Thursday, July 12, 2018
um poema de cícero de souza
bolsonarou ofereceu capim
pra os eleitores de luiz inácio
comer
e eu pergunto aos senhores
se ele chegasse a ser presidente
ao invés de dar capim daria
veneno a gente?
não sei como conseguiu ser
deputado federal
discriminando mulher, negro,
homossexual
e agora quer dar capim
pros eleitores de lula
comer
tu ficou doido, bolsonaro?
tu cheirou cola
ou tá querendo aparecer?
dessa vez, bolsonaro,
tu fizeste um desatino
lave a boca quando for falar mal
de nordestino
e sobre o vídeo do capim
que na internet circula:
quem és tu, pra falar mal
dos eleitores de lula?
tu não passas de um golpista!
de um corrupto, oportunista
e só quem é cego não vê.
e digo a última, seu porra:
eu voto numa cachorra
mas eu num voto em você!
Tuesday, July 10, 2018
mppf! + grego = revista teflon!
gracas à minha amiga e cangaceira érica zíngano saiu uma seleção de poemas que foram (ou serão) publicados no mais pornô, por favor!, na revista grega teflon!
a revista é muito foda, já tem acho que uns oito ou nove anos de existência e se tornou não somente uma das revistas literárias (e de poesia) mais lidas da grécia, com mil cópias por edição, mas também uma das forças de resistência política e uma plataforma super importante da esquerda radical em atenas (#amor!). eles publicam poesia e ensaio, em grego e em tradução - e a parte de tradução tem um desejo de não somente trazer poesia do mundo prxs leitorxs gregxs, como também criar uma comunidade internacional de literatura de esquerda (#amor!).
como diz um dos fundadores da revista, jazra khaleed, nessa entrevista: "não temos patrocinador, não temos distribuidor: temos leitores". ISSAÊ!
para a edição #19, a eleni, uma das editoras da teflon, pediu pra eu fazer uma micro-antologia de poesia erótica brasileira contemporânea, viva e transante. minha seleção foi, como sempre, baseada em quesitos representativos (não preciso nem dizer que a "qualidade" dos poemas, seja lá o que isso signifique, não fica nunca, por causa disso, em segundo plano): misturar omi e muié, sapatão e viado e hts, branco e preto, e poetas do nao-sudeste. assim, chegamos à uma seleção de 19 autores, 11 mulheres e 8 homens. desse total, 14 (73%) são viadxs, 7 (36%) são do não-sudeste e 6 (31%) são negrxs.
como diz um dos fundadores da revista, jazra khaleed, nessa entrevista: "não temos patrocinador, não temos distribuidor: temos leitores". ISSAÊ!
para a edição #19, a eleni, uma das editoras da teflon, pediu pra eu fazer uma micro-antologia de poesia erótica brasileira contemporânea, viva e transante. minha seleção foi, como sempre, baseada em quesitos representativos (não preciso nem dizer que a "qualidade" dos poemas, seja lá o que isso signifique, não fica nunca, por causa disso, em segundo plano): misturar omi e muié, sapatão e viado e hts, branco e preto, e poetas do nao-sudeste. assim, chegamos à uma seleção de 19 autores, 11 mulheres e 8 homens. desse total, 14 (73%) são viadxs, 7 (36%) são do não-sudeste e 6 (31%) são negrxs.
tá longe do ideal, é sabido, mas a cada publicação tentamos melhorar no que diz respeito à paridade e representatividade (isso dito: para a edição #8, que sai em setembro e está sendo editada por mim e carla diacov, estamos em busca de poetas molieres e trans e viadas de SERGIPE, TOCANTINS, PIAUÍ, RORAIMA, AMAPÁ, ACRE e RONDÔNIA. emails com 5 poemas e mini-bio NUM .DOC SÓ para bolagato.edicoes@gmail.com. deadline é 31 de julho).
enfim, aqui vai umas foto da rivista e o pequeno texto introdutório que escrevi. os poema e o texto foram carinhosa e guerrilhamente traduzidos pelo spyros.
capa
contra-capa com jarid arraes, katia borges, natalia borges polesso, simone brantes, andré capilé, ricardo domeneck, cecília floresta, ana luiza goncalves, antonio la carne, rafael mantovani, joao meireles, ravena monte, flávio morgado, rita isadora pessoa, gabriela pozzoli, raphíssima, nina rizzi, lilian sais, ismar tirelli neto e william zeytounlian
que leendo
que leendo
A seleção
destes poemas para a revista Teflon vem dos textos publicados no zine
brasileiro MAIS PORNÔ, POR FAVOR!. Criado em Recife, cidade do nordeste
brasileiro, em dezembro de 2016, o objetivo do zine é olhar para o tesão como
potência revolucionária, principalmente no contexto do Brasil pós-Golpe. No #2
do zine, a pesquisadora Lori Regatieri escreveu:
“(...)
por que nos tornamos tão insuportáveis para o Estado, os patrões e a polícia?
Não foi à toa, tiveram que atuar juntos para impedir nossa algazarra festiva e
transante. (…) O caos atmosférico dos atrasos dos salários, do aumento
tarifário, das medidas proto-fascistas, dos militares nas ruas estão nos
atravessando como uma faca de ponta aguda. Exultar o tesão nesse contexto é
combater as forças do débito, estancar a sangria e nutrir a resistência
micropolítica”.
E por que
usar o termo “pornô”, no título de uma publicação que se pretende feminista,
sendo que este é um nicho tão misógino? Anna Kristin Koch, em texto publicado
na revista alemã Zeit Online, diz: “a indústria pornô não só fere os
sentimentos de muitas pessoas, como também reproduz uma imagem de sexo,
sexualidade e gênero que não cabem numa sociedade plural”. A autora sugere a
aplicação de uma “pornografia ética”, na qual não só diversidade e sexo
responsável são mostrados: estereótipos são quebrados e, independentemente do
gênero, pessoas são parceiros sexuais iguais.
Essa
problemática – to porn or not to porn – foi abordada no editorial da
edição #3 (abril de 2017), escrito pela jornalista Carol Almeida:
“(...)
se a palavra pornô vem carregada com um sentido tão próximo da ideia de
exploração sexual do corpo da mulher, que possamos repetir aqui o que a
comunidade LGTBQI fez com a palavra ‘queer’ nos anos 1980. Ou seja, vamos nos reapropriar
do termo, vamos confundir e desorientar o inimigo. Com nossas línguas, coxas,
pelos e algum sabonete líquido”.
Editado com as organizadoras do #leiamulheres de Recife – Maria Carolina Morais, Priscilla Campos e Carol Almeida – o #3, especial poesia lésbica, foi um divisor de águas na produção do zine (pelo seu conteúdo, mas principalmente pelo teor de mobilização coletiva). A seleção dos poemas funcionou em parte por meio de chamada pública e, com ela, passamos a conhecer o trabalho de jovens poetas lésbicas de todas as regiões do Brasil, ampliando não somente nosso conhecimento da poesia contemporânea de fora das grandes cidades, como também ajudando a criar mais uma rede de conexão entre as poetas fanchas.
Editado com as organizadoras do #leiamulheres de Recife – Maria Carolina Morais, Priscilla Campos e Carol Almeida – o #3, especial poesia lésbica, foi um divisor de águas na produção do zine (pelo seu conteúdo, mas principalmente pelo teor de mobilização coletiva). A seleção dos poemas funcionou em parte por meio de chamada pública e, com ela, passamos a conhecer o trabalho de jovens poetas lésbicas de todas as regiões do Brasil, ampliando não somente nosso conhecimento da poesia contemporânea de fora das grandes cidades, como também ajudando a criar mais uma rede de conexão entre as poetas fanchas.
Em outubro de 2017, em resposta ao fechamento da exposição “queermuseum” e a retaliação violenta de grupos de extrema direita contra Judith Butler (que estava no Brasil para uma série de palestras sobre democracia), disponibilizamos o #3 gratuitamente na internet, como uma tentativa de ajudar a emudecer os latidos recalcados dos fascistas.
A edição mais recente, a #6, é um especial de poesia caribenha. A motivação do zine é nos aproximar um pouco da poesia feita no Caribe e da situação de pessoas em refúgio vivendo no Brasil. Segundo o CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados), os países com maior número de solicitantes de refúgio no Brasil em 2016 foram Venezuela, Cuba e Haiti (646), todos países caribenhos. Do total de cerca de 10 mil refugiados no brasil, 32% são mulheres.
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