Monday, December 28, 2015
Friday, December 25, 2015
Thursday, December 24, 2015
Wednesday, December 23, 2015
Tuesday, December 22, 2015
canção para uma moça, de anne sexton
pedi pro poeta, capricorniano e querido amigo rafael mantovani para traduzir alguns dos seus poemas preferidos dos love poems, da nossa querida escorpiana anne sexton.
esse é o terceiro e último poema, espero que tenha gostado (muito) haha.
CANÇÃO PARA UMA MOÇA
No dia dos peitos e dos quadris pequenos
a janela salpicada de chuva podre,
chuva insistente feito um padre,
copulamos, com mais juízo e com menos.
Deitamos que nem colheres enquanto a chuva
sinistra caía feito moscas nos nossos lábios febris
e nossos olhos contentes e nossos pequenos quadris.
“O quarto está tão frio com essa chuva”, você disse
e você, você fêmea, com sua flor
rezou novenas para os meus tornozelos, cotovelos.
Você é um produto e uma potência nacional.
Ó meu cisne, rosa querida felpuda, minha serviçal,
até um tabelião autenticaria nosso colchão
enquanto você me amassa e eu cresço que nem pão.
SONG FOR A LADY
On the day of breasts and small hips
the window pocked with bad rain,
rain coming on like a minister,
we coupled, so sane and insane.
We lay like spoons while the sinister
rain dropped like flies on our lips
and our glad eyes and our small hips.
"The room is so cold with rain", you said
and you, feminine you, with your fiower
said novenas to my ankles and elbows.
You are a national product and power.
Oh my swan, my drudge, my dear wooly rose,
even a notary would notarize our bed
as you knead me and I rise like bread.
Monday, December 21, 2015
para o capitão do porto, de frank o'hara
Para o capitão do porto
Eu queria ter certeza que ia chegar até você;
mas apesar de meu barco estar a caminho, ele se enroscou
em alguns nós. Eu estou sempre atando nós
e depois decido ir embora. Em tempestades e
no pôr-do-sol, com as cordas metálicas das marés
cercando meus braços infinitos1, sou incapaz
de entender as feições da minha vaidade
ou sou o vento contrário com meu leme2 polonês
nas mãos, o sol se pondo. Para
você eu ofereço meu casco e o cordame esfarrapado
do meu desejo. Os estreitos terríveis pra onde
o vento me empurra contra os lábios marrons
dos juncos3 não estão todos no passado. Ainda assim
confio na sanidade mental do meu navio; e
se ele afundar, pode ser uma resposta
para a sensatez dessas vozes eternas,
as ondas que me impediram de te alcançar.
To the Harbormaster
I wanted to be sure to reach you;
though my ship was on the way it got caught
in some moorings. I am always tying up
and then deciding to depart. In storms and
at sunset, with the metallic coils of the tide
around my fathomless arms, I am unable
to understand the forms of my vanity
or I am hard alee with my Polish rudder
in my hand and the sun sinking. To
you I offer my hull and the tattered cordage
of my will. The terrible channels where
the wind drives me against the brown lips
of the reeds are not all behind me. Yet
I trust the sanity of my vessel; and
if it sinks, it may well be in answer
to the reasoning of the eternal voices,
the waves which have kept me from reaching you.
1. fathomless pode ser traduzido como impossível, insondável. eu acho que chamar braços de fathomless é um dos jeitos mais lindos de pensar o corpo, e apenas mostra o encantamento eterno de o'hara com esse tema. usei infinito, não é a tradução literal, mas achei bonito, aplicável.
2. li recentemente pequeno artigo sobre esse poema, no qual se diz que o'hara seria o mestre de ver o lado copo-cheio da vida. esse poema é sobre vontades, inspirado num romance impossível - um barco furado, como diríamos em hellcife. assim, acho muito lindo o uso da palavra rudder - que tanto é leme na terminologia náutica, como uma metáfora pra princípios, código de conduta.
3. fiquei noiando com isso: "the brown lips/of the reeds". reeds é junco, aquele mato que dá em rio. e os juncos têm aquela "flor" marrom fálica, que em nada se parecem com lábios. fiquei pensando em o'hara pensando na forma fálica do junco, e ele pensando em como montar a metáfora. é bem provável que eu esteja apenas viajando, e ele estava simplesmente chamando as coisas pelos nomes que elas têm pra ele. mas fico aqui inventando a cena em que ele diz "vou chamar essa parte marrom do junco de lábios". eu teria chamado de "aquela parte do junco que parece um pau".
outra coisa lindíssima é que algumas espécies de junco eram usadas na fabricação de papiro. aí você pensa no poeta pensando nessas coisas todas e não consegue mais dormir, achando que ele é um fado madrinho.
Saturday, December 19, 2015
texto lindo de pio
no icônica, sobre o TCC. ele publicou ontem e ainda vou precisar de uns três dias pra superá-lo. porra, pio.
sr. meu, de anne sexton
pedi pro poeta, capricorniano e querido amigo rafael mantovani para traduzir alguns dos seus poemas preferidos dos love poems, da nossa querida escorpiana anne sexton.
esse é o segundo dos três poemas que rafael traduziu pra gentch.
SR. MEU
Note como ele numerou as veias azuis
no meu peito. Tem dez sardas além disso.
Agora ele vira à esquerda. Agora à direita.
Está construindo uma cidade, uma cidade de carne.
Ele é um industrial. Passou fome em porões
e, senhoras e senhores, foi surrado por ferro,
pelo sangue, o metal, pelo triunfante
ferro da morte da mãe dele. Mas ele recomeça.
Agora me constrói. A cidade o consome.
Da glória das tábuas ele me ergueu.
Do milagre do concreto ele me moldou.
Me deu seiscentas placas de rua.
Da vez em que eu estava dançando ele construiu um museu.
Construiu dez quarteirões quando me virei na cama.
Construiu um viaduto quando eu fui embora.
Dei flores e ele construiu um aeroporto.
Distribuiu como semáforos pirulitos vermelhos e
verdes. Mas no coração sou cuidado crianças brincando.
MR. MINE
Notice how he has numbered the blue veins
in my breast. Moreover there are ten freckles.
Now he goes left. Now he goes right.
He is building a city, a city of flesh.
He's an industrialist. He has starved in cellars
and, ladies and gentlemen, he's been broken by iron,
by the blood, by the metal, by the triumphant
iron of his mother's death. But he begins again.
Now he constructs me. He is consumed by the city.
From the glory of words he has built me up.
From the wonder of concrete he has molded me.
He has given me six hundred street signs.
The time I was dancing he built a museum.
He built ten blocks when I moved on the bed.
He constructed an overpass when I left.
I gave him flowers and he built an airport.
For traffic lights he handed at red and green
lollipops. Yet in my heart I am go children slow.
esse é o segundo dos três poemas que rafael traduziu pra gentch.
SR. MEU
Note como ele numerou as veias azuis
no meu peito. Tem dez sardas além disso.
Agora ele vira à esquerda. Agora à direita.
Está construindo uma cidade, uma cidade de carne.
Ele é um industrial. Passou fome em porões
e, senhoras e senhores, foi surrado por ferro,
pelo sangue, o metal, pelo triunfante
ferro da morte da mãe dele. Mas ele recomeça.
Agora me constrói. A cidade o consome.
Da glória das tábuas ele me ergueu.
Do milagre do concreto ele me moldou.
Me deu seiscentas placas de rua.
Da vez em que eu estava dançando ele construiu um museu.
Construiu dez quarteirões quando me virei na cama.
Construiu um viaduto quando eu fui embora.
Dei flores e ele construiu um aeroporto.
Distribuiu como semáforos pirulitos vermelhos e
verdes. Mas no coração sou cuidado crianças brincando.
MR. MINE
Notice how he has numbered the blue veins
in my breast. Moreover there are ten freckles.
Now he goes left. Now he goes right.
He is building a city, a city of flesh.
He's an industrialist. He has starved in cellars
and, ladies and gentlemen, he's been broken by iron,
by the blood, by the metal, by the triumphant
iron of his mother's death. But he begins again.
Now he constructs me. He is consumed by the city.
From the glory of words he has built me up.
From the wonder of concrete he has molded me.
He has given me six hundred street signs.
The time I was dancing he built a museum.
He built ten blocks when I moved on the bed.
He constructed an overpass when I left.
I gave him flowers and he built an airport.
For traffic lights he handed at red and green
lollipops. Yet in my heart I am go children slow.
Friday, December 18, 2015
Thursday, December 17, 2015
os cadernos de adelaide
esse é meu post ana maria braga, apenas queria mostrar minhas habilidades encadernativas. óbrégada pela oportunidade
essa foto foi clarissa que tirou quando
o caderninho chegou na casa dela em
amsterdão (e a foto do casal atrás eu que
fiz no berlimbo)
Wednesday, December 16, 2015
nós, de anne sexton, por rafael mantovani
pedi pro poeta, capricorniano e querido amigo rafael mantovani para traduzir alguns dos seus poemas preferidos dos love poems, da nossa querida escorpiana anne sexton.
a gente começa com "nós", essa coisa lindíssima. um presente de rafael pro nosso deleite, uma tradução calvin klein, simples e certeira. agradeçam!
NÓS
Eu estava embrulhada em peles
pretas e peles brancas e
você desembrulhou e então
me colocou na luz dourada
e então me pôs a coroa,
enquanto nevava lá fora
em dardos diagonais.
Enquanto uma neve de vinte
e cinco centímetros descia como estrelas
em pequenos fragmentos de cálcio,
estávamos nos nossos próprios corpos
(esse quarto que vai nos enterrar)
e você estava no meu corpo
(esse quarto que vai existir depois de nós)
e primeiro sequei os seus
pés com uma toalha
porque eu era sua escrava
e então você me chamou de princesa.
Princesa!
Ah então
me levantei na minha pele dourada
e derrubei os salmos
e derrubei as roupas
e você desatou a brida
e desatou as rédeas
e eu desatei os botões,
os ossos, as confusões,
os cartões-postais de New England,
a noite de janeiro às dez da noite,
e nos erguemos feito trigo,
acres e mais acres de ouro,
e nós colhemos,
colhemos.
US
I was wrapped in black
fur and white fur and
you undid me and then
you placed me in gold light
and then you crowned me,
while snow fell outside
the door in diagonal darts.
While a ten-inch snow
came down like stars
in small calcium fragments,
we were in our own bodies
(that room that will bury us)
and you were in my body
(that room that will outlive us)
and at first I rubbed your
feet dry with a towel
because I was your slave
and then you called me princess.
Princess!
Oh then
I stood up in my gold skin
and I beat down the psalms
and I beat down the clothes
and you undid the bridle
and you undid the reins
and I undid the buttons,
the bones, the confusions,
the New England postcards,
the January ten o'clock night,
and we rose up like wheat,
acre after acre of gold,
and we harvested,
we harvested.
a gente começa com "nós", essa coisa lindíssima. um presente de rafael pro nosso deleite, uma tradução calvin klein, simples e certeira. agradeçam!
NÓS
Eu estava embrulhada em peles
pretas e peles brancas e
você desembrulhou e então
me colocou na luz dourada
e então me pôs a coroa,
enquanto nevava lá fora
em dardos diagonais.
Enquanto uma neve de vinte
e cinco centímetros descia como estrelas
em pequenos fragmentos de cálcio,
estávamos nos nossos próprios corpos
(esse quarto que vai nos enterrar)
e você estava no meu corpo
(esse quarto que vai existir depois de nós)
e primeiro sequei os seus
pés com uma toalha
porque eu era sua escrava
e então você me chamou de princesa.
Princesa!
Ah então
me levantei na minha pele dourada
e derrubei os salmos
e derrubei as roupas
e você desatou a brida
e desatou as rédeas
e eu desatei os botões,
os ossos, as confusões,
os cartões-postais de New England,
a noite de janeiro às dez da noite,
e nos erguemos feito trigo,
acres e mais acres de ouro,
e nós colhemos,
colhemos.
US
I was wrapped in black
fur and white fur and
you undid me and then
you placed me in gold light
and then you crowned me,
while snow fell outside
the door in diagonal darts.
While a ten-inch snow
came down like stars
in small calcium fragments,
we were in our own bodies
(that room that will bury us)
and you were in my body
(that room that will outlive us)
and at first I rubbed your
feet dry with a towel
because I was your slave
and then you called me princess.
Princess!
Oh then
I stood up in my gold skin
and I beat down the psalms
and I beat down the clothes
and you undid the bridle
and you undid the reins
and I undid the buttons,
the bones, the confusions,
the New England postcards,
the January ten o'clock night,
and we rose up like wheat,
acre after acre of gold,
and we harvested,
we harvested.
Tuesday, December 15, 2015
sete fotos
dani arrais me pediu para mostrar minhas fotos preferidas pra #galeriadonttouch do blog dela. como já escrevi lá, a lista não é a pequena lista dos melhores trabalhos do mundo, é apenas um lembrete dos trabalhos mais importantes na minha formação. para ver todas, vai lá no don't touch my moleskine.
alessandra sanguinetti
Monday, December 14, 2015
selfie no hospital
será que é alergia ao golpe?
a temer?
a eduardo cunhão?
alckmin?
samarco?
ao vinho desperdiçado na cara de serra?
Sunday, December 13, 2015
peidos volant, bosta manent
já que temer não sabe nem escrever carta nem poesia, vamos dar voz a quem realmente tem algo a dizer hoje, 13 de dezembro. hoje, aniversário do ato institucional número 5. hoje, justamente hoje, acontecem novas passeatas pró-impeachment. não me venham falar de coincidência. mas seja lá o que eles tenham, a gente tem a vida.
Saturday, December 12, 2015
hoje, no rio de janeiro
a exposição {livros possíveis} abre hoje, no ateliê da imagem, no rio! a mostra "apresenta um panorama heterogêneo da produção contemporânea de fotolivros" com publicações de 24 autores de brasil, EUA, japão, alemanha, espanha, dinamarca, venezuela, méxico e portugal.
eu participo da expo com "autotomy (...)", o que de fato me deixa bem feliz, já que as duas edições do livro estão esgotadas. pelo menos assim mais gente pode ver esse trabalho sem ter que pagar um tostão ;)
eu participo da expo com "autotomy (...)", o que de fato me deixa bem feliz, já que as duas edições do livro estão esgotadas. pelo menos assim mais gente pode ver esse trabalho sem ter que pagar um tostão ;)
o ateliê da imagem fica na av. pasteur, 453, na urca e a expo vai até 13 de fevereiro. todxs convidadxs.
Friday, December 11, 2015
Thursday, December 10, 2015
M.I.A em "borders"
seus privilégio, porré essa?
não consigo entender esse vídeo. não sei se é bom ou se é uma farsa. não sei se pegar uma situação de violação dos direitos humanos (a crise ds refugiados) e criar imagens que parecem anúncio da nike é perverso ou maravilhoso.
eu não sei como entender esse vídeo. tudo o que em mim se apaixonou por ele é frágil, e o que me faz ter ódio desse vídeo tampouco é forte o suficiente.
cadê adorno e seus bróder pra ajudar a gente a entender? porra.
Wednesday, December 09, 2015
Tuesday, December 08, 2015
Monday, December 07, 2015
marisa paredes e cindy sherman
marisa paredes em "a flor do meu segredo",
1995, de almodóvar
cindy sherman, da série
Untitled Film Still #58, 1980
Untitled Film Still #58, 1980
Wednesday, December 02, 2015
breve história da polícia militar brasileira
minhas amigas paula faraco e carol almeida compartilharam no facebook os dizeres de uma pessoa chamada luiz antonio simas (a quem agradeço de coração pela simplicidade da explicação):
Não sou especialista em questões de segurança, longe disso, mas minha formação é em História. A ela recorro. A polícia militar foi criada por D. João, no início do século XIX. Me parece ser impossível falar dela sem considerar o contexto em que a revolução dos pretos do Haiti apavorava, pelo poder de inspirar movimentos similares, as elites do Brasil. A função original da polícia era, não nos enganemos com os discursos oficiais, basicamente, defender a propriedade e as camadas dirigentes contra as "gentes perigosas e de cor". Tal fato me faz crer que, em pouco mais de duzentos anos, a PM carioca é uma das instituições mais bem sucedidas do Brasil. Sou dos que acham, portanto, que não adianta dotar esta polícia de um suposto "perfil cidadão", ensinado em algumas aulas mequetrefes, e ponto. O buraco é muito mais embaixo. A PM foi criada para matar. Alguém conhece aí a fábula da natureza do escorpião? Pois é. A PM é, historicamente, uma UPP permanente: Unidade de Pancada em Pobre/Preto. Não sou otimista. Há, evidentemente, policiais do bem, mas a missão que justifica a corporação, inscrita em sua história, é essa: defender o status quo contra as ameaças a ele, fundamentando essa defesa no monopólio da violência, prioritariamente voltada contra os mesmos pretos e pobres dos tempos do rei. A única solução para a PM (com uma soldadesca de maioria pobre e preta, como a gritar que somos um país de complexidades escancaradas) é a extinção/refundação ou coisa do tipo. Como fazer isso? Não sei; mas é necessário. A discussão sobre o que deu errado na polícia parte de um pressuposto equivocado. O problema da PM não é ter dado errado. É ter dado certo.
Não sou especialista em questões de segurança, longe disso, mas minha formação é em História. A ela recorro. A polícia militar foi criada por D. João, no início do século XIX. Me parece ser impossível falar dela sem considerar o contexto em que a revolução dos pretos do Haiti apavorava, pelo poder de inspirar movimentos similares, as elites do Brasil. A função original da polícia era, não nos enganemos com os discursos oficiais, basicamente, defender a propriedade e as camadas dirigentes contra as "gentes perigosas e de cor". Tal fato me faz crer que, em pouco mais de duzentos anos, a PM carioca é uma das instituições mais bem sucedidas do Brasil. Sou dos que acham, portanto, que não adianta dotar esta polícia de um suposto "perfil cidadão", ensinado em algumas aulas mequetrefes, e ponto. O buraco é muito mais embaixo. A PM foi criada para matar. Alguém conhece aí a fábula da natureza do escorpião? Pois é. A PM é, historicamente, uma UPP permanente: Unidade de Pancada em Pobre/Preto. Não sou otimista. Há, evidentemente, policiais do bem, mas a missão que justifica a corporação, inscrita em sua história, é essa: defender o status quo contra as ameaças a ele, fundamentando essa defesa no monopólio da violência, prioritariamente voltada contra os mesmos pretos e pobres dos tempos do rei. A única solução para a PM (com uma soldadesca de maioria pobre e preta, como a gritar que somos um país de complexidades escancaradas) é a extinção/refundação ou coisa do tipo. Como fazer isso? Não sei; mas é necessário. A discussão sobre o que deu errado na polícia parte de um pressuposto equivocado. O problema da PM não é ter dado errado. É ter dado certo.
em são paulo
©fernando sato/jornalistas livres
©fernando sato/jornalistas livres
ps: a foto acima foi publicada por todo lado no face sem menção a seu autor, se alguém souber, por favor me avisa.
no rio
Cop Homicide in Brazil
Five young black men were killed in Rio de Janeiro in what seems to have been a botched police operation.
Posted by AJ+ on Tuesday, 1 December 2015
Friday, November 27, 2015
sophie calle disse que ela mesma ia sei lá, confundir todo mundo?
numa palestra na uni de artes da california, sophie calle diz uma frase de efeito astrás da outra. mas é a partir do 1:11:44 que ela me deixa particularmente louca, quando começa a explicar a realização do filme no sex last night. aqui a aula inteira:
e aqui um trecho do filme:
ps: dias 11 e 12 de dezembro, eu e jéssica mangaba vamos promover um workshop em são paulo - "mrs. dalloway disse que ela mesma ia comprar as flores" - sobre representação e auto-representação do feminino nas artes contemporâneas. ainda algumas tem vagas e a gente tá interessado em todas as pessoas. para saber mais, clica aqui http://mrsdallowaydisse.tumblr.com/
"i was in love with man that didn't love me. as usual. because this is what i like"
"he wanted to make movies and i wanted to marry him".
"i married him because i was in love, he married me because he thought i would add climax to the movie".
e aqui um trecho do filme:
ps: dias 11 e 12 de dezembro, eu e jéssica mangaba vamos promover um workshop em são paulo - "mrs. dalloway disse que ela mesma ia comprar as flores" - sobre representação e auto-representação do feminino nas artes contemporâneas. ainda algumas tem vagas e a gente tá interessado em todas as pessoas. para saber mais, clica aqui http://mrsdallowaydisse.tumblr.com/
Thursday, November 26, 2015
Monday, November 23, 2015
últimas vagas última semana
ainda tem 500 vagas pro nosso WS "mrs. dalloway disse que ela mesma ia comprar as flores" e quem fizer as inscrições até o dia 30 de novembro ganha um bloquinho de anotações costuradinho à mão por esta que vos escreve.
frente do bloquin da ingrid
verso do bloquin de todxs
Saturday, November 21, 2015
leia golgona anghel
recebi, junto com a edição portuguesa do livro novo de ricardo, duas bombas atômicas em casa.
a primeira delas, "vim porque me pagavam", é um livro da autora romena radicada em lisboa golgona anghel. golgona faz um uso loucão da língua portuguesa, criando umas imagens intensas, que misturam situações surreais com outras possíveis, quase clichês da vidinha adulta - e esse jogo entre o improvável e o cotidiano provocam uma empatia imediata. a linguagem de golgona não é uma empoeirada, pelo contrário, e é alucinógena mas é fresca; é fresca mas é asmática; é feminina mas não é.
eu vou copiar aqui na íntegra meu poema preferido (hoje) do livro, mas já adianto que assim deixo de fora outras coisa talvez tão ou mais maravilhosas. recomendo MUITO MUITO MUITO o livro inteiro, que pode ser encomendado no site da editora mariposa azual.
Quando me chamaram, temia o pior,
porque eu sei que,
mesmo habitando a cidade dos imortais,
há um rio algures que nos devolve a mortalidade
e tenho pena
que me tenha calhado beber dessas águas
ainda que seja claro que,
até no melhor dos mundos possíveis,
é necessário atravessar a nado a onda
do deserto do Arizona,
sofrer de peste num fragmento de Boccaccio,
demorar séculos em todas as declinações do passado
para depois poder chegar ao fim da noite
como quem volta a casa.
Queria eu própria fantasiar esse regresso
mas só pode voltar quem já partiu
e eu continuo aqui
tão lenta como um processo de recurso,
embora contente por ainda conseguir ler estas palavras ao
contrário - é por isso que estão a rir? -
apesar de saber que talvez, sim, lhes falte alguma acção
embora já não me impressionem os estrondos
nem as odes.
Paro por isso, por um segundo.
Olho-vos de frente, outra vez,
e, sem poder regressar,
começo a contar as vítimas.
O meu corpo foi sempre um campo de batalha.
Passaram tantos soldados por aqui,
mas a revolução ficará sempre sem futuro.
(ATENÇÃO: TODOS OS GRIFOS SÃO MEUS!)
e uma vocalização de "no segundo caso", cujos versos finais me deixam especialmente macambúzia, mas que são tão lindos:
(um presente pra schneider)
a primeira delas, "vim porque me pagavam", é um livro da autora romena radicada em lisboa golgona anghel. golgona faz um uso loucão da língua portuguesa, criando umas imagens intensas, que misturam situações surreais com outras possíveis, quase clichês da vidinha adulta - e esse jogo entre o improvável e o cotidiano provocam uma empatia imediata. a linguagem de golgona não é uma empoeirada, pelo contrário, e é alucinógena mas é fresca; é fresca mas é asmática; é feminina mas não é.
eu vou copiar aqui na íntegra meu poema preferido (hoje) do livro, mas já adianto que assim deixo de fora outras coisa talvez tão ou mais maravilhosas. recomendo MUITO MUITO MUITO o livro inteiro, que pode ser encomendado no site da editora mariposa azual.
Quando me chamaram, temia o pior,
porque eu sei que,
mesmo habitando a cidade dos imortais,
há um rio algures que nos devolve a mortalidade
e tenho pena
que me tenha calhado beber dessas águas
ainda que seja claro que,
até no melhor dos mundos possíveis,
é necessário atravessar a nado a onda
do deserto do Arizona,
sofrer de peste num fragmento de Boccaccio,
demorar séculos em todas as declinações do passado
para depois poder chegar ao fim da noite
como quem volta a casa.
Queria eu própria fantasiar esse regresso
mas só pode voltar quem já partiu
e eu continuo aqui
tão lenta como um processo de recurso,
embora contente por ainda conseguir ler estas palavras ao
contrário - é por isso que estão a rir? -
apesar de saber que talvez, sim, lhes falte alguma acção
embora já não me impressionem os estrondos
nem as odes.
Paro por isso, por um segundo.
Olho-vos de frente, outra vez,
e, sem poder regressar,
começo a contar as vítimas.
O meu corpo foi sempre um campo de batalha.
Passaram tantos soldados por aqui,
mas a revolução ficará sempre sem futuro.
(ATENÇÃO: TODOS OS GRIFOS SÃO MEUS!)
e uma vocalização de "no segundo caso", cujos versos finais me deixam especialmente macambúzia, mas que são tão lindos:
(um presente pra schneider)
Friday, November 20, 2015
your + 1
texto meu publicado pela primeira vez nas alemanha, com tradução do legendário manuel wetscher, vai pra gráfica semana que vem. a coletânea "Your + 1: some Berlin-based international writing" sai pela editora gully havoc e a impressão está sendo financiada através das pré-vendas do livro!
o projeto gráfico é de tobias faisst e sophie schiewe, com ilustrações de seb holl-trieu. a quem interessar possa, clica aqui.
o projeto gráfico é de tobias faisst e sophie schiewe, com ilustrações de seb holl-trieu. a quem interessar possa, clica aqui.
tem as amiga ricardo domeneck,
william zeytonlian e érica zíngano,
e muitos outros - como o maravilhoso black cracker. e eu
na página 38, equivalente à minha idade.
Wednesday, November 18, 2015
mrs. dalloway disse #6
ru paul disse que ela ia dizer uma verdade do caralho atrás da outra!
Monday, November 16, 2015
Saturday, November 14, 2015
o telefonema
o telefone não tocou o dia inteiro
hoje ninguém lembrou de mim
ainda estou no meu corpo e isso
é uma sorte mas às vezes já
foi azar hoje o telefone não tocou
o dia inteiro mas teve gente que
acordou e já não tinha mais
corpo algum um pangaré
nascido em minas hoje já
deve ter chegado em santo
espírito às terras capixabas e
atrás de portas que não se abriram
em paris há uma centena
de mortos tão-somente
corpos meu telefone não
tocou o dia inteiro mas o
de georg tocou e era eu
"você está vivo?" "não sei"
eu nunca liguei pra ninguém
pra perguntar isso além da
costumeira ligação "oi,
sumido" que a gente faz quando
tem vontade de transar e finge
que a pessoa morreu um pouquinho
porque sumiu e as fazemos
ressuscitar para que possam
nos comer (se tudo der certo)
georg não morreu meu deus
mas outros tantos sim e outros
tantos antes dele em outros lugares
cavalos também morreram e eu
só penso em georg o corpo de
georg está em paris georg
não morrer não significa
seguir vivo.
o filho de lígia morreu
no méxico faz uma semana
mataram um rio no brasil
meu telefone não tocou
o dia inteiro ninguém lembrou
de mim tenho vergonha de
ter escrito esse poema mas
mesmo assim vou publicá-lo
e outros morrerão e outros
não e meu telefone
às vezes tocará.
hoje ninguém lembrou de mim
ainda estou no meu corpo e isso
é uma sorte mas às vezes já
foi azar hoje o telefone não tocou
o dia inteiro mas teve gente que
acordou e já não tinha mais
corpo algum um pangaré
nascido em minas hoje já
deve ter chegado em santo
espírito às terras capixabas e
atrás de portas que não se abriram
em paris há uma centena
de mortos tão-somente
corpos meu telefone não
tocou o dia inteiro mas o
de georg tocou e era eu
"você está vivo?" "não sei"
eu nunca liguei pra ninguém
pra perguntar isso além da
costumeira ligação "oi,
sumido" que a gente faz quando
tem vontade de transar e finge
que a pessoa morreu um pouquinho
porque sumiu e as fazemos
ressuscitar para que possam
nos comer (se tudo der certo)
georg não morreu meu deus
mas outros tantos sim e outros
tantos antes dele em outros lugares
cavalos também morreram e eu
só penso em georg o corpo de
georg está em paris georg
não morrer não significa
seguir vivo.
o filho de lígia morreu
no méxico faz uma semana
mataram um rio no brasil
meu telefone não tocou
o dia inteiro ninguém lembrou
de mim tenho vergonha de
ter escrito esse poema mas
mesmo assim vou publicá-lo
e outros morrerão e outros
não e meu telefone
às vezes tocará.
Friday, November 13, 2015
mrs. dalloway disse #5
jéssica disse que ela mesma ia ser musa inspiradora da amigadelaide
(na revista cesárea #3, de maio de 2015)
(na revista cesárea #3, de maio de 2015)
dias 11 e 12 de dezembro, eu e jéssica mangaba vamos promover um workshop em são paulo - "mrs. dalloway disse que ela mesma ia comprar as flores" - sobre representação e auto-representação do feminino nas artes contemporâneas. ainda algumas tem vagas e a gente tá interessado em todas as pessoas. para saber mais, clica aqui http://mrsdallowaydisse.tumblr.com/
Wednesday, November 11, 2015
mrs. dalloway disse #4
adelaide disse que ela merma ia tirar um
trabalho com 10 anos de vida da gaveta
só por causa desse WS (que aliás começa
daqui a um mês!)
trabalho com 10 anos de vida da gaveta
só por causa desse WS (que aliás começa
daqui a um mês!)
dias 11 e 12 de dezembro, eu e jéssica mangaba vamos promover um workshop em são paulo - "mrs. dalloway disse que ela mesma ia comprar as flores" - sobre representação e auto-representação do feminino nas artes contemporâneas. ainda algumas tem vagas e a gente tá interessado em todas as pessoas. para saber mais, clica aqui http://mrsdallowaydisse.tumblr.com/
Tuesday, November 10, 2015
mrs. dalloway disse #3
gena rowlands disse que ela mesma ia ser a maior atriz do mundo
(ai queria uma legenda menos histérica mas com gena não consigo)
(ai queria uma legenda menos histérica mas com gena não consigo)
dias 11 e 12 de dezembro, eu e jéssica mangaba vamos promover um workshop em são paulo - "mrs. dalloway disse que ela mesma ia comprar as flores" - sobre representação e auto-representação do feminino nas artes contemporâneas. ainda algumas tem vagas e a gente tá interessado em todas as pessoas. para saber mais, clica aqui http://mrsdallowaydisse.tumblr.com/
Monday, November 09, 2015
Saturday, November 07, 2015
mrs. dalloway disse #2
svetlana alexiyevich disse que ela mesma ia falar de guerra
e que ela mesma ia ganhar o nobel
dias 11 e 12 de dezembro, eu e jéssica mangaba vamos promover um workshop em são paulo - "mrs. dalloway disse que ela mesma ia comprar as flores" - sobre representação e auto-representação do feminino nas artes contemporâneas. ainda algumas tem vagas e a gente tá interessado em todas as pessoas. para saber mais, clica aqui http://mrsdallowaydisse.tumblr.com/
Thursday, November 05, 2015
mrs. dalloway disse #1
billie zangewa disse que ela mesma ia ser vênus
(the rebirth of the black venus, 2010)
(the rebirth of the black venus, 2010)
dias 11 e 12 de dezembro, eu e jéssica mangaba vamos promover um workshop em são paulo - "mrs. dalloway disse que ela mesma ia comprar as flores" - sobre representação e auto-representação do feminino nas artes contemporâneas. ainda algumas tem vagas e a gente tá interessado em todas as pessoas. para saber mais, clica aqui http://mrsdallowaydisse.tumblr.com/
Wednesday, November 04, 2015
medir com as próprias mãos o livro
a versão portuguesa do livro de ricardo domeneck, "medir com as próprias mãos a febre" (mariposa azual), já está nas minhas próprias mãos!!!!
(ainda preciso escrever sobre o livro aqui - que é foda-, por enquanto vocês com essa linda foto do meu picumã assanhado).
ps: dias 11 e 12 de dezembro, eu e jéssica mangaba vamos promover um workshop em são paulo - "mrs. dalloway disse que ela mesma ia comprar as flores" - sobre representação e auto-representação do feminino nas artes contemporâneas. ainda algumas tem vagas e a gente tá interessado em todas as pessoas. para saber mais, clica aqui http://mrsdallowaydisse.tumblr.com/
aeeeeee
(ainda preciso escrever sobre o livro aqui - que é foda-, por enquanto vocês com essa linda foto do meu picumã assanhado).
ps: dias 11 e 12 de dezembro, eu e jéssica mangaba vamos promover um workshop em são paulo - "mrs. dalloway disse que ela mesma ia comprar as flores" - sobre representação e auto-representação do feminino nas artes contemporâneas. ainda algumas tem vagas e a gente tá interessado em todas as pessoas. para saber mais, clica aqui http://mrsdallowaydisse.tumblr.com/
Tuesday, November 03, 2015
mrs. dalloway disse
tanta aconteceu nesse mês. PL 5069, #primeiroassedio, madonna e sean (haha). tem gente até chamando esses tempos de "primavera das mulheres". sei não. sou meio desconfiada com essas denominações de farmácia, mas néam. é nóis.
para saber mais, ou para ajudar a gente na divulgação (hashtag eternamente gratas), clica aqui: http://mrsdallowaydisse.tumblr.com/
gloria steinem disse que ela mesma ia falar sobre aborto
enfim, por causa de tanta vida não falei mais do "workshop" que eu e jéssica vamos dar em são paulo dias 11 e 12 de dezembro e queria lembrar vocês e convidar vocês. ainda tem algumas vagas! vai ser muito lindo, eu acho. todo dia montando esse WS eu aprendo uma coisa nova, foda. eu fico tão emocionada hahahaha
para saber mais, ou para ajudar a gente na divulgação (hashtag eternamente gratas), clica aqui: http://mrsdallowaydisse.tumblr.com/
Monday, November 02, 2015
aquele dia, de anne sexton
Aquele dia
Essa é a mesa à qual me sento
e essa é a mesa onde te amo bem muito
essa diante de mim é a máquina de escrever, posta
onde ainda ontem estava posto teu corpo
com seus ombros curvados como os de um microscopista,
com sua língua de rei baixando decretos,
com sua língua de gato bebendo leite,
com sua língua – e nós dois enrolados nela, escorregadia.
Isso foi ontem, aquele dia.
Aquele foi o dia da tua língua,
tua língua que sai de teus lábios,
dois viajantes, metade animal, metade pássaro
enjaulados no teu átrio direito.
Aquele foi o dia que segui as regras do rei,
correndo pelas tuas veias, as vermelhas e as azuis,
descendo minhas mãos pela tua espinha dorsal, rápida como um
[paramédico,
até entre as tuas pernas, onde se apresenta tua sabedoria interior,
onde se escondem minas de diamantes, urgentes,
mais surpreendentes que cidades reconstruidas.
Em segundos está erguido, o monumento.
O sangue, ainda que líquido, faz a torre.
As pessoas deviam se juntar para admirar essa construção.
Já que por um milagre elas jogam confete e esperam em filas.
Certamente a imprensa aparecerá, em busca de uma manchete.
Certamente alguém estará na calçada segurando um cartaz.
Se constroem uma ponte, o prefeito não vai lá cortar a faixa?
Se em Belém nasce uma estrela, não aparecem reis com presentes?
Ontem foi o dia em que eu trouxe presentes para o teu presente
e vim de longe para te encontrar na calçada.
Isso foi ontem, aquele dia.
Aquele foi o dia do teu rosto,
tua cara depois de transar, no travesseiro: uma canção de ninar.
Meio dormindo ao meu lado, deixando aquele relógio velho parar,
nossa respiração virou uma, juntas viraram uma respiração infantil,
enquanto eu desenhava bolinhas nos teus olhos,
enquanto eu desenhava risinhos na tua boca,
enquanto eu desenhava TE AMO no teu peito, no coração batendo,
e cochichei “acorda!” e tu murmuraste qualquer coisa:
“sssssh estamos dirigindo até a praia. Atravessamos uma
ponte. Passamos pela orla”. Praia!
Então em teus sonhos eu te entendi e orei pelo dia
em que eu seria a terra e tu as raízes
e eu carregaria teu fruto, carregaria
a ti ou a teu fantasma na minha horta interior.
Ontem eu não queria me deixar levar
mas é só a máquina de escrever que está na minha frente
e ontem é onde o amor está.
That Day
This is the desk I sit at
and this is the desk where I love you too much
and this is the typewriter that sits before me
where yesterday only your body sat before me
with its shoulders gathered in like a Greek chorus,
with its tongue like a king making up rules as he goes,
with its tongue quite openly like a cat lapping milk,
with its tongue - both of us coiled in its slippery life.
That was yesterday, that day.
That was the day of your tongue,
your tongue that came from your lips,
two openers, half animals, half birds
caught in the doorway of your heart.
That was the day I followed the king's rules,
passing by your red veins and your blue veins,
my hands down the backbone, down quick like a firepole,
hands between legs where you display your inner knowledge,
where diamond mines are buried and come forth to bury,
come forth more sudden than some reconstructed city.
It is complete within seconds, that monument.
The blood runs underground yet brings forth a tower.
A multitude should gather for such an edifice.
For a miracle one stands in line and throws confetti.
Surely The Press is here looking for headlines.
Surely someone should carry a banner on the sidewalk.
If a bridge is constructed doesn't the mayor cut a ribbon?
If a phenomenon arrives shouldn't the Magi come bearing gifts?
Yesterday was the day I bore gifts for your gift
and came from the valley to meet you on the pavement.
That was yesterday, that day.
That was the day of your face,
your face after love, close to the pillow, a lullaby.
Half asleep beside me letting the old fashioned rocker stop,
our breath became one, became a child-breath together,
while my fingers drew little o's on your shut eyes,
while my fingers drew little smiles on your mouth,
while I drew I LOVE YOU on your chest and its drummer
and whispered, 'Wake up!' and you mumbled in your sleep,
'Sh. We're driving to Cape Cod. We're heading for the Bourne
Bridge. We're circling the Bourne Circle.' Bourne!
Then I knew you in your dream and prayed of our time
that I would be pierced and you would take root in me
and that I might bring forth your born, might bear
the you or the ghost of you in my little household.
Yesterday I did not want to be borrowed
but this is the typewriter that sits before me
and love is where yesterday is at.
eu gosto muito desse poema, sinto ele como sendo muito "meu", por isso tomei a ousadia de fazer uma tradução ainda mais traidora que as anteriores. traidora no sentido semântico das palavras, ignorando o 'significado' no original.
anne gostava de umas pieguices (quem nunca?) das quais eu tento escapar (já falei isso antes, i know), se posso. sem mudar muito a ideia do poema, mas propondo novas imagens. por exemplo a forma metafórica que ela usa heart que, na tradução, eu transformei literalmente no órgão que pulsa o sangue ("enjaulados no teu átrio direito"). é e não é a mesma coisa, mas funcionou bem, já que mais para frente ela fala de veias e depois, de sangue.
é bonito ver que o traduzir é vivo e à medida que você avança versos afora, acaba voltando pra outros anteriores e depois seguindo em frente. por exemplo: exatamente por ter dado a heart um caráter fisiológico, acabei "des-traduzindo" o que antes tinha traduzido como "bombeiro" (quando ela fala "my hands down the backbone, down quick like a firepole") e passei para "paramédico" e voltei para a primeira estrofe para fazer de "Greek chorus" "microscopista" (tô ligada, não tem nada a ver).
outro motivo de eu ter especial respeito por esse poema é porque ela traça esse paralelo insolente entre vida e obra. sexo e trabalho.
para mim não está muito claro sobre quem exatamente ela fala nesse poema. algumas interpretações apontam para o marido de anne, kayo, e "aquele dia" seria um dia muito tempo atrás em que o casal casado era feliz. quando ela diz, no antepenúltimo verso, "Yesterday I did not want to be borrowed" seria uma alusão que ontem ela não queria ter transado com o outro.
outras análises dizem que o texto foi sobre algum dos vários amantes escritores que ela teve (que com anne também "compartilhariam" a escrivaninha). eu não sei. nem sei se importa muito, porque o sujeito do poema é menos o amante/marido e mais o ato mesmo de escrever o poema, ou onde se (ins)escreve o poema.
por fim, particularmente me move a homenagem que ela faz ao pau e à ereção. lindo demais.
Essa é a mesa à qual me sento
e essa é a mesa onde te amo bem muito
essa diante de mim é a máquina de escrever, posta
onde ainda ontem estava posto teu corpo
com seus ombros curvados como os de um microscopista,
com sua língua de rei baixando decretos,
com sua língua de gato bebendo leite,
com sua língua – e nós dois enrolados nela, escorregadia.
Isso foi ontem, aquele dia.
Aquele foi o dia da tua língua,
tua língua que sai de teus lábios,
dois viajantes, metade animal, metade pássaro
enjaulados no teu átrio direito.
Aquele foi o dia que segui as regras do rei,
correndo pelas tuas veias, as vermelhas e as azuis,
descendo minhas mãos pela tua espinha dorsal, rápida como um
[paramédico,
até entre as tuas pernas, onde se apresenta tua sabedoria interior,
onde se escondem minas de diamantes, urgentes,
mais surpreendentes que cidades reconstruidas.
Em segundos está erguido, o monumento.
O sangue, ainda que líquido, faz a torre.
As pessoas deviam se juntar para admirar essa construção.
Já que por um milagre elas jogam confete e esperam em filas.
Certamente a imprensa aparecerá, em busca de uma manchete.
Certamente alguém estará na calçada segurando um cartaz.
Se constroem uma ponte, o prefeito não vai lá cortar a faixa?
Se em Belém nasce uma estrela, não aparecem reis com presentes?
Ontem foi o dia em que eu trouxe presentes para o teu presente
e vim de longe para te encontrar na calçada.
Isso foi ontem, aquele dia.
Aquele foi o dia do teu rosto,
tua cara depois de transar, no travesseiro: uma canção de ninar.
Meio dormindo ao meu lado, deixando aquele relógio velho parar,
nossa respiração virou uma, juntas viraram uma respiração infantil,
enquanto eu desenhava bolinhas nos teus olhos,
enquanto eu desenhava risinhos na tua boca,
enquanto eu desenhava TE AMO no teu peito, no coração batendo,
e cochichei “acorda!” e tu murmuraste qualquer coisa:
“sssssh estamos dirigindo até a praia. Atravessamos uma
ponte. Passamos pela orla”. Praia!
Então em teus sonhos eu te entendi e orei pelo dia
em que eu seria a terra e tu as raízes
e eu carregaria teu fruto, carregaria
a ti ou a teu fantasma na minha horta interior.
Ontem eu não queria me deixar levar
mas é só a máquina de escrever que está na minha frente
e ontem é onde o amor está.
"caraio"
That Day
This is the desk I sit at
and this is the desk where I love you too much
and this is the typewriter that sits before me
where yesterday only your body sat before me
with its shoulders gathered in like a Greek chorus,
with its tongue like a king making up rules as he goes,
with its tongue quite openly like a cat lapping milk,
with its tongue - both of us coiled in its slippery life.
That was yesterday, that day.
That was the day of your tongue,
your tongue that came from your lips,
two openers, half animals, half birds
caught in the doorway of your heart.
That was the day I followed the king's rules,
passing by your red veins and your blue veins,
my hands down the backbone, down quick like a firepole,
hands between legs where you display your inner knowledge,
where diamond mines are buried and come forth to bury,
come forth more sudden than some reconstructed city.
It is complete within seconds, that monument.
The blood runs underground yet brings forth a tower.
A multitude should gather for such an edifice.
For a miracle one stands in line and throws confetti.
Surely The Press is here looking for headlines.
Surely someone should carry a banner on the sidewalk.
If a bridge is constructed doesn't the mayor cut a ribbon?
If a phenomenon arrives shouldn't the Magi come bearing gifts?
Yesterday was the day I bore gifts for your gift
and came from the valley to meet you on the pavement.
That was yesterday, that day.
That was the day of your face,
your face after love, close to the pillow, a lullaby.
Half asleep beside me letting the old fashioned rocker stop,
our breath became one, became a child-breath together,
while my fingers drew little o's on your shut eyes,
while my fingers drew little smiles on your mouth,
while I drew I LOVE YOU on your chest and its drummer
and whispered, 'Wake up!' and you mumbled in your sleep,
'Sh. We're driving to Cape Cod. We're heading for the Bourne
Bridge. We're circling the Bourne Circle.' Bourne!
Then I knew you in your dream and prayed of our time
that I would be pierced and you would take root in me
and that I might bring forth your born, might bear
the you or the ghost of you in my little household.
Yesterday I did not want to be borrowed
but this is the typewriter that sits before me
and love is where yesterday is at.
eu gosto muito desse poema, sinto ele como sendo muito "meu", por isso tomei a ousadia de fazer uma tradução ainda mais traidora que as anteriores. traidora no sentido semântico das palavras, ignorando o 'significado' no original.
anne gostava de umas pieguices (quem nunca?) das quais eu tento escapar (já falei isso antes, i know), se posso. sem mudar muito a ideia do poema, mas propondo novas imagens. por exemplo a forma metafórica que ela usa heart que, na tradução, eu transformei literalmente no órgão que pulsa o sangue ("enjaulados no teu átrio direito"). é e não é a mesma coisa, mas funcionou bem, já que mais para frente ela fala de veias e depois, de sangue.
é bonito ver que o traduzir é vivo e à medida que você avança versos afora, acaba voltando pra outros anteriores e depois seguindo em frente. por exemplo: exatamente por ter dado a heart um caráter fisiológico, acabei "des-traduzindo" o que antes tinha traduzido como "bombeiro" (quando ela fala "my hands down the backbone, down quick like a firepole") e passei para "paramédico" e voltei para a primeira estrofe para fazer de "Greek chorus" "microscopista" (tô ligada, não tem nada a ver).
outro motivo de eu ter especial respeito por esse poema é porque ela traça esse paralelo insolente entre vida e obra. sexo e trabalho.
para mim não está muito claro sobre quem exatamente ela fala nesse poema. algumas interpretações apontam para o marido de anne, kayo, e "aquele dia" seria um dia muito tempo atrás em que o casal casado era feliz. quando ela diz, no antepenúltimo verso, "Yesterday I did not want to be borrowed" seria uma alusão que ontem ela não queria ter transado com o outro.
outras análises dizem que o texto foi sobre algum dos vários amantes escritores que ela teve (que com anne também "compartilhariam" a escrivaninha). eu não sei. nem sei se importa muito, porque o sujeito do poema é menos o amante/marido e mais o ato mesmo de escrever o poema, ou onde se (ins)escreve o poema.
por fim, particularmente me move a homenagem que ela faz ao pau e à ereção. lindo demais.
Sunday, November 01, 2015
sobre uma foto no huffington post, em 01 de novembro de 2015
de que adianta esse pôster de madonna na
parede da cozinha indicando de qual lado
estou se na papua nova guiné continuam
linchando mulheres a quem chamam de bruxa
a papua pode até ser guiné mas nisso não
tem nada de nova e se for para queimar uma
mulher por bruxaria que queimem logo todas
de que adianta beyoncé avisando que vai sentar
o rabo na cara do boy e de que adianta eu me
inspirar nisso para fazer igual ou parecido se na
papua nova guiné sentam senhoras em telhas de
brasilit e com elas amordaçadas abrem nacos de
carne e sangue que na foto escorria pelas rugas da
telha pelas rugas das costas da mulher essa mulher
de cabelo curto e preto de costas na foto parecia a
minha mãe eu perdi o controle não consegui mais
almoçar e sei que não vou conseguir dormir mas
de que adianta minha insônia e meu jejum e esse
poema se na papua nova guiné não iriam entendê-lo
e mesmo a compreenãso dele não salvaria a vida da
mulher e mesmo no brasil onde se pode entendê-lo já
se sabe que poemas tal qual leis não mudam nada tudo
sobre isso já foi legislado e dito em todas as línguas
também em português mas meu deus
de que adiantaria meu silêncio?
de quem estaria meu silêncio a serviço?
Friday, October 30, 2015
uma verdade
chantal akerman disse que ela mesma ia dizer uma verdade
hoje é dia de manifestação contra o PL 5069, em são paulo, amigas. não deixem de ir!
Sunday, October 25, 2015
FACEBOOK DOS DEPUTADOS QUE VOTARAM A FAVOR DO PL 5069
queridas, perdi minha preciosa manhã de domingo procurando os facebooks dos 37 deputados que votaram a favor do PL 5069/13 - e infernizando suas vidas online, até chegar ao deputado nº 15, quando meu facebook foi temporariamente desativado haha. adelaidinha terrorista.
isso foi o que colei nas páginas dos senhores: #naoaoPL5069 https://www.youtube.com/watch?v=Cei1HUf1wHY
por favor, repassem essa lista!
1. Aguinaldo Ribeiro - (PP/PB)
2. Alceu Moreira - (PMDB/RS)
UPDATE DO DIA 26 DE OUTUBRO: ESSE FECHOU PRA COMENTÁRIOS!!!
3. BISPO Antônio Bulhões - (PRB/SP)
4. Arnaldo Faria de Sá - (PTB/SP)
5. Arthur Lira - (PP/AL)
6. Bruno Covas - (PSDB/SP)
7. CAPITÃO Augusto - (PR/SP)
8. Covatti Filho - (PP/RS)
9. DELEGADO Eder Mauro - (PSD/PA)
10. Diego Garcia - (PHS/PR)
UPDATE DO DIA 26 DE OUTUBRO: APAGOU OS COMENTÁRIOS!!!
11. Evandro Gussi - (PV/SP)
UPDATE DO DIA 26 DE OUTUBRO: APAGOU OS COMENTÁRIOS!!!
UPDATE DO DIA 27 DE OUTUBRO: FECHOU PARA COMENTÁRIOS!!!
12. Fausto Pinato - (PRB/SP)
13. Francisco Floriano - (PR/RJ)
14. João Campos - (PSDB/GO)
15. Juscelino Filho - (PRP/MA)
16. Marco Tebaldi - (PSDB/SC)
17. Marcos Rogério - (PDT/RO)
UPDATE DO DIA 26 DE OUTUBRO: APAGOU E FECHOU PARA COMENTÁRIOS!!!
18. Pedro Cunha Lima - (PSDB/PB)
19. PASTOR Eurico - (PSB/PE)
20. Pastor Marco Feliciano - (PSC/SP)
21. Rogério Rosso - (PSD/DF)
UPDATE DO DIA 26 DE OUTUBRO: APAGOU E FECHOU PARA COMENTÁRIOS!!!
22. Ronaldo Fonseca - (PROS/DF)
esse só dá pra mandar mensagem!
23. Sergio Souza - (PMDB/PR)
UPDATE DO DIA 26 DE OUTUBRO: esse começou a moderar os comentários!!!
24. Veneziano Vital - (PMDB/PB)
25. Alexandre Leite - (DEM/SP)
26. Delegado Waldir - (PSDB/GO)
27. Eduardo Bolsonaro - (PSC/SP)
UPDATE DO DIA 26 DE OUTUBRO: apagou todos os comentários relacionaos ao PL.
28. Elmar Nascimento - (DEM/BA)
29. Gonzaga Patriota - (PSB/PE)
30. Gorete Pereira - ( PR/CE)
31. Jefferson Campos - (PSD/SP)
32. Laerte Bessa - (PR/DF)
33. Lincoln Portela - (PR/MG)
34. Paulo Freire - (PR/SP)
UPDATE DO DIA 26 DE OUTUBRO: ESSE FECHOU PRA COMENTÁRIOS!!!
35. Renata Abreu - (PTN/SP)
36. Sóstenes Cavalcante - (PSD/RJ)
37. Vítor Valim - (PMDB/CE)
ESSA é UMA FANPAGE HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA NO PUEDO!
isso foi o que colei nas páginas dos senhores: #naoaoPL5069 https://www.youtube.com/watch?v=Cei1HUf1wHY
por favor, repassem essa lista!
1. Aguinaldo Ribeiro - (PP/PB)
2. Alceu Moreira - (PMDB/RS)
UPDATE DO DIA 26 DE OUTUBRO: ESSE FECHOU PRA COMENTÁRIOS!!!
3. BISPO Antônio Bulhões - (PRB/SP)
4. Arnaldo Faria de Sá - (PTB/SP)
5. Arthur Lira - (PP/AL)
6. Bruno Covas - (PSDB/SP)
7. CAPITÃO Augusto - (PR/SP)
8. Covatti Filho - (PP/RS)
9. DELEGADO Eder Mauro - (PSD/PA)
10. Diego Garcia - (PHS/PR)
UPDATE DO DIA 26 DE OUTUBRO: APAGOU OS COMENTÁRIOS!!!
11. Evandro Gussi - (PV/SP)
UPDATE DO DIA 26 DE OUTUBRO: APAGOU OS COMENTÁRIOS!!!
UPDATE DO DIA 27 DE OUTUBRO: FECHOU PARA COMENTÁRIOS!!!
12. Fausto Pinato - (PRB/SP)
13. Francisco Floriano - (PR/RJ)
14. João Campos - (PSDB/GO)
15. Juscelino Filho - (PRP/MA)
16. Marco Tebaldi - (PSDB/SC)
17. Marcos Rogério - (PDT/RO)
UPDATE DO DIA 26 DE OUTUBRO: APAGOU E FECHOU PARA COMENTÁRIOS!!!
18. Pedro Cunha Lima - (PSDB/PB)
19. PASTOR Eurico - (PSB/PE)
20. Pastor Marco Feliciano - (PSC/SP)
21. Rogério Rosso - (PSD/DF)
UPDATE DO DIA 26 DE OUTUBRO: APAGOU E FECHOU PARA COMENTÁRIOS!!!
22. Ronaldo Fonseca - (PROS/DF)
esse só dá pra mandar mensagem!
23. Sergio Souza - (PMDB/PR)
UPDATE DO DIA 26 DE OUTUBRO: esse começou a moderar os comentários!!!
24. Veneziano Vital - (PMDB/PB)
25. Alexandre Leite - (DEM/SP)
26. Delegado Waldir - (PSDB/GO)
27. Eduardo Bolsonaro - (PSC/SP)
UPDATE DO DIA 26 DE OUTUBRO: apagou todos os comentários relacionaos ao PL.
28. Elmar Nascimento - (DEM/BA)
29. Gonzaga Patriota - (PSB/PE)
30. Gorete Pereira - ( PR/CE)
31. Jefferson Campos - (PSD/SP)
32. Laerte Bessa - (PR/DF)
33. Lincoln Portela - (PR/MG)
34. Paulo Freire - (PR/SP)
UPDATE DO DIA 26 DE OUTUBRO: ESSE FECHOU PRA COMENTÁRIOS!!!
35. Renata Abreu - (PTN/SP)
36. Sóstenes Cavalcante - (PSD/RJ)
37. Vítor Valim - (PMDB/CE)
ESSA é UMA FANPAGE HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA NO PUEDO!
poesia negra e simone de beauvoir no enem...
... na mesma semana em que o PL 5069/13 foi aprovado.
#naoaoPL5069
#naoaoPL5069
simone disse que ela mesma ia cair no enem
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