Wednesday, May 30, 2012

work in progress #10

uma pessoa que nao se identificou nos comments do post anterior disse que as fotos estao feias e falsas. me partiu o coracao a pessoa nao se identificar, o que mostra que ela queria mais ofender do que opinar. dizer isso e assim é tao superficial quanto as fotos que a pessoa disse que eu fiz.

mas me encorajou bastante a aceitar algumas incapacidades minhas e da fotografia como mídia. toda mídia é incompleta, imperfeita. dependendo do que a gente quer comunicar, encontramos alguma mídia que tenha menos falhas praquele discurso. ou escolhemos a mídia e trabalhamos o discurso da maneira que melhor se encaixe nas imperfeicoes dela.

eu sei que as fotos estao superficiais. eu nao sou cega. estao superficiais mesmo com todo meu afinco, minha preocupacao, com as duzentas horas passadas juntos. mas acho que agora sei melhor aonde ir. em vez de me perguntar como resolver, posso simplesmente me adaptar.

minha ideia era simplesmente, através da intimidade que se consegue apenas com o tempo, conseguir fotografá-los como ou quase como eu fotografei minha vó (nao me refiro ao humor, mas à intimidade), armin, joerg, eu mesma.

dia 10 de maio eu os convidei para vir jantar na minha casa. nao foi nada demais, foi como foi. nao tem drama, nao tem nada de chocante nem de triste. aí fico me perguntando como, em vez de tentar adicionar coeficiente de interessância onde nao existe, eu posso usar isso ao meu favor. posso aceitar o tédio como ferramenta. por que nao? afinal, isso aqui nao é fotorreportagem, é fotoficcao.










pra ler o work in progress #9.


11 comments:

Vaneça said...

As fotos me incomodavam antes, sabe? Antes de eu saber que refletem as personalidades dos fotografados. Depois que você disse que eles são apáticos e desinteressados, eu comecei a achar as fotos muito mais bonitas e reveladoras.

Vai ver é isso, deixar de procurar a magia, porque aí não tem magia. E encarar que o grande lance dessas fotos é mostrar a total falta de sentimentos na vida, com a qual a gente não tá acostumado, né?

Todo mundo sempre esperando um tsunami de emoções na arte, ainda mais em foto e essas aí são só a cruel realidade.

Acho válido tanto quanto as outras. E acho que o cabelo azul resolve tudo hahaha. (Ignorante, eu sei.)

Unknown said...

Como o blogger está assassinando meus comentários, não sei se você viu o que tinha escrito antes (basicamente,que a falta de conteúdo é dos seus personagens, não um problema das suas fotos)

Aí,então, bacana esse seu post. Talvez seja esse o caminho.

Nesse contexto, devo dizer que achei as 2 primeiras fotos engraçadas, pq me lembraram aqueles mugshots americanos, ainda mais com a camiseta cheia de letras, bem no limite inferior da foto

Alessandra A G said...

Oi, Ivi

Escrevi aqui só uma ou duas vezes, sei lá, apesar de ler seu blog há um tempão (preguiça braba de comentar, só leio o blog nos intervalos do trabalho rs). Mas hoje deu vontade de comentar de novo, porque fiquei chateada de ver que esse comentário anônimo mexeu tanto com você. Deixa pra lá, é só ler o que você escreve para perceber que não há nada de falso em você ou seu trabalho. Um dia quero contar um pouco da minha história, que tem a ver com muito do que você escreve, mas vejo que você está muito envolvida com esse trabalho agora e não gostaria de sair despejando carga emocional em ninguém que já está em meio a outras histórias. beijo.

Nanda said...

Oi, meu nome é Fernanda.
Ótima sacada, não q eu entenda de nada, mas achei maravilhoso como vc solucionou seu "problema". É, eu tenho acompanhado seu blog. Beijos.

vodca barata said...

eita sherazade, escreva quando quiser! talvez eu demore a resopnder, que sou demente, mas sempre leio e em algum tempo da vida respondo hahaha

vans, eu tb amo o cabelo azul, acho que sempre ajuda em dar uma graca nas fotos. mas o fato deles dois serem tao parecidos um com o outro e usarem sempre as mesmas roupas, me dao a impressao de que é como se eu tivesse feito todas as fotos no mermo dia hahahaha

beijos em todas

Alex Girão said...

Querida, eu acho que com eles tu nunca vai dar aquela gozada! Simplesmente pq tu foste para a cama com eles sem vontade! Tu querias uma mulher mas ela te rejeitou. E assim sempre será uma trepadinha meia boca!

É apenas uma brincadeira com as palavras mas que elucida o que tu passas.

Sempre sua fã

Alex de Lisboa.

Taís Bravo said...

Ivi, eles me parecem uma coisa meio estranhos no paraíso...não sei se já viu o filme, de repente ajuda nessa temática do tédio, hehe.
Tédio é uma coisa horrível (e importante) e difícil de expressar, eu acho. Acredito que cê vai fazer um trabalho bonito com isso.
Beijo

dildiu said...

quando vi isso achei que era tua vó!

http://noticias.lainformacion.com/arte-cultura-y-espectaculos/fotografia/los-consejos-sobre-internet-que-tu-abuela-tenia-que-haberte-dado_rPgJPr04U9LXldvyw70hW6/

R. said...

Ai, está vendo como você é? Muita paulada, sua ogra. Por isso você leva paulada de volta. Quem é muito agressiva sempre passa a imagem que pode aguentar tudo, por isso leva crítica assim na cara.

Mas vamos lá:
1.Desculpa pela forma como critiquei as últimas fotos.
2.Desculpa pela falta de respostas, mas a verdade é que eu não recebi nenhum email seu. Juro sem nem precisar jurar. Não foi descaso, nem tédio, nem covardia. Manda pra esse quando quiser, se quiser: renataramos123456@gmail.com
3.Desculpa pelo anonimato. Não faria diferença na real, você nunca me viu na vida e eu só te conheço por foto, qualquer nome aqui não faria diferença. Não sou anônima por covardia, mas por medo. Tenho uma péssima relação com a internet e qqer forma de exposição que ela me força. Não uso o anonimato pra xingar, eu raramente comento em algum blog, não uso nem redes sociais. É problema meu, não tem nd a ver com você. Não venho aqui te ofender, se falei aquilo sobre as fotos é porque sei, pelos seus outros trabalhos que vi, que você pode fazer bem melhor, e vc também sabe muito bem disso.

R. said...

Mais uma coisa.
Há uns meses atrás li o livro A Câmara Clara, do Barthes. Você deve conhecer, é um trabalho de um crítico literário francês muito famoso, e muito delicioso. Ele tem um jeito peculiar e extremamente poético de escrever, embora muitas vezes seja muito difícil compreendê-lo.

Barthes era muito ligado a sua mãe, e quando ela morreu ele entrou em um grande luto. Começou então a revirar as fotografias da mãe em busca dela. Ele conta no livro então que não conseguia encontrar a mãe em nenhuma fotografia dela, não conhecia reconhece-la nas fotos, achava-as vazias e falsas. Até que um dia ele encontra uma foto de sua mãe criança e então a reconhece. A diferença dessa foto para as outras era que, segundo ele, as outras eram papéis que traziam a sua identidade, mas não a sua verdade.

Quando vejo suas fotos deles eu sinto falta disso, de um reconhecimento. Eu não consigo reconhecer seus personagens, eu vejo a cara deles, os cabelos azuis, mas não sei quem são. Um dia um professor meu de história da arte disse que uma boa fotografia é aquela que consegue transmitir a sensação que o fotógrafo sente quando se depara com a cena real. É por isso que todas as minhas fotografias amadoras me decepcionam, poucas conseguem realmente trazer para o pequeno quadro que as limitam a sensação que me impulsionou a tentar capturá-las.

Então, quem são seus personagens reais? Não consigo saber. Pra mim são ainda pessoas num papel. Não acontece mesmo com a sua vó, eu reconheço ela, eu me demoro nela, penso, rodeio a figura dela.

Até o momento, a foto que mais gostei foi a dos dois sentados à mesa, um cortando algo, uma garrafa de coca na mesa. Tem ali alguma coisa. Tem um momento ali, um fragmento de algo maior, não é algo isolado, tem uma cena de um filme inteiro, um mise en scene completo. Nesse mesmo livro, o Barthes fala do punctum, que é aquilo na fotografia que puxa o nosso olhar, um ponto significante que funciona como uma lança, ele é inquietante, ele incomoda. Nessa sua foto da mesa o punctum pra mim é a mão que corta, o ângulo que ela faz ao pressionar a faca, o dedo que se estica procurando firmeza, o sorriso dele que se concentra no ato de cortar e no outro menino. É algo só dele, essa foto é cheia dele. Não é uma foto só feita de História, de contexto político, social, econômico. Ela tem algo ali que é só dela.

Se você não conhece esse livro, eu tenho ele em pdf.

Cecília Renz Martin said...

Oi, ivi, estamos intimas, né? rsrs

meu comentário anterior foi cheio de erros, mas este acho que vai de boa.

Então, eu me acho o máximo. Meu pai é publicitário, tem revista no RS, e eu sou colunista, vejo fotos, vejo fotográfos, vejo tudo. Vejo poucas pessoas que encantam. Te acompanho a um bom tempo. Vejo teu trabalho sendo comentando, explorado, visado, vejo você se deixando explorar, se deixando invadir por opiniões. Acho que você se acha também, mas se acha no mesmo achume que eu, um achar bom. Acho ainda, que você sabe o que quer, mas não encontrou uma linha a seguir, um genero a compor, na verdade, penso que a composição da sua trama está com lacunas profundas, você é cheia de vida, de alma, as tuas peças, eses objetos que tu escolheu para fotografar não possuem a mesma vivacidade que tu possui. Eles são inertes, tu os fotografa cheios de luz, quando os vejo nas fotos, e os imagino vivendo juntos, imagino apenas as luzes do sol entrando pelas janelas, nenhuma outra luz, eles nem devem ter lampada na casa deles, e se tiverem, é no banheiro (palpite), imagino que você esteja certa em tudo, projeto, pessoas, camera, foco, só não pensou na luz. Mas, acho que é só achar mesmo. Beijo me liga ;*