comecamos o dia, meu homem e eu, na exposicao retrospectiva de diane arbus.
minha relacao com ela é de amor e ódio, e nao pelas questoes morais. aprendi a aprender que é assim mesmo, a gente usa as pessoas, e é bonito. o valor da jornada fotográfica de diane foi mais o que ela fez das experiências, do que apenas as fotos em si.
eu ando muito interessada nisso. a exposicao, que propoe mais uma vivência da "vibe" diane do que um entendimento da sua obra, é muito bonita. é meio confuso entender a trajetória dela, uma vez que a expo nao é dividida nem por cronologia e nem por trabalho, meio como uma colagem atemporal. outro problema de uma expo com uma artista como ela é que, já vimos tantos milhoes de vezes suas fotos, que é mais o trabalho do curador do que as fotos em si que podem impressionar.
eu fiquei muito, muito emocionada de ver os prints originais, feitos por ela. é bonito observar a parte artesanal do trabalho. fiquei mais emocionada ainda com uma foto que eu nunca tinha visto, e me parece um lado b muito lado b do trabalho de diane, uma vez que dei google e nao achei nem foto, nem link pra foto. a foto se chama "girl watching a soap bubble". é bem do comeco, circa 1960, ainda em 35mm. a foto tem um mistério que eu nao sei explicar. e o título é tao ingênuo pro mistério que descreve...
o retrato de susan sontag eu também nunca tinha visto, é maravilhoso. fiquei imaginando a energia tsunamisal daquelas duas numa sala. imagino que elas se detestaram, apesar de susan ser mais do que fa de diane.
à noitinha, fomos andando até o tempodrom, ver patti smith. a primeira vez que a vi tocar foi em 2006, no rio. foi lindo, mas eu era outra pessoa e estava muito mais preocupada em que botas de caubói eu ia usar do que no show em si.
tanta aconteceu nesses seis anos, e foi tao bom ver que consegui ver coisas que nao via em 2006.
patti smith emana uma energia que deriva de mae natureza. ela sobe no palco e parece que você está testemunhando um ritual antigo. pensei muito na tradicao oral e na oralizacao de poemas, sobre os quais ricardo tanto fala. a presenca dela é meio mística (apesar de saber que o uso dessa palavra dá a artista um quê de ídolo, mas essa nao é absolutamente minha intencao, é místico como clarice, nao como elvis). o show tem uma energia feminina, meio arcaica, muito poderosa, pelo corpo dela, o uso das maos...
o mais legal foi quando ela avisou que estava resfriada e completou: "entao, se eu soar como um sapo... é porque eu sou um".
foi inspirador. desses dias que você leva pra vida inteira e que tem que se lembrar deles, pra sentir vergonha de si mesma, quando a auto-piedade ou preguica baterem.
quero pattisimithzar minha vida.