase sempre são sutis demais para nos fazer surtar, mas que para mim não passam desapercebidos e me dão raiva. e às vezes ofendem. 





muitos críticos e uma infinidade de leitores apontam exatamente na dona-de-casice dela sua linha de força. e isso também é um problema, que limita a leitura de adélia e faz com que ela mesma dance essa dança, como ela diz às vezes "eu só tenho esse quadradinho através do qual posso olhar o mundo". é conversa mole de adélia, da persona adélia, porque é exatamente quando ela foge do mundano que ela se agiganta, pra fazer filosofia da mais doida e profunda, mas com o jeito simples de se dizer as coisas, escrevendo como quem tá falando. aí sim, adélia bota pra fuder.

enfim, hoje é assim que eu penso em adélia, pode ser que amanhã eu mude. todas as minhas contradições em relação a essa autora estão na nova edição do suplemento pernambuco, que vem com textos sobre toni morrison e virginia woolf, ilustras de karina freitas, carol almeida, carol mesquita, laura erber e luci collin, entre outrxs.



para baixar gratuitamente 
o pdf da edição de março do suplemento, clica na foto




2 comments:

preá said...

adorei o texto. pude ver adélia por um outro angulo. vc diz amélia prado e eu digo adeilaide ivanoiva, hein! hehehe beijo!

vodca barata said...

hahaha ivanoiva <3