Thursday, August 26, 2010

que horror, que horror

recebi esse email da minha leitorinha carol. eu sou escapista, não leio jornal e, apesar sim de saber que no irã os pessoal faz essa marmotice com as mulheres, não fazia a mais vaga ideia de que há toda essa mobilização em torno desse caso.


---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Caroline Maciel Lauar **************@hotmail.com
Data: 26 de agosto de 2010 16:49
Assunto: Pra agir



De Martha Medeiros, texto publicado em Zero Hora, em 11/08/10

"Sakineh, uma mulher como nós
Adoçantes não calóricos. Massagem com compressas de ervas quentes. Máquinas high-tech para eliminar a celulite. Modelador térmico para criar cachos naturais. Esmalte de tratamento para unhas frágeis. Clareador de manchas com ácido bio-hialurônico. Hidratante bloqueador de radicais livres. E sigo folheando uma adorável revista feminina, que nos conduz a um mundo onde tudo é lindo, glamouroso e caro, mas sonhar não custa nada, e viro mais uma página, e outra, enquanto penso: uma moça chamada Sakineh Mohammadi Ashtiani pode morrer apedrejada a qualquer momento por um suposto adultério cometido anos atrás.

Mulheres se candidatam à presidência, dirigem empresas, pedem o divórcio, viajam sozinhas, investem na sua vaidade, mas nenhuma dessas conquistas pode nos orgulhar enquanto ainda houver o costume de enterrar uma criatura no chão com apenas a cabeça de fora para que leve pedradas de diversos homens — e não podem ser pedras GG, tem que ser as de tamanho M, pois exige-se que o suplício seja longo. Que tom de gloss será conveniente para assistir ao badalado evento?

Sei que há diversas outras modalidades de desrespeito aos direitos humanos, inclusive no Brasil, mas neste momento estou vestindo a camiseta da Sakineh. Quero falar sobre o ato primitivo de se apedrejar uma mulher na cabeça até a morte. Não discuto o motivo torpe da condenação, pois nem que ela tivesse matado alguém, em vez de simplesmente ter feito sexo com alguém, seria justificativa. Não há justificativa para a brutalidade. É a lei do Irã, é a religião do Irã, é a tradição do Irã, e daí? Quando meu estômago embrulha, é sinal de que algo bem perto de mim está acontecendo. Distância só existe quando a gente racionaliza, o sentir unifica. O Irã faz parte do mundo em que eu vivo. O meu tempo e o da Sakineh são o mesmo. Somos contemporâneas. Ela não é um personagem, existe. Tem filhos. E se a mobilização internacional não surtir efeito, em breve será enterrada até a altura do busto, com os braços presos para não poder proteger o rosto.
O que dói, mais do que tudo, é reconhecer que avançamos tanto e ainda não conseguimos atingir um grau de humanidade que seja comum a todos, homens e mulheres de qualquer lugar e de qualquer crença. O que podemos fazer por Sakineh? Rezar para que ela seja enforcada, que é o plano B. Ufa, seria um alívio.

Há uma petição circulando pela internet. Acredito tanto na eficiência desses abaixo-assinados como acredito em creme antirrugas, mas volto a dizer: sonhar não custa nada.
Eu já assinei. Agora vou passar meu incrível tônico de renovação celular “future solution”, pois, como qualquer mulher, adoro cuidar da minha pele."



Pra saber em que pé tá:
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notícia publicada ontem, dia 25.08.2010, no jornal O GLOBO sobre o assunto



bom, meninas, agora a gente assina a petição e segue a vida com essa sensação de lixo humano, porque que porra a gente pode fazer, né? carla bruni publicou uma carta sobre o assunto, eu publico um post de merda que inguém vai ler, vocês repassam pras amiga.

eu acho lindo que nesse mundo (o brasil inclusive, não precisava nem ratificar) estuprar uma mulher pode, e ainda culpam a mulher. mas se uma mulher DÁ PORQUE QUER, aí sim, tem-se um criminoso.


VÃO SE FUDER TODOS VOCÊS.

3 comments:

Natalia Venturini Pessutti said...

Eu odeio ler sobre isso, fico me sentindo péssima por bastante tempo, e a lembrança disso vem de vez em quando na minha cabeça. Como pode algo tão horroroso ainda acontecer por aqui. Parece mais uma história bárbara de séculos atrás. Como já disse, acho o cu da cobra isso tudo!!!

Matilda said...

Linda Ivi, vivemos num mundo pré-histórico de batons coloridos. assino e reassino com corpo e alma na esperança de seiláoquê.

Carol said...

E o bendito final, nem sempre feliz...
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/824273-sakineh-ashtiani-sera-executada-na-quarta-feira-no-ira-diz-ong.shtml

Tão ruim saber que com a bunda na cadeira a gente não consegue fazer muita coisa pra mudar o destino dela e de outras que virão.
E, às favas, com defesa da diversidade e soberania cultural, se se atropela a dignidade de gente, viu! E olha que não é feminismo isso não.
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Pelo que tô lendo por aqui, você tá bem, mesmo no drama, né? Que bom!
Beijo!