assombrações do recife velho, parte 15

"(...) Tudo isto sumiu na paisagem da cidade. Ninguém a reconstitui mais sem tê-la conhecido. E mesmo entre os que a conheceram, quantos de memória pouco nítida!

Não há saudosismo em recordá-lo. Nem desejo que a vida houvesse parado. Há, porém, uma modalidade de amor a tudo o que desapareceu, e que se não foi nosso contemporâneo, terá sido de nossos bisavós: cenário de sua infância, de seus amores, de suas preocupações, de suas atividades, de seus sonhos e de suas saudades também".

texto profético em arruar, livro de mario sette, que trata sobre uma certa cidade que já em 1932 estava sumindo. 

capaz de recife nunca ter é existido.

assombrações do recife velho, parte 14

Y pensar
que mientras juego con dudosas imágenes,
la ciudad que canto persiste
en un lugar predestinado del mundo,
(...)



trecho do poema benarés, que faz parte do livro fervor de buenos aires, de jorge luis borges. entre 1914 e 1921, borges (que nasceu na capital argentina) viveu na europa e, quando voltou, buenos aires estava tão diferente que é como se o autor tivesse voltado para uma cidade que na verdade não conhecia. fervor de buenos aires, auto-publicado em 1923, é sua tentativa de fazer as pazes com a cidade. ou consigo mesmo, o que no fim das contas é a merma coisa.

em recife, à procura de...

queridas leitorinhas,

estou em recife, fotografando um projeto deveras importante. preciso da ajuda de todo mundo e listo aqui o que ando procurando:

1. você tem (ou sabe quem tem) fotos antigas (ou antes da reforma) da fri-sabor da boa vista, aquela ao lado do salesiano? me interessa!
2. procuro por canteiros de obra pública (tipo as da compesa, aquelas envoltas em telinha laranja, ou obras da copa, tipo as da caxangá). tem na sua rua, no seu bairro? onde? me interessa!
3. você mora em prédio alto com vista ampla pra cidade? me interessa!
4. você mora em prédio e tem vista tampada por outro prédio? me interessa!


se você pode ajudar com algum desses itens, manda email pro vodcabarata@gmail.com!

muito obrigada!!!!!!

mud magazine

autotomy (...) foi agora publicada no chile! a revista é a mud magazine, que além de publicar séries, tem também entrevistas. muito boa!

clica na foto pra ver a matéria!

pra imprimir e cantar nas prévia!

concretos do rosarinho
vem ostentar o seu queiroz galvão
com security pessoal
e a guarita espanta o marginal
bem alto é o pilotis
pois ninguém quer
mais um prédio caixão

queira ou não queira o recife
as construtoras são de fatos campeãs

e se aqui estamos
erguendo esse espigão
é para condizer com nossa condição
mais um prédio alto
e tão feio que dói
nós somos concreto
que nem belize destrói.




(ontem eu e a amiga raquelzinha borba compusemos uma paródia do maravilhoso frevo "madeira que cupim não rói", de capiba. o objetivo dessa obra de arte é refletir o maravilhoso momento que recife está vivendo).

o calendário 2014 da savant editora é lindo

e é completamente de grátis. é pra baixar e imprimir mil vezes e sair presenteando todo mundo.

tem Franciso Beraldo (capa), Marina Bezzi, Marisa Mendonça, Pedro Moura, Poliana Pieratti, Rafael Godoy Brito, Silvino Mendonça e eu, que participo ilustrando os meses de setembro e novembro. tá tão lindo!

para baixar o calendário da savant, é só clicar aqui (ao abrir o link do PDF, você visualizará uma versão em baixa resolução do calendário. para visualizá-lo na resolução correta, é preciso baixar o arquivo).

e dá pra montar assim, por ejemplo

projeção perigosa

amanhã tem charqueattack, festinha ao ar livre E DE GRÁTIS, a partir das 17h, na perigosíssima praia de boa viagem! vai ser o aniversário de alvinho e vai ter projeção de fotos minhas e de jakob.

quem não tiver medo de tubarão  é pra ir!!!

assombrações do recife velho, parte 13

havia um mangue onde a via mangue passa.

havia, claro, pessoas e bichos que, direta ou indiretamente, viviam da existência desse mangue.

havia, também, uma certa paisagem.

havia afeto e uma certa poesia nesse trajeto: quem ia da zona norte à zona sul antes via um rio.

hoje vê um shopping, que acabou com o mangue, que espantou os bichos, que mudou a paisagem e por fim matou o afeto.

assombrações do recife velho, parte 12

casarão colonial tombado, que poderia estar (no mínimo) à serviço da manutenção da memória e da história ou (quem sabe) à serviço das pessoas que vivem na cidade, vira salão de festa inútil de prédio de 40 andares.

assombrações do recife velho, parte 11

água potável, vinte litros, oito nove reais.

(ou seja: água potável é pra quem pode pagar).