quando eu ouvi falar de fotografia digital pela primeira vez, torci o nariz. vivi uns dois anos em
denial, achando que foto que não era feita com filme num era foto.
e continuei pensando assim mesmo depois de comprar uma digital e começar a ganhar (algum) dinheiro como fotógrafa.
até que um dia fui entrevistar daniel klajmic e conversa vai conversa vem ele falou uma coisa muito simples: "não sou nem contra nem a favor nem do filme nem do digital. sou a favor da possibilidade de escolher com qual dos dois eu quero trabalhar".
só isso, só essa frasezinha, e simplesmente mudou minha vida.
assim como eu sempre achei morgada foto digital, também sempre achei morgado o photoshop. mas aí um dia meu professor rodrigo zugaib me falou: "não existe nem nunca existiu foto sem tratamento. uma foto digital precisa de tratamento, assim como uma foto de filme era processada em laboratório".
esse semestre fiz um curso maravilhoso com simonetta, chamado pensadores da fotografia, e o fotochop sempre ganhava muitas horas de atenção. e eu mesma falei uma coisa muito maravilhosa, realmente uma grande contribuição par a história da fotografia:
"é importante que as ferramentas estejam a serviço do fotógrafo, e não o contrário. senão, fica que nem calça skinny: todo mundo acha que pode usar de qualquer jeito e eventualmente aparece uma coisa horrorosa na sua frente".
essa frase é bem momento-
appropriate pro meu momento-fotográfico. depois de ficar uns dois anos testando a foto digital e as possibilidades não-humanas de um retrato (e do tratamento), agora que eu voltei a ser feliz e perdi o medo das pessoas e tô numa fase, hum..., orgânica de minhas fotos. não somente das minhas fotos como também das fotos que eu tenho gostado de ver.
e como vocês bem lêem aqui, uma discussão que sempre adoro me meter é a fundamental questão "cara de gala rala vs. cara de seromano".
numa ponta, tem (minha lista pessoal de referências, não é pra ser levada a sério) steven klein, miles aldridge, mario testino e um monte de outros. na ponta de cá, temos bruce weber, marcelo gomes, camila akrans, lina...
sendo que aí vem a
cia de foto e entra com os dois pés no assunto, fazendo um
statement muito importante pra mim: pós-produção não é somente parte da foto como é a foto em sim. entende? a utilização de ferramentas além-clique pra alcançar um resultado não diminui em nada uma foto. ao contrário, agrega valor (ODEIO ESSE TERMO mas não consegui pensar noutro melhor).
nisso tudo, vem
alexandre belém, amigo novo e parceiro novo como diria vinicius, e propõe:
mostre seu raw. uma galera muito foda (
incluindo a cia) mostrou seus arquivos crus e mostrou também que pós-produção é parte viva da fotografia.
depois, belém convocou a nozes, relesmortais, a mostrarem seus rós e seus jpegs tratados, e ele selecionou alguns para a cia tratar. mandei uma das fotos da
the boo'day project, que entrou na seleçãozinha belémzal, e eis o resultado:
meu raw (.nef, no caso, que eu uso nikon)meu jpege a releitura da cia. e ainda teve direito a análise deles! gente, fiquei toda cagada. sério.essa ladainha toda pra dizer que eu gosto de gente com cara de gente e nem por isso não gosto de photoshop. eu sou como daniel klajmic: tanto pro que quero ver, tanto pro que quero fazer, meu interesse é na liberdade.
ai que frase bonita.