"sou um homem doente" é a primeira frase de
memórias do subsolo, e que me causou uma impressão brutal quando, em 2003, a li pela primeira vez.
desde então eu quis escrever um livro só pra poder começar com uma frase bombástica.
eu acho que vocês se lembram de quando eu escrevi, durante a viagem, que tinha agonia de quem ficava tirando mil fotos pra se lembrar de onde passou porque passava pelos lugares com tanta fugacidade que, realmente, se não houvesse uma foto do lugar, a pessoa nem saberia que esteve ali.
eu pensei nisso esses dias. a ausência de cálculo e o excesso de cálculo, e a inutilidade dos dois.
no caminho pra ilhabela, duas semanas atrás, eu fiquei tão cuidadosa esperando chegar a paisagem perfeita que passei por todas, passei pelas mais lindas, e pensando "ainda não, ainda não, ainda não", acabei fotografando as menos bonitas. eu não acreditei nas mais bonitas. achei que viriam outras melhores. e fotos sairam assim: menos bonitas. justo também. o resultado segue o método.
perdi o faro. perdi a prática. na verdade, talvez eu esteja só meio cacto.
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eu continuo sem saber o que dizer.
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tenho a impressão de quem tu continua fazendo as mesmas coisas que me entristeciam antes. um milhão de libélulas. eu odeio todas.
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e em relação a outras coisas, eu às vezes eu acordo no meio da noite e não consigo mais dormir.
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"a paixão de ordínov era como uma arma apontada para ele mesmo".