para cada letra do alfabeto hebraico se atribui um valor numérico. assim, se dá às palavras um poder matemático-metafórico, e explica-se, com essas letras-números, tudo o que tem no mundo.
isso é a torá. segundo meu pai, judeu, não há nada no mundo que a torá não explique. segundo madonna e eu, cabalistas e amigas, não há nada no mundo que a torá não explique.
mas, madonna, a torá não explica isso:
se letra pode virar número, e fotografias podem nascer de letras (organizadas em poemacrônicasletrasdemúsica ou whatever), poderia então uma fotografia nascer de um número?
a fotografia analógica nasce de sais de prata que se machucam com a luz. já a imagem digital nasce da luz, que ofende o ccd, que cria um código binário (ou algo assim. aceito correções).
a fotografia nasce assim de um monte de zeros e uns.
no nosso alfabeto latino, letras têm um valor e números, outro. a fotografia digital é uma interseção possível desses dois elementos:
poeminha concreto
111111111111111111
000000000000000000
101010101010101010
100100100100100100
1
(auto-retrato)
adelaide de campos,
outubro de 2010
§
foi no dia da abertura do projeto incubadora que joão kehl me explicou, para minha imensa surpresa, que uma foto digital é feita de combinações de zeros e uns (nem adianta me xingar, eu não sabia mesmo). é o tal do código binário, esse negócio que rege do MS-DOS ao mais fino clique de antoine d'agata.
se as palavras de ricardo, escritas em alfabeto latino, criam imagens na minha cabeça de um corpo loiro e lindo em bruxelas, o corpo de um monte de baianos derreteandos atrás de ivete sangalo são, em alguma dimensão dessa existência, um monte de zero e de uns.
para mim, isso sempre será um mistério: uma câmera para mim apontada vai me fazer virar
um 1
um 0
e o mistério é o fato de que não tem nada mais oposto nesse mundo do que um um e um zero.
(leoninos e aquarianos, talvez).
assim como são díspares o um (a presença) e o zero (a ausência/nada), e ainda falando sobre o corpo representado e suas disparidades, a fotografia veio para des-literalizar a representação do corpo - ironia, uma vez que desde seu nascimento é conhecida como "registro da realidade".
no renascimento, a representação do corpo era a morfologia (anatomia, dissecação): captava-se os corpos nus e depois, os "vestia" em circunstâncias.
mas a fotografia des-literalizou a representação do corpo, a rapidez com que podia ser feita mudou a relação fotógrafo-retratado (ok, 20 minutos de exposição é muito, mas nada comparado aos duzentos meses que gioconda teve que posar para da vinci) e mostrou-o com novas camadas de discurso.
§
números não me dizem porra nenhuma.
lo siento.
é um alívio que existam mecanismos que devolvam a foto para mim do jeito que eu acho que elas são bonitas:
entretanto está em cartaz na galeria vermelho e eu não entendi nada do conceito mas, anyways, as fotos continuam sendo lindas de ser ver. um monte de códigos binários bonitos.
Friday, October 29, 2010
Tuesday, October 26, 2010
Monday, October 25, 2010
saldão!
mais uma edição do genial saldão começa hoje, leitorinhas, naquele mesmo esquema lindo de sempre e com coisas novas!
o mesmo esquema lindo de sempre
1. escolhe as fotos no flickr;
2. manda um email para vodcabarata@gmail.com, com o link das fotos escolhidas (NÃO ADIANTA DESCREVER QUE FOTO QUER, HEIN! tem que mandar o link) e o tamanho que você as quer.
observações importantes
1. preços
9x12: R$ 10
10x15: R$ 15
13x18: R$ 20
17x25: R$ 25
20x30: R$ 30
25x38: R$ 40
pode fazer depósito bancário ou pagar no pay-pal!
2. postagem
brasil:
3. sobre a postagem
bom, as fotos encomendadas pela leitorinha sara sousa, do distrito federal, demoraram TRÊS MESES para chegar. se eu mandasse todas as cartas registradas, para que elas não atrasassem (e para que vocês pudessem rastreá-las), teria que aumentar muito o preço da postagem, e ninguém quer isso. portanto, tem que ter paciência. não é culpa sua nem minha que os correios são um cocô!
a novidade deluxe
vocês sabem que eu faço auto-retratos e agora quero fazer auto-retratos de vocês! este serviço funciona assim: você me manda uma foto sua, e eu reproduzo você mesma usando eu mesma!
não é demais? depois eu mando para você um díptico 20x30, com a sua foto e a minha foto, assinado. esse é um interesse meu, claro, de catalogar minhas leitorinhas usando uma pesquisa fotográfica que me interessa muito (os auto-retrato véio).
leitorinha interessada, mande email pra mim! vodcabarata@gmail.com
o saldão vai até o dia 27 de novembro!
o mesmo esquema lindo de sempre
1. escolhe as fotos no flickr;
2. manda um email para vodcabarata@gmail.com, com o link das fotos escolhidas (NÃO ADIANTA DESCREVER QUE FOTO QUER, HEIN! tem que mandar o link) e o tamanho que você as quer.
observações importantes
1. preços
9x12: R$ 10
10x15: R$ 15
13x18: R$ 20
17x25: R$ 25
20x30: R$ 30
25x38: R$ 40
pode fazer depósito bancário ou pagar no pay-pal!
2. postagem
brasil:
R$ 5 (para encomendas até 13x18)
R$ 7 (para encomendas a partir de 17x25)
gringolândia:
gringolândia:
R$ 10 (até 13x18)
R$ 12 (a partir de 17x25)
R$ 12 (a partir de 17x25)
3. sobre a postagem
bom, as fotos encomendadas pela leitorinha sara sousa, do distrito federal, demoraram TRÊS MESES para chegar. se eu mandasse todas as cartas registradas, para que elas não atrasassem (e para que vocês pudessem rastreá-las), teria que aumentar muito o preço da postagem, e ninguém quer isso. portanto, tem que ter paciência. não é culpa sua nem minha que os correios são um cocô!
a novidade deluxe
vocês sabem que eu faço auto-retratos e agora quero fazer auto-retratos de vocês! este serviço funciona assim: você me manda uma foto sua, e eu reproduzo você mesma usando eu mesma!
não é demais? depois eu mando para você um díptico 20x30, com a sua foto e a minha foto, assinado. esse é um interesse meu, claro, de catalogar minhas leitorinhas usando uma pesquisa fotográfica que me interessa muito (os auto-retrato véio).
leitorinha interessada, mande email pra mim! vodcabarata@gmail.com
o saldão vai até o dia 27 de novembro!
Sunday, October 24, 2010
talk-sozinha show 6
sobre referências e lenço de papel com catarro.
adelaide ivánova_talk-alone show 6 from adelaide ivánova on Vimeo.
Saturday, October 23, 2010
frases de camiseta, by susan sontag
"diante da dor dos outros" é um livro sobre fotografia de guerra.
mas susan sontag pass o livro inteiro falando de amor. já falei sobre isso no quinto talk-sozinha show.
repasso pra vocês algumas das frases que sublinhei e/ou comentei (sim, eu risco livros)
"a violência transforma em coisa toda pessoa sujeita a ela".
"as pessoas podem se habituar ao horror na vida real".
"as pessoas querem chorar".
"algumas desgraças são mais passíveis de ironia do que outras".
"algumas pessoas farão qualquer coisa a fim de não se comover".
"é intolerável ter o próprio sofrimento equiparado ao de outra pessoa".
"fazer as pazes significa esquecer. para reconciliar-se, é necessário que a memória seja imperfeita e limitada".
"numa imagem, uma coisa pode ser bela como não é na vida real".
ler isso doeu meu coração. acho que são exatamente essas coisas que ando fotografando. esses coisos.
mas susan sontag pass o livro inteiro falando de amor. já falei sobre isso no quinto talk-sozinha show.
repasso pra vocês algumas das frases que sublinhei e/ou comentei (sim, eu risco livros)
"a violência transforma em coisa toda pessoa sujeita a ela".
"as pessoas podem se habituar ao horror na vida real".
"as pessoas querem chorar".
"algumas desgraças são mais passíveis de ironia do que outras".
"algumas pessoas farão qualquer coisa a fim de não se comover".
"é intolerável ter o próprio sofrimento equiparado ao de outra pessoa".
"fazer as pazes significa esquecer. para reconciliar-se, é necessário que a memória seja imperfeita e limitada".
"numa imagem, uma coisa pode ser bela como não é na vida real".
ler isso doeu meu coração. acho que são exatamente essas coisas que ando fotografando. esses coisos.
alec, we love you
ontem, no workshop:
"i'm just a stupid american"
"how can i say something, without saying this thing?"
"just relax"
"there's nothing wrong with beauty"
hoje, na palestra:
"i'm not hot"
"how do you do when you know everything?"
"my thing about photography is about what you don't tell people"
"people say good things about me but i cannot believe that".
"i'm just a stupid american"
"how can i say something, without saying this thing?"
"just relax"
"there's nothing wrong with beauty"
hoje, na palestra:
"i'm not hot"
"how do you do when you know everything?"
"my thing about photography is about what you don't tell people"
"people say good things about me but i cannot believe that".
Friday, October 22, 2010
porque sim é resposta sim. quer dizer...
"qual a história por trás dessa música?", pergunta willie nelson pra johnny cash. e ele responde: "que história? está aí, na música".
§
eu gosto dessa resposta de johnny, e pensei nela um monte de vezes ontem e hoje, apesar de eu não ser do time que acha que uma foto deva falar por si só.
sobre isso, alec soth disse (hoje fiz um workshop com ele, dentro da programação do forum latinoamericano de fotografia) que não acredita nisso de fotos icônicas, que falam por si. ele acha que uma história é contada por fotos, no plural.
eu acho mesmo que uma foto é um ato de comunicação em aberto, ou seja, nela cabem outras fotos, a palavra, o som, a legenda - enfim, a explicação, mesmo, no sentido de linguagem, no sentido de dialogar, e não monologar.
então e por isso, pra mim, é meio triste não ter uma palavra a dizer sobre as fotos que eu tiro.
eu acho meio chato responder o por quê das coisas, mas também não posso responder às perguntas com respostas incríveis como a de wolfgang tillmans (que diz, quando perguntado do por quê ele fez tal foto: "porque sou fotógrafo" hahaah é demais) ou como a de nan goldin, que diz "porque eu posso".
mas se eu, que só publico minhas foto em revista gringa que ninguém compra, respondo isso, quão arrogante vai soar?
mas o pior é que essa é a resposta que eu queria dar, de todo meu coração.
se me perguntam "ivi, por que você está tirando essa foto de uma plastrada de vômito?!". porque eu posso. porque estava ali, na minha frente. porque o vômito é meu e eu faço o que eu quiser HAHAH A LHÔCA!
hoje, com alec, como eu nao tenho nada a dizer ele também não me disse muita coisa...
mas ele falou que há fotos para a parede, para o livro, para a internet. eu saí do wrokshop pensando em guy bourdin, que nunca publicou nenhum livro nem fez nenhuma expo enquanto estava vivo, porque ele achava que as fotos dele eram pra ser vista nas revistas, e para serem esquecidas no mês seguinte.
é importante descobrir, entender e aceitar o suporte da sua foto. guy entendeu que era de revista; alec entendeu que faz livros.
eu sou amadora, mermo, sou do underground hahaha, eu publico em zine, em revista que ninguém compra. é isso. as fotos que eu tiro são muito pouco pensadas, não têm conceito, eu não tenho o que dizer sobre elas, que são o que são.
claudio edinger comentou, no workshop, qual era o ponto de ser fotógrafo hoje em dia, se todo mundo tira foto e todo mundo pode publicar um livro no blurb (que ele acha muito ruim, por sinal).
bom, não é de hoje que "hoje em dia todo mundo é fotógrafo". todo mundo tira foto desde que as câmeras foram inventadas. fotografar nunca foi um ato exclusivo, sorry.
bom foi: eu entendi que faço parte desse "todo mundo". minhas fotos não são nada espetaculares, e o fato de eu não ter nada a dizer sobre elas (apesar de PENSAR MUITO sobre elas), me aproxima muito mais de todo mundo do que dos fotógrafos protecionistas, ops, profissionais.
a fotografia dos anos 2000, assim me parece, quer analisar ela própria*.
sei lá como se faz isso sem que seja usando palavras. é por isso que eu fotografo: porque não tenho nada a dizer sobre fotografias, usando-as. com fotografias, eu falo sobre outras coisas. mas tampouco quero falar sobre estas coisas usando palavras.
é como o título daquele livro de haruki murakami: "do que eu falo, quando eu falo sobre corrida".
§
*sobre isso, abelardo morel disse, na sua palestra: "jovens fotógrafos estão ficando conservadores, eles se voltam para objetos, para a academia. e dividem a foto como 'isso é arquitetura', 'isso é documental', 'isso é crazy photography'. mas é preciso ter amor pelo que você fotografa, não apenas interesse". achei massa.
a impressão que eu tenho, às vezes, é que também tem muitos fotógrafos querendo explicar mais, mais focados na conceituação do que foto. aí é quando a explicação, o de-onde-vim-para-onde-quero-ir, fica maior do que as fotos themselves.
claro, só estou dizendo isso porque estou com um recalque absurdo do fato de que eu não tenho nada a dizer, mas também não quero ser uma wanker, que passa a vida reclamando das coisas das quais não faz parte.
§
hoje à noite, fiquei acompanhando daqui de casa as discussões sobre fotógrafos alemães, suíços, europeus, americanos, latinoamericanos, e quem tem mais espaço, etc etc.
e eu fico aqui me perguntando:
é importante discutir a nacionalidade do fotógrafo? ou procurar uma identidade nacional para a fotografia de um lugar?
se preocupar com isso é mais besta do que as besteiras que eu escrevo neste blog.
§
estas foram duas fotos que alec apontou:
essa é minha vida, e isso é o que fotografo.
mas eu entendo, sim, que dizer isso é leviano, que não é suficiente.
agora eu preciso pensar.
§
eu gosto dessa resposta de johnny, e pensei nela um monte de vezes ontem e hoje, apesar de eu não ser do time que acha que uma foto deva falar por si só.
sobre isso, alec soth disse (hoje fiz um workshop com ele, dentro da programação do forum latinoamericano de fotografia) que não acredita nisso de fotos icônicas, que falam por si. ele acha que uma história é contada por fotos, no plural.
eu acho mesmo que uma foto é um ato de comunicação em aberto, ou seja, nela cabem outras fotos, a palavra, o som, a legenda - enfim, a explicação, mesmo, no sentido de linguagem, no sentido de dialogar, e não monologar.
então e por isso, pra mim, é meio triste não ter uma palavra a dizer sobre as fotos que eu tiro.
eu acho meio chato responder o por quê das coisas, mas também não posso responder às perguntas com respostas incríveis como a de wolfgang tillmans (que diz, quando perguntado do por quê ele fez tal foto: "porque sou fotógrafo" hahaah é demais) ou como a de nan goldin, que diz "porque eu posso".
mas se eu, que só publico minhas foto em revista gringa que ninguém compra, respondo isso, quão arrogante vai soar?
mas o pior é que essa é a resposta que eu queria dar, de todo meu coração.
se me perguntam "ivi, por que você está tirando essa foto de uma plastrada de vômito?!". porque eu posso. porque estava ali, na minha frente. porque o vômito é meu e eu faço o que eu quiser HAHAH A LHÔCA!
hoje, com alec, como eu nao tenho nada a dizer ele também não me disse muita coisa...
mas ele falou que há fotos para a parede, para o livro, para a internet. eu saí do wrokshop pensando em guy bourdin, que nunca publicou nenhum livro nem fez nenhuma expo enquanto estava vivo, porque ele achava que as fotos dele eram pra ser vista nas revistas, e para serem esquecidas no mês seguinte.
é importante descobrir, entender e aceitar o suporte da sua foto. guy entendeu que era de revista; alec entendeu que faz livros.
eu sou amadora, mermo, sou do underground hahaha, eu publico em zine, em revista que ninguém compra. é isso. as fotos que eu tiro são muito pouco pensadas, não têm conceito, eu não tenho o que dizer sobre elas, que são o que são.
claudio edinger comentou, no workshop, qual era o ponto de ser fotógrafo hoje em dia, se todo mundo tira foto e todo mundo pode publicar um livro no blurb (que ele acha muito ruim, por sinal).
bom, não é de hoje que "hoje em dia todo mundo é fotógrafo". todo mundo tira foto desde que as câmeras foram inventadas. fotografar nunca foi um ato exclusivo, sorry.
bom foi: eu entendi que faço parte desse "todo mundo". minhas fotos não são nada espetaculares, e o fato de eu não ter nada a dizer sobre elas (apesar de PENSAR MUITO sobre elas), me aproxima muito mais de todo mundo do que dos fotógrafos protecionistas, ops, profissionais.
a fotografia dos anos 2000, assim me parece, quer analisar ela própria*.
sei lá como se faz isso sem que seja usando palavras. é por isso que eu fotografo: porque não tenho nada a dizer sobre fotografias, usando-as. com fotografias, eu falo sobre outras coisas. mas tampouco quero falar sobre estas coisas usando palavras.
é como o título daquele livro de haruki murakami: "do que eu falo, quando eu falo sobre corrida".
§
*sobre isso, abelardo morel disse, na sua palestra: "jovens fotógrafos estão ficando conservadores, eles se voltam para objetos, para a academia. e dividem a foto como 'isso é arquitetura', 'isso é documental', 'isso é crazy photography'. mas é preciso ter amor pelo que você fotografa, não apenas interesse". achei massa.
a impressão que eu tenho, às vezes, é que também tem muitos fotógrafos querendo explicar mais, mais focados na conceituação do que foto. aí é quando a explicação, o de-onde-vim-para-onde-quero-ir, fica maior do que as fotos themselves.
claro, só estou dizendo isso porque estou com um recalque absurdo do fato de que eu não tenho nada a dizer, mas também não quero ser uma wanker, que passa a vida reclamando das coisas das quais não faz parte.
§
hoje à noite, fiquei acompanhando daqui de casa as discussões sobre fotógrafos alemães, suíços, europeus, americanos, latinoamericanos, e quem tem mais espaço, etc etc.
e eu fico aqui me perguntando:
é importante discutir a nacionalidade do fotógrafo? ou procurar uma identidade nacional para a fotografia de um lugar?
se preocupar com isso é mais besta do que as besteiras que eu escrevo neste blog.
§
estas foram duas fotos que alec apontou:
essa é minha vida, e isso é o que fotografo.
mas eu entendo, sim, que dizer isso é leviano, que não é suficiente.
agora eu preciso pensar.
Thursday, October 21, 2010
Monday, October 18, 2010
Sunday, October 17, 2010
diva diva diva eu sou uma diva, e uma diva editando é um inferno
se minha vida fosse um reality show vocês iam me ver sofrendo bem muito com a edição de uszienio visur.
inventei de ir atrás dessas fotos de eu pequena, e eu estou ficando triste: as fotos são uma premonição desagradável de mim mesma.
eu tinha 23456seteanos e não tem nenhuma foto minha sorrindo. e o pior é lembrar que eu não sorria porque eu não gostava mesmo muito de nada...
e não é somente ver essas imagens,
(e ver fotos antigas de meu pai, com o verso rabiscado por palavras apaixonadas da minha mãe),
é também ir percebendo e aceitando meus cacoetes de fotógrafa.
é perceber que eu fotografo minha vó desde que tenho 9 anos porque ela é a coisa mais importante que existe. mas eu sou burra e nunca percebi nem nunca quis pensar sobre as fotos que eu tiro.
retrato de vovó que tirei em 1991
dados de um álbum fotografado no mesmo ano, com minhas preciosas observações
entendi hoje (agorinha) que fotografo como escrevo.
tanto nas fotos quanto nas crônicas, eu não paro para pesquisar alguma coisa - eu não apuro, como escritora; eu não desenvolvo e finalizo projetos, como fotógrafa.
eu entendi que presto atenção num sentimento e junto em fotos já feitas, ou junto as merda que escrevo no meu diário véio.
eu fotografo todo dia, como escrevo todo dia. e é um inferno.
depois é puramente um trabalho de edição desse fluxo insano e desesperado.
e aí está uma história.
mas eu não estou aliviada, porque é um inferno, um inferno.
inventei de ir atrás dessas fotos de eu pequena, e eu estou ficando triste: as fotos são uma premonição desagradável de mim mesma.
eu tinha 23456seteanos e não tem nenhuma foto minha sorrindo. e o pior é lembrar que eu não sorria porque eu não gostava mesmo muito de nada...
e não é somente ver essas imagens,
(e ver fotos antigas de meu pai, com o verso rabiscado por palavras apaixonadas da minha mãe),
é também ir percebendo e aceitando meus cacoetes de fotógrafa.
é perceber que eu fotografo minha vó desde que tenho 9 anos porque ela é a coisa mais importante que existe. mas eu sou burra e nunca percebi nem nunca quis pensar sobre as fotos que eu tiro.
retrato de vovó que tirei em 1991
dados de um álbum fotografado no mesmo ano, com minhas preciosas observações
entendi hoje (agorinha) que fotografo como escrevo.
tanto nas fotos quanto nas crônicas, eu não paro para pesquisar alguma coisa - eu não apuro, como escritora; eu não desenvolvo e finalizo projetos, como fotógrafa.
eu entendi que presto atenção num sentimento e junto em fotos já feitas, ou junto as merda que escrevo no meu diário véio.
eu fotografo todo dia, como escrevo todo dia. e é um inferno.
depois é puramente um trabalho de edição desse fluxo insano e desesperado.
e aí está uma história.
mas eu não estou aliviada, porque é um inferno, um inferno.
Thursday, October 14, 2010
é pra ir
expo e festinha no serralheria!
ju alves, teu nome tá bem bonito na lista!
soy lo_o por ti from adelaide ivánova on Vimeo.
ju alves, teu nome tá bem bonito na lista!
Wednesday, October 13, 2010
por que virou feio ser feminista?
por que feminista virou, no brasil, sinônimo de sapatão? (como se ser sapatão fosse feio, como se ser feminista fosse feio).
como se bonito fosse ser machista.
eu sou feminista,
não sou sapatão,
e seria se quisesse.
não vejo necessidade em ser feminista na noruega, um dos países que mais respeita os direitos humanos. mas no brasil, TEM QUE SER. tem que se falar sobre isso.
a não ser, claro, que você seja uma dos milhões de brasileirass que acha bem-feito que uma menina que usa shortinho seja estuprada; que acha que uma mulher apanha porque não se dá respeito (como acha a hipopótama cerebral da isabeli fontana); que acha que votar em serra é melhor porque "uma mulher, infelizmente, não tem o mesmo vigor do que um homem para governar um país".
(se você se encaixa numa dessas descrições, favor não voltar a visitar este blog).
eu tenho lido tanta coisa que sai na imprensa, sobre essas eleições, que me dão uma tristeza... e eu me pergunto o que mulheres como susan sontag, angela davis, simone beauvoir e tantas outras incríveis diriam do brasil.
a campanha presidencial por aqui transcederu as questões políticas e virou basicamente um debate de gênero, no qual o foco das discussões é a porra da legalização do aborto. parece uma briguinha de comadres. sim, esse é um assunto URGENTE a ser discutido nesse país (que, em termos de políticas públicas para as mulheres, ainda está na idade média (nem me venham falar da lei maria da penha, porque não adianta criar uma lei sem fiscalizar sua aplicação, nem adianta criar essa merda, se o judiciário ainda pensa como pensava na época das capitanias hereditárias).
mas esta é uma campanha presidencial, caralho, e eu GOSTARIA MUITO de ver outros tópicos serem discutidos.
decidi falar sobre isso aqui no vodca, finalmente, porque li esse artigo da carta capital e FIQUEI COM NOJO da mulher de serra, essa idiota completa que, apesar de ter estudado, parece ter esquecido que séculos atrás, mulheres como ela, que estudavam e gostavam de ler, era consideradas tão subversivas, tão bruxas, tão erradas, quanto às mulheres pro-choice que agora ela ataca.
Tanto o comportamento da mulher-laranja, que ocupa o lugar do marido ficha-suja, como o da mulher que assume a estratégia mais rasteira da campanha para deixar a figura do esposo imaculada me parecem igualmente desprezíveis. Weslian e Monica encarnam a perfeita antítese dos quase 50 anos de movimento feminista no mundo. Quem diria? Em pleno século 21, após tantas lutas e conquistas, surgem do nada duas mulheres sem brilho próprio para impor, em Brasília e no Brasil, uma moral arcaica, retrógrada, em que aborto não é um problema de saúde pública, mas religioso.
(trecho do artigo, escrito por cynara menezes).
o problema não é ter serra candidato. o problema é o tipo de brasileiro que ele é e o tipo de brasileiro que ele representa: o tipo que simplesmente não gosta da mulher.
como se bonito fosse ser machista.
eu sou feminista,
não sou sapatão,
e seria se quisesse.
não vejo necessidade em ser feminista na noruega, um dos países que mais respeita os direitos humanos. mas no brasil, TEM QUE SER. tem que se falar sobre isso.
a não ser, claro, que você seja uma dos milhões de brasileirass que acha bem-feito que uma menina que usa shortinho seja estuprada; que acha que uma mulher apanha porque não se dá respeito (como acha a hipopótama cerebral da isabeli fontana); que acha que votar em serra é melhor porque "uma mulher, infelizmente, não tem o mesmo vigor do que um homem para governar um país".
(se você se encaixa numa dessas descrições, favor não voltar a visitar este blog).
eu tenho lido tanta coisa que sai na imprensa, sobre essas eleições, que me dão uma tristeza... e eu me pergunto o que mulheres como susan sontag, angela davis, simone beauvoir e tantas outras incríveis diriam do brasil.
a campanha presidencial por aqui transcederu as questões políticas e virou basicamente um debate de gênero, no qual o foco das discussões é a porra da legalização do aborto. parece uma briguinha de comadres. sim, esse é um assunto URGENTE a ser discutido nesse país (que, em termos de políticas públicas para as mulheres, ainda está na idade média (nem me venham falar da lei maria da penha, porque não adianta criar uma lei sem fiscalizar sua aplicação, nem adianta criar essa merda, se o judiciário ainda pensa como pensava na época das capitanias hereditárias).
mas esta é uma campanha presidencial, caralho, e eu GOSTARIA MUITO de ver outros tópicos serem discutidos.
decidi falar sobre isso aqui no vodca, finalmente, porque li esse artigo da carta capital e FIQUEI COM NOJO da mulher de serra, essa idiota completa que, apesar de ter estudado, parece ter esquecido que séculos atrás, mulheres como ela, que estudavam e gostavam de ler, era consideradas tão subversivas, tão bruxas, tão erradas, quanto às mulheres pro-choice que agora ela ataca.
Tanto o comportamento da mulher-laranja, que ocupa o lugar do marido ficha-suja, como o da mulher que assume a estratégia mais rasteira da campanha para deixar a figura do esposo imaculada me parecem igualmente desprezíveis. Weslian e Monica encarnam a perfeita antítese dos quase 50 anos de movimento feminista no mundo. Quem diria? Em pleno século 21, após tantas lutas e conquistas, surgem do nada duas mulheres sem brilho próprio para impor, em Brasília e no Brasil, uma moral arcaica, retrógrada, em que aborto não é um problema de saúde pública, mas religioso.
(trecho do artigo, escrito por cynara menezes).
o problema não é ter serra candidato. o problema é o tipo de brasileiro que ele é e o tipo de brasileiro que ele representa: o tipo que simplesmente não gosta da mulher.
Tuesday, October 12, 2010
estrangeira em toda parte desde pequena
estou aqui montando o portfolio que vou mostrar no workshop de alec soth. o nome do trabalho, que ainda é um work in progress, é "užsienio visur" (estrangeira em toda parte, em lituano) e eu procuro as primeiras fotos que fiz na vida, com uma kodak instamatic, porque elas eram todas de viagens - mas nunca do destino, eu sempre fotografava a estrada, ou o aeroporto, ou o céu...
eu tirei essas fotos entre 10 e 12 anos e achei que seria super apropriado usar essas fotos no slideshow do trabalho.
mas aí, no meio da caça a essas imagens, comecei a ver as fotos que fizeram de mim, quando eu era pequena. e tive uma revelação*.
(pausa explicativa: eu sempre achei que era adotada porque quase não tem fotos minhas de quando era criança - por exemplo, não existe UMA FOTO SEQUER do meu aniversário de um ano. nem da minha mãe grávida...
pedi então a minha mãe, que veio passar o dia das crianças (!!) comigo, que ela fizesse um clipping na casa dos parentes em busca de fotos em que eu apareço, para que ela me trouxesse neste feriado. ela achou fotos dos meus aniversários de 2, 3 e 4 e 7 anos.
além disso, acabamos encontrando nos confins do meu armário, uma foto em que ela está supostamente grávida de mim hahah):
eu sou a de amarelo no canto direito, era meu aniversário de 2 anos. repare como estou interagindo. nem as velas eu soprei.
no canto esquerdo, com cara de cu.
no meu aniversário de 3 anos. e o bolo era com vela que a gente usa quando falta luz. eu sou a de azul com cara de neuvosa.
no aniversário das minhas primas poly e lela. eu sou a criança que tem o tamanho do cachorro e cara de desesperada.
passei meu aniversário de 7 anos com meu pai, que eu mal conhecia e foi super estranho. não larguei o macaco o tempo todo. devia ter pedido para ele me levar no cabelereiro tirar esse mullet.
eu tirei essas fotos entre 10 e 12 anos e achei que seria super apropriado usar essas fotos no slideshow do trabalho.
mas aí, no meio da caça a essas imagens, comecei a ver as fotos que fizeram de mim, quando eu era pequena. e tive uma revelação*.
(pausa explicativa: eu sempre achei que era adotada porque quase não tem fotos minhas de quando era criança - por exemplo, não existe UMA FOTO SEQUER do meu aniversário de um ano. nem da minha mãe grávida...
pedi então a minha mãe, que veio passar o dia das crianças (!!) comigo, que ela fizesse um clipping na casa dos parentes em busca de fotos em que eu apareço, para que ela me trouxesse neste feriado. ela achou fotos dos meus aniversários de 2, 3 e 4 e 7 anos.
além disso, acabamos encontrando nos confins do meu armário, uma foto em que ela está supostamente grávida de mim hahah):
eu sou a de amarelo no canto direito, era meu aniversário de 2 anos. repare como estou interagindo. nem as velas eu soprei.
no canto esquerdo, com cara de cu.
no meu aniversário de 3 anos. e o bolo era com vela que a gente usa quando falta luz. eu sou a de azul com cara de neuvosa.
no aniversário das minhas primas poly e lela. eu sou a criança que tem o tamanho do cachorro e cara de desesperada.
passei meu aniversário de 7 anos com meu pai, que eu mal conhecia e foi super estranho. não larguei o macaco o tempo todo. devia ter pedido para ele me levar no cabelereiro tirar esse mullet.
continuo sem saber se fui adotada ou não. essa foto é de março de 1982 e era para mamãe (sentada) estar com um buxo de 4 meses, que não aparece.
* tive uma revelação porque ver essas fotos me fez lembrar exatamente da sensação de desconforto que senti minha infância inteira, sei lá eu por quê. num tem uma foto que eu esteja sorrindo, como todo mundo, e foi assim até eu sair de recife, com 10 anos. na verdade, é assim até hoje, e estou começando a achar que essas fotos se encaixam muito mais no projeto que as fotos que eu queria usar.
pirralha bizarra.
pirralha bizarra.
ps: "uma foto só espera sua vez de ser deturpada ou explicada por uma legenda", susan sontag, em "diante da dor dos outros".
Monday, October 11, 2010
i'm a photographer and this is my work
eu tô obcecada nessa frase da annie.
falando nisso, fiz um vimeo com alguns trabalhos comissionados que fiz nessa vida. não é tão ruim quanto eu achava:
falando nisso, fiz um vimeo com alguns trabalhos comissionados que fiz nessa vida. não é tão ruim quanto eu achava:
adelaide ivánova_ some commissioned jobs from adelaide ivánova on Vimeo.
Sunday, October 10, 2010
aprendendo com grandes homens
johnny says:
take some water, will ya?
willie says:
sure. we have water, coffee, hot chocolate. what's gonna happen to our image?
johnny says:
as long as we keep wearing black i say we might gonna be alright...
yeah, cowboy.
take some water, will ya?
willie says:
sure. we have water, coffee, hot chocolate. what's gonna happen to our image?
johnny says:
as long as we keep wearing black i say we might gonna be alright...
yeah, cowboy.
minha mãe
ontem
me arrastou para a livraria e me deu um livro de katherine mansfield.
feliz dia das crianças meu cu.
feliz dia das mães incríveis.
me arrastou para a livraria e me deu um livro de katherine mansfield.
feliz dia das crianças meu cu.
feliz dia das mães incríveis.
100 men_reloaded
adelaide ivánova_100 men from adelaide ivánova on Vimeo.
andrea, tu no tienes el monopolio de la venganza.
Saturday, October 09, 2010
soy lo_o por ti
lorena travassos (minha roommate) convidou eu e lu orvat pra colar umas foto na parede do serralheria, junto com ela. a abertura é dia 14, vai ter show de uns bofe xucro (A MELHOR PARTE) e custa 10 realidades, a entrada.
proibida de usar a marca "lomo" (que é registrada, meu cu!), lore teve que mudar o nome da expo, que foi toda feita no estilo DIY.
eu tenho dois convites pra dar. a primeira pessoa que comentar leva o par. é só deixar um comment bem bonito aí com o nome e o nome da pessoa que vai levar. mas tem que ir, porra.
uma das foto que eu vou mostrar (cinco de berlim, cinco de são paulo)
uma das foto de lu orvat, que vai mostrar um monte de seus experimentos com máquinas lomo (PODE CITAR O NOME DA CÂMERA, AINDA?)
e uma das fotos mára de lorena, que vai mostrar as foto linda que ela faz das amiga
ps: as foto tudo vão estar à venda por preços super amigos! em vez de gastar dinheiro num vibrador novo, passa lá!
Friday, October 08, 2010
Thursday, October 07, 2010
memorial descritivo do nada
estou aqui a finalizar um material para mandar para mais uma convocatória da qual serei gongada e, no meio da feitura de um memorial descritivo do qual particularmente estou bem orgulhosa, me perguntei:
mas tem fotógrafa brasileira que fotografa homem, no brasil?
quer dizer, fotografar boy aqui nessa terra ainda significa ter que ter uma estética gay e estar ligada a esse gueto - mas não é uma estética gay extreme, tipo slava mogutin, ou admirador apaixonado, tipo walter pfeiffer. é um gay morgado, mermo, estilo abílio diniz de bilola dura no pantanal.
foto do slava mogutin
lorcan (esquerda) fotografado pelo walter
lorcan fotografado por mim
eu fotografo homem bonito desde 2002. serve eu, ivi?
não, porque não posso me usar como referencial teórico - só que eu já estava cansada de citar nan goldin, corinne day, frida kahlo.
só me restou citar vânia toledo.
o ensaio dela de 1979, chamado homens, é horroroso. mas pelo menos alguém o fez. homens é um exercício desnecessário de retorno ao clássico, uma vez que mapplethorpe (sim, o homem do chicote no cu) já havia feito a mesma coisa, muito bonitamente, naquela década (o legal era que ninguém esperava isso dele, que fez fama com polaróides e, bom, com o tal do chicote).
foto de mapplethorpe (eu prefiro mil vezes as polaróides e o chicote no cu)
portanto, esse exercício de corpos esculturais em luz difusa clicado no preto-e-branco já não era mais necessário. e vânia não conseguiu executá-lo com um discurso próprio. parecia que ela estava fazendo um dever de casa da escola de fotografia.
infelizmente, vânia é mais conhecida por esse trabalho, porque ela tem coisa muito melhor. os retratos que ela fazia quando não estava trabalhando (ao menos, oficialmente) eram simplesmente maravilhosos. as fotos que ela fez de caetano veloso e ney matogrosso, especialmente, nunca sairam da minha cabeça. nem as de sônia braga (mas é foto de mulher para mulher e a gente não está falando disso).
olha que liiiiindo!
é uma pena que o site dela seja muito ruim para visualizar as imagens e que o google images dê tão poucos resultados quando a gente dá uma busca nela. para quem viu, a expo dela na pinacoteca, uns dois anos atrás, foi a melhor expo de fotografia que vi por lá da qual tenho lembrança.´
ps: o leitor felipe (quem é tu, felipe, que não dá pra ver teu perfil?!) fez entrevista com ela, ela falando de outro boy incrível, o granda roy stiuarti. ó:
mas tem fotógrafa brasileira que fotografa homem, no brasil?
quer dizer, fotografar boy aqui nessa terra ainda significa ter que ter uma estética gay e estar ligada a esse gueto - mas não é uma estética gay extreme, tipo slava mogutin, ou admirador apaixonado, tipo walter pfeiffer. é um gay morgado, mermo, estilo abílio diniz de bilola dura no pantanal.
foto do slava mogutin
lorcan (esquerda) fotografado pelo walter
lorcan fotografado por mim
eu fotografo homem bonito desde 2002. serve eu, ivi?
não, porque não posso me usar como referencial teórico - só que eu já estava cansada de citar nan goldin, corinne day, frida kahlo.
só me restou citar vânia toledo.
o ensaio dela de 1979, chamado homens, é horroroso. mas pelo menos alguém o fez. homens é um exercício desnecessário de retorno ao clássico, uma vez que mapplethorpe (sim, o homem do chicote no cu) já havia feito a mesma coisa, muito bonitamente, naquela década (o legal era que ninguém esperava isso dele, que fez fama com polaróides e, bom, com o tal do chicote).
foto de mapplethorpe (eu prefiro mil vezes as polaróides e o chicote no cu)
portanto, esse exercício de corpos esculturais em luz difusa clicado no preto-e-branco já não era mais necessário. e vânia não conseguiu executá-lo com um discurso próprio. parecia que ela estava fazendo um dever de casa da escola de fotografia.
infelizmente, vânia é mais conhecida por esse trabalho, porque ela tem coisa muito melhor. os retratos que ela fazia quando não estava trabalhando (ao menos, oficialmente) eram simplesmente maravilhosos. as fotos que ela fez de caetano veloso e ney matogrosso, especialmente, nunca sairam da minha cabeça. nem as de sônia braga (mas é foto de mulher para mulher e a gente não está falando disso).
olha que liiiiindo!
é uma pena que o site dela seja muito ruim para visualizar as imagens e que o google images dê tão poucos resultados quando a gente dá uma busca nela. para quem viu, a expo dela na pinacoteca, uns dois anos atrás, foi a melhor expo de fotografia que vi por lá da qual tenho lembrança.´
ps: o leitor felipe (quem é tu, felipe, que não dá pra ver teu perfil?!) fez entrevista com ela, ela falando de outro boy incrível, o granda roy stiuarti. ó:
Wednesday, October 06, 2010
the dailyness of things
olhando agora para o meu caneco
repleto de chá de alho
fiquei impressionada com a as cores:
a xícara branca
a massa branca do alho que se despediu da casca
a casca que ganhou tons de roxo
e a água
e aí me lembrei de outra coisa,
que para mim sempre foi um mistério:
por que comprar um sofá novo,
para então cobri-lo com uma manta?
repleto de chá de alho
fiquei impressionada com a as cores:
a xícara branca
a massa branca do alho que se despediu da casca
a casca que ganhou tons de roxo
e a água
e aí me lembrei de outra coisa,
que para mim sempre foi um mistério:
por que comprar um sofá novo,
para então cobri-lo com uma manta?
meu próprio road movie
cansei de esperar fazerem minha cinebiografia:
o vovô lindo que aparece no vídeo chama-se amaro e é meu primo, made in gravatá do jaburu.
adelaide ivánova on the road from adelaide ivánova on Vimeo.
o vovô lindo que aparece no vídeo chama-se amaro e é meu primo, made in gravatá do jaburu.
Tuesday, October 05, 2010
quem tem medo de bryan adams
esses dias fiquei pensando muito depois de ver uma notícia na capa de uma revista de flofloca: "fábio assumpção agora é fotógrafo". achei bonito. se até bob wolfenson se considera fotógrafo de fine art (falei), por que o fábio não pode virar fotógrafo? por que que todo mundo xoxa o bryan adams?
eu não gosto das fotos do bryan, nem do bob, e pode ser que não goste das fotos do fábio, assim como tem um monte de gente que não gosta das fotos que eu faço (e eu acho que é pura inveja HA!); mas e daí? deixa os pessoal.
tempos desses, jörg reclamou que hoje em dia todo mundo tira foto. e eu pensei: ainda bem, significa que até eu, que sou uma anta, posso me chamar de fotógrafa.
mas ele é tão bonito que não quis contrariá-lo com minhas teorias.
fiquei só olhando para ele.
mas eu tenho sim, uma opinião sobre isso:
1. todo mundo tira foto. até quem não é considerado fotógrafo
"yes, i'm a photographer", manda avisar o mais que incrível wolfgang tillmans, nessa entrevista:
2. todo mundo tira foto, até quem não é considerado bom fotógrafo
"yes, i'm a photographer and this is my work". diz annie leibovitz em "life through a lens".
3. todo mundo tira foto, até quem é considerado bom fotógrafo acha isso também
alec soth, uma das melhores coisas que a magnum já incorporou, convocou sua filha de sete anos para fotografar um projeto - no qual a "única" participação dele foi editar as 2 mil fotos feitas por ela.
e, em entrevista a dazed & confused, ele diz: "yes, absolutely!" (quando perguntando se qualquer um pode ser um fotógrafo).
foto: carmen soth
4. todo mundo tira foto, mas nem por isso todo mundo tira foto boa
jörg winde é professor da universidade de dortmund. mas calma, fotógrafos ciumentos, ele tem algo a dizer sobre isso: "Embora a técnica facilite mais o uso do que antigamente, as imagens não estão ficando melhores. Leva-se muitos anos até se conseguir ver as coisas que as pessoas normais não vêem".
5. então comecemos a falar de outra coisa, galera!
eu não gosto das fotos do bryan, nem do bob, e pode ser que não goste das fotos do fábio, assim como tem um monte de gente que não gosta das fotos que eu faço (e eu acho que é pura inveja HA!); mas e daí? deixa os pessoal.
tempos desses, jörg reclamou que hoje em dia todo mundo tira foto. e eu pensei: ainda bem, significa que até eu, que sou uma anta, posso me chamar de fotógrafa.
mas ele é tão bonito que não quis contrariá-lo com minhas teorias.
fiquei só olhando para ele.
mas eu tenho sim, uma opinião sobre isso:
1. todo mundo tira foto. até quem não é considerado fotógrafo
"yes, i'm a photographer", manda avisar o mais que incrível wolfgang tillmans, nessa entrevista:
2. todo mundo tira foto, até quem não é considerado bom fotógrafo
"yes, i'm a photographer and this is my work". diz annie leibovitz em "life through a lens".
3. todo mundo tira foto, até quem é considerado bom fotógrafo acha isso também
alec soth, uma das melhores coisas que a magnum já incorporou, convocou sua filha de sete anos para fotografar um projeto - no qual a "única" participação dele foi editar as 2 mil fotos feitas por ela.
e, em entrevista a dazed & confused, ele diz: "yes, absolutely!" (quando perguntando se qualquer um pode ser um fotógrafo).
foto: carmen soth
4. todo mundo tira foto, mas nem por isso todo mundo tira foto boa
jörg winde é professor da universidade de dortmund. mas calma, fotógrafos ciumentos, ele tem algo a dizer sobre isso: "Embora a técnica facilite mais o uso do que antigamente, as imagens não estão ficando melhores. Leva-se muitos anos até se conseguir ver as coisas que as pessoas normais não vêem".
5. então comecemos a falar de outra coisa, galera!
Monday, October 04, 2010
é isso aí, pernambuco!
parabéns para todo mundo que votou nesses caras, que assinaram um manifesto SUPER BACANA que realmente é uma bênção para a vida das brasileiras.
saiba que se você ficar grávida e a gravidez oferecer risco à sua vida, se depender dessa gente, você vai morrer!
Gonzaga Patriota (PSB) - 92.652 votos
Clodoaldo Magalhaes (PTB) - 1,38%
Maviael Cavalcanti (DEM) - 0,76%.
ah, e se você for estuprada, reze para que não esteja no seu dia fértil. eles vão querer que você tenha esse filho.
boa sorte, galera! porque além disso, tiririca vem aí!
WOO HOO!
saiba que se você ficar grávida e a gravidez oferecer risco à sua vida, se depender dessa gente, você vai morrer!
Gonzaga Patriota (PSB) - 92.652 votos
Clodoaldo Magalhaes (PTB) - 1,38%
Maviael Cavalcanti (DEM) - 0,76%.
ah, e se você for estuprada, reze para que não esteja no seu dia fértil. eles vão querer que você tenha esse filho.
boa sorte, galera! porque além disso, tiririca vem aí!
WOO HOO!
Sunday, October 03, 2010
Saturday, October 02, 2010
para evitar que essas pernas saiam trepando por aí
a série de nove performances de rebecca horn são sobre o tema que a gente mais gosta:
uma mulher amando um homem.
quando isso acontece, e não é raro (o que esses desgraçados têm?), se dá no universo a conjunção perfeita para outra coisa que a gente também ama:
exercer com beleza a obsessão.
esta série de performances, feitas em 1974 e chamada "exercícios em nove partes", é uma coisa avassaladora. nela, rebecca se aproveita da própria existência física para falar de ser imenso, de não se bastar.
a minha preferida (que depois descobri ter sido também a preferida de jéssica) foi a "Die untreuen Beine festhalten". a tradução para o inglês desse título foi "to prevent these legs from fucking around". a artista usou uma linguagem polida no título em alemão, e uma mais "giriosa" no título em inglês, e o ccbb optou por traduzir para o português a versão em alemão e ficou algo como "para controlar essas pernas infiéis".
o vídeo em si é demais, pela simplicidade da metáfora, pela forma como ela resolveu a questão: vou te atrair com ímãs, e nem que tu queiras tu vais muito longe.
eu só ia ter ficado ainda mais feliz se a curadoria tivesse traduzido essa performance direto do inglês.
"para evitar que essas pernas saiam trepando por aí".
(dá para ver o vídeo aqui).
uma mulher amando um homem.
quando isso acontece, e não é raro (o que esses desgraçados têm?), se dá no universo a conjunção perfeita para outra coisa que a gente também ama:
exercer com beleza a obsessão.
esta série de performances, feitas em 1974 e chamada "exercícios em nove partes", é uma coisa avassaladora. nela, rebecca se aproveita da própria existência física para falar de ser imenso, de não se bastar.
a minha preferida (que depois descobri ter sido também a preferida de jéssica) foi a "Die untreuen Beine festhalten". a tradução para o inglês desse título foi "to prevent these legs from fucking around". a artista usou uma linguagem polida no título em alemão, e uma mais "giriosa" no título em inglês, e o ccbb optou por traduzir para o português a versão em alemão e ficou algo como "para controlar essas pernas infiéis".
o vídeo em si é demais, pela simplicidade da metáfora, pela forma como ela resolveu a questão: vou te atrair com ímãs, e nem que tu queiras tu vais muito longe.
eu só ia ter ficado ainda mais feliz se a curadoria tivesse traduzido essa performance direto do inglês.
"para evitar que essas pernas saiam trepando por aí".
(dá para ver o vídeo aqui).
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