Showing posts with label anne sexton. Show all posts
Showing posts with label anne sexton. Show all posts

Sunday, December 25, 2016

the fury of cocks, de anne sexton, em tradução pro brasileiro







A fúria das rolas

Lá vão elas
Pingando sobre os pratos do café-da-manhã,
Como se fossem anjos
com uma asa triste
Animal triste,
Sendo que ainda ontem
Lá estavam elas
Dedilhando o violão.
Mais uma vez a luz do dia vem
Com seu sol imenso,
Com seus caminhões,
Suas amputações.
Considerando que ontem à noite
A rola sabia o caminho de casa,
Dura como um martelo,
Batendo em todos
Com sua força terrível.
Que teatro.
Hoje ela está calma,
Um pássaro pequeno,
Macia como a mão de um bebê.
A mulher é a casa.
O homem é a torre da igreja. 
Quando eles fodem eles são Deus.
Quando eles se separam, eles são Deus.
Quando roncam, são Deus.
De manhã passam manteiga na torrada.
Eles não dizem muito.
Eles ainda são Deus.
Todos as rolas do mundo são Deus,
Brotando, brotando, brotando
No sangue doce da mulher.


essa tradução roleira foi feita para o zine mais pornô, por favor!,  editado por moá e ismar tirelli neto e lançado em dezembro de 2016 no museu do tubarão (att. aslan cabral, #amamos), em recife. 

segunda edição do zine tá no forno. mais detalhes soon.

Tuesday, August 02, 2016

anne sexton no suplemento pernambuco


a lutinha pra espalhar a palavra de anne rainha sexton não pára (eu uso o acento ainda)! dessa vez nossa escorpiana preferida tá no suplemento, com mais um dos love poems - precisamente o abarrocado "for my lover returning to his wife", cuja tradução eu sei que algumas docês tarra animada pra ler.

pois finalmente terminei essa tradução (demorou e foi difícil; ainda não estou 100% segura com o título, mas por ora é o que mais se aproxima de algo que me satisfaz) e agora ela tá publicada AND com notas!


clica na foto pra ler a tradução
e ver essa linda ilustração 
feita por hallina beltrão
(hahaha #rimas!)





para ler o texto é só clicar na foto. aqui para baixar na íntegra a edição de agosto do suplemento (é de graça), que tem também um texto da minha miga victor heringer contando sobre o livro novo dela, e mais silviano santiago, aline khouri, maria rita kehl and more!

ps: caso interesse, na edição #11 da revista parênteses tem oito poemas de miss sexton, traduzidos por mim e rafael mantovani.


Thursday, July 07, 2016

anne sexton na revista parênteses


nada menos que oito poemas da rainha anne sexton, traduzidos por mim e por rafael mantovani, estão na nova edição da revista parênteses.

que alegria é poder espalhar a palavra da minha escorpiana poligâmica caguei-no-patriarcado preferida, que nunca (nunca, porra!) foi publicada em livro no brasil.

tamos lutando pra isso mudar, né, migas. 


clica na foto pra ler a revista (que tá mára como um todo)


Tuesday, December 22, 2015

canção para uma moça, de anne sexton


pedi pro poeta, capricorniano e querido amigo rafael mantovani para traduzir alguns dos seus poemas preferidos dos love poems, da nossa querida escorpiana anne sexton.

esse é o terceiro e último poema, espero que tenha gostado (muito) haha.



CANÇÃO PARA UMA MOÇA


No dia dos peitos e dos quadris pequenos
a janela salpicada de chuva podre,
chuva insistente feito um padre,
copulamos, com mais juízo e com menos.
Deitamos que nem colheres enquanto a chuva
sinistra caía feito moscas nos nossos lábios febris
e nossos olhos contentes e nossos pequenos quadris.

“O quarto está tão frio com essa chuva”, você disse
e você, você fêmea, com sua flor
rezou novenas para os meus tornozelos, cotovelos.
Você é um produto e uma potência nacional.
Ó meu cisne, rosa querida felpuda, minha serviçal,
até um tabelião autenticaria nosso colchão
enquanto você me amassa e eu cresço que nem pão.




SONG FOR A LADY

On the day of breasts and small hips
the window pocked with bad rain,
rain coming on like a minister,
we coupled, so sane and insane.
We lay like spoons while the sinister
rain dropped like flies on our lips
and our glad eyes and our small hips.
     
"The room is so cold with rain", you said
and you, feminine you, with your fiower
said novenas to my ankles and elbows.
You are a national product and power.
Oh my swan, my drudge, my dear wooly rose,
even a notary would notarize our bed
as you knead me and I rise like bread.

Saturday, December 19, 2015

sr. meu, de anne sexton

pedi pro poeta, capricorniano e querido amigo rafael mantovani para traduzir alguns dos seus poemas preferidos dos love poems, da nossa querida escorpiana anne sexton.

esse é o segundo dos três poemas que rafael traduziu pra gentch.



SR. MEU

Note como ele numerou as veias azuis
no meu peito. Tem dez sardas além disso.
Agora ele vira à esquerda. Agora à direita.
Está construindo uma cidade, uma cidade de carne.
Ele é um industrial. Passou fome em porões
e, senhoras e senhores, foi surrado por ferro,
pelo sangue, o metal, pelo triunfante
ferro da morte da mãe dele. Mas ele recomeça.
Agora me constrói. A cidade o consome.
Da glória das tábuas ele me ergueu.
Do milagre do concreto ele me moldou.
Me deu seiscentas placas de rua.
Da vez em que eu estava dançando ele construiu um museu.
Construiu dez quarteirões quando me virei na cama.
Construiu um viaduto quando eu fui embora.
Dei flores e ele construiu um aeroporto.
Distribuiu como semáforos pirulitos vermelhos e
verdes. Mas no coração sou cuidado crianças brincando.



MR. MINE

Notice how he has numbered the blue veins
in my breast. Moreover there are ten freckles.
Now he goes left. Now he goes right.
He is building a city, a city of flesh.
He's an industrialist. He has starved in cellars
and, ladies and gentlemen, he's been broken by iron,
by the blood, by the metal, by the triumphant
iron of his mother's death. But he begins again.
Now he constructs me. He is consumed by the city.
From the glory of words he has built me up.
From the wonder of concrete he has molded me.
He has given me six hundred street signs.
The time I was dancing he built a museum.
He built ten blocks when I moved on the bed.
He constructed an overpass when I left.
I gave him flowers and he built an airport.
For traffic lights he handed at red and green
lollipops. Yet in my heart I am go children slow.