Tuesday, August 31, 2010

100 men (o slideshow) (finalmente)


adelaide ivánova_100 men from adelaide ivánova on Vimeo.



100 men foi originalmente criado e apresentado por Adelaide Ivánova como uma instalação/projeção em Berlim, Alemanha, durante o evento SHADE inc, no clube Neue Berliner Initiative, a 18 de agosto de 2010. As fotos foram feitas entre 2002 e agosto de 2010, todas de autoria de Adelaide Ivánova. A instalação tem uma peça sonora de Ricardo Domeneck, feita especialmente para o trabalho, a partir da canção “Non, je ne regrette rien”, cantada por Edith Piaf. O editor de som foi Uli Buder.

ps: é melhor ver o vídeo direto no vimeo, que ele fica bem grandão.

Monday, August 30, 2010

às voltas com as voltas

nos últimos dias eu estou passando por uma tarefa bem difícil pra mim mesma: descrever o que eu faço. eu escrevo todo dia sobre o que eu sou, mas como não ligo muito pro que eu sou, é só sair tagarelando e ver no que dá.

preciso descrever, em 2 mil caracteres, o trabalho que quero aplicar para as leituras de portfolio do forum. preciso também afinar o conceito do portfolio que quero mandar prum prêmio aí. e hoje precisei descrever, em bem menos caracteres, o slideshow de 100 men, que tô subindo agorinha no vimeo.

mas escrever sobre fotografia-fotografar-o que eu quero dizer-por quê eu digo o que quero dizer, aí é outra história. e o ponto crucial, onde essas duas coisas se encontram, é exatamente aquele ali em cima: se eu não sei sequer que porra eu sou, como vou explicar de que porra consiste meu trabalho?

dia desses, lagarteando comigo no parquinho de weinbergstraße, ricardo me falou: "o que importa é você se emocionar, lendo ou escrevendo". é, ric, é importante se emocionar passiva ou ativamente, artista ou espectador. me diz: fodam-se as explicações, então? armin diria que quem tem que criar significado é o leitor, mas a gente ainda leva em consideração o que ele dizia, ric?

no seminário was wissen die künste?, que rolou na udk logo que cheguei em berlim, o professor werner oeschlin, da uni de zurique, falou: "a arte não tem propósito, a arte é. o propósito da arte é vivê-la".

esses dias, mandei um email pra breno pedindo uns conselho, e falei: "sinceramente, minhas fotos não dizem nada sozinhas, eu preciso tagarelar junto, mas aí talvez fosse o caso de mudar de profissão hahaha". e ele respondeu: "tem que pensar se o trabalho pede tantas explicações assim, às vezes a gente acaba matando o trabalho tentado explicá-lo".

quando é que você sabe quando tem que parar de se explicar? sabe? por exemplo, uma questão que estava justo agora a me atazanar (mas não muito): eu explico que não peguei os 100 homens que aparecem nas fotos? ou não digo nada? eu enriqueço ou empobreço a análise, ao dar explicações morais? se eu digo que não peguei, são somente fotos bonitas (ou feias, dependendo do gosto). se eu não digo nada, pode ser um meio de discutir alguma outra coisa (porque eu realmente acho que o que é seu, você dá para quem quer!). e se eu digo que peguei todos eles estou mentindo, apesar de que há alguns ali que eu realmente merecia ter pegado! hahahaha

tendo nascido num país machista e, pior, na cidade mais pseudo-liberada que conheço (ou, sendo mais direta, com gente mais provinciana do que a de bragança paulista), esse é um tópico que me interessa falar, me interessa pensar.

e sigo com a pergunta: falo com palavras, ou deixo o trabalho falar? e o nível do inconsciente, que perpassa a realização de qualquer obra, esse, como eu faço pra comunicar? gente, como eu sou burra! não sei como fazer isso!

fui pedir ajuda a paul klee, que tem aquele livro bem sabido sobre a arte moderna e outros ensaios. na página 51 ele é muito julia roberts e ajuda a gente:

1. "ao tomar a palavra diante de meus trabalhos, que na verdade deveriam se expressar em sua própria linguagem, fico apreensivo, por não saber se os motivos que me levam a isso são suficientes, ou se vou falar de maneira apropriada". mas paul, eles deveriam mesmo explicar-se sozinhos? e sophie calle fica onde? e eu? e madonna?

2. "se, como pintor, sinto possuir os meios de expressão para pôr os outros em movimento na direção em que eu mesmo sou impelido, não me sinto capaz de, usando palavras, indicar com a mesma certeza tal caminho". nem eu, paul!

3. "para me esquivar da reprovação 'pinte, artista, não fale', gostaria de levar em consideração principalmente a parte do procedimento criativo que, durante a feitura de um trabalho, se realiza mais no subconsciente (...). tem de haver alguma região comum aos espectadores e aos artistas, na qual é possível uma aproximação mútua". acho bom que os espectadores consigam se aproximar de mim sozinhos, porque eu sou uma anta e não consigo explicar nada.

no fim, sigo com a sábia carol, que me falou, no skype: "eu quero ter outras coisas para pensar, mas ainda não as tenho". então, sigo desesperada pensando nas mesmas coisas de sempre.

Sunday, August 29, 2010

(sobem os violinos)

foi exatamente
um ano atrás, éramos eu e tu no aeroporto de colônia
celebrando o reencontro.



eu estava com o vestido mais feio do mundo
e tu nem ligou.

tu me beijou no meio do saguão.
a câmera girando,
os violinos.




era isso que eu queria: um homem que não ligasse pro vestido nem pro vestido. armin, tu sempre me entendeu.

eu sinto tanto
tanto
tanto...

Saturday, August 28, 2010

achim, substantivo masculino

do alto do seu 1,93 deitado, com aqueles não-cachos que eu nunca vi, e os olhos azuis que dubai conheceu em blues.

(em mim marcada a sua impossível habilidade de ser charmoso, quando disse que era bom que o áudio do filme fosse em coreano e que eu, assim, fui pro bar e que assim nos encotramos no bar e que assim devíamos ir embora, "é, o vinho acabou e a música ruim", "não, tabacuda, não quero ir pra outro bar").

nos olhamos num edredon.

a primeira coisa que ele me falou, de manhã:

"eu gosto de você sem maquiagem. eu gosto que seu rímel está agora no meio da suas bochechas".



ele, que pra china se apronta, enquanto eu dizia às escadas:

"espero que a gente nunca mais se veja de novo".

é que assim ele nunca vai poder me deixar.

achim.



o menino do meu recomeço.

Friday, August 27, 2010

ajudem uma criança carente a realizar seu sonho...

... de ser autora de livros de auto-ajuda!

a ediouro tem tipo um concurso pra blogs virarem livro, e essa é minha chance de ir em ana maria braga falar sobre superação.

meninas, vocês poderiam, por favor, votar e espalhar essa esmola conceitual pelo mundo?! hahaha valheu! aqui vai um passo-a-passo, porque o site não é a coisa mais fácil do mundo de se usar:



crica aqui pra votar, ó.

Thursday, August 26, 2010

estrangeira em toda parte

de: Adelaide Ivánova ****************@gmail.com>
para: Rozélia Bezerra ************@yahoo.com.br>
data: 26 de agosto de 2010 19:31
assunto: novidades do meu alemão (a língua, destaque-se!)
enviado porgmail.com


ocultar detalhes 19:31 (2 minutos atrás)

mami, desisti de fazer curso intensivo e comecei a tomar aulas particulares, duas vezes por semana. comecei hoje, com herr finn, um alemôo coroa gente finíssima, que me recebeu com chá e biscoitos. a aula foi maravilhosa. passamos duas horas assim: ele me entrevistando e, nesse meio tempo, me corrigindo e me ensinando o contexto gramatical das coisas que ele ia corrigindo. foi demais: eu falei duas horas seguidas em alemão com alguém, sobre tudo que ele perguntou, de fotografia a tu, meu pai, armin. foi meio terapia, e em alemão, que é cada vez mais minha língua preferida no mundo.

ele disse uma coisa que eu dei muita risada, porque é muito leonino: "du kannst über dich sprechen, das ist sehr wichtig". que é "você pode falar sobre você, isso é muito improtante". e eu pensei com meus botões egocêntricos: O SENHOR NÃO FAZ IDEIA COMO hahahaha. ele falou que tenho facilidade com as palavras, o que me lembrou de tu e do que tu dissesse sobre vovó, que esses dias ela leu um texto em francês e entendeu.

foi muito legal, hoje. eu só estou ficando cada dia mais triste, porque cada dia a mais é um a menos que tenho aqui. nem peço conselho pra tu, mami, porque sei que não tem jeito melhor de lidar com isso do que pensar amplo, relaxar e me organizar pra voltar.


fico triste porque ouvi de tantas pessoas como ia ser legal se eu ficasse (de herr finn, inclusive); elas falam que eu pertenço a berlim.

eu me sinto uma estrangeira no brasil, em recife nem se fala, e não digo isso com arrogância mas, ao contrário, com tristeza. deve ser um alívio sentir prazer em se viver no lugar onde você TEM que viver. e isso me deixa pensando no direito de postar seu corpo, sua existência, onde você melhor se adapta: o tal do direito de ir e vir da nossa constituição, que não posso exercer porque obévéamente a constituição aqui é outra hahaha

te amo muito!
ivi


ps: desculpa esse email todo filosófico. li sobre essa iraniana que vai ser apedrejada por adultério e fiquei aqui pensando... em coisas.

ignorem o título

é tão horrível entender e é tão violento aceitar que eu vou indo para frente e cada vez mais longe porque alguém me feriu, e uma ferida sobre a outra porque a vida segue vivendo sobrepõem um bilhete de avião sobre o outro, e uma casa nova sobre a outra.

e assim a pessoa nunca para e nunca se acha e nunca acha a sua casa. mas a terra é redonda, eu tenho que ir parar onde comecei?

me sinto estrangeira em toda parte,

menos talvez onde eu o seja oficialmente.



i got away from you,
i never felt so good,
sozinha.


meu deus, que desespero.

que horror, que horror

recebi esse email da minha leitorinha carol. eu sou escapista, não leio jornal e, apesar sim de saber que no irã os pessoal faz essa marmotice com as mulheres, não fazia a mais vaga ideia de que há toda essa mobilização em torno desse caso.


---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Caroline Maciel Lauar **************@hotmail.com
Data: 26 de agosto de 2010 16:49
Assunto: Pra agir



De Martha Medeiros, texto publicado em Zero Hora, em 11/08/10

"Sakineh, uma mulher como nós
Adoçantes não calóricos. Massagem com compressas de ervas quentes. Máquinas high-tech para eliminar a celulite. Modelador térmico para criar cachos naturais. Esmalte de tratamento para unhas frágeis. Clareador de manchas com ácido bio-hialurônico. Hidratante bloqueador de radicais livres. E sigo folheando uma adorável revista feminina, que nos conduz a um mundo onde tudo é lindo, glamouroso e caro, mas sonhar não custa nada, e viro mais uma página, e outra, enquanto penso: uma moça chamada Sakineh Mohammadi Ashtiani pode morrer apedrejada a qualquer momento por um suposto adultério cometido anos atrás.

Mulheres se candidatam à presidência, dirigem empresas, pedem o divórcio, viajam sozinhas, investem na sua vaidade, mas nenhuma dessas conquistas pode nos orgulhar enquanto ainda houver o costume de enterrar uma criatura no chão com apenas a cabeça de fora para que leve pedradas de diversos homens — e não podem ser pedras GG, tem que ser as de tamanho M, pois exige-se que o suplício seja longo. Que tom de gloss será conveniente para assistir ao badalado evento?

Sei que há diversas outras modalidades de desrespeito aos direitos humanos, inclusive no Brasil, mas neste momento estou vestindo a camiseta da Sakineh. Quero falar sobre o ato primitivo de se apedrejar uma mulher na cabeça até a morte. Não discuto o motivo torpe da condenação, pois nem que ela tivesse matado alguém, em vez de simplesmente ter feito sexo com alguém, seria justificativa. Não há justificativa para a brutalidade. É a lei do Irã, é a religião do Irã, é a tradição do Irã, e daí? Quando meu estômago embrulha, é sinal de que algo bem perto de mim está acontecendo. Distância só existe quando a gente racionaliza, o sentir unifica. O Irã faz parte do mundo em que eu vivo. O meu tempo e o da Sakineh são o mesmo. Somos contemporâneas. Ela não é um personagem, existe. Tem filhos. E se a mobilização internacional não surtir efeito, em breve será enterrada até a altura do busto, com os braços presos para não poder proteger o rosto.
O que dói, mais do que tudo, é reconhecer que avançamos tanto e ainda não conseguimos atingir um grau de humanidade que seja comum a todos, homens e mulheres de qualquer lugar e de qualquer crença. O que podemos fazer por Sakineh? Rezar para que ela seja enforcada, que é o plano B. Ufa, seria um alívio.

Há uma petição circulando pela internet. Acredito tanto na eficiência desses abaixo-assinados como acredito em creme antirrugas, mas volto a dizer: sonhar não custa nada.
Eu já assinei. Agora vou passar meu incrível tônico de renovação celular “future solution”, pois, como qualquer mulher, adoro cuidar da minha pele."



Pra saber em que pé tá:
--
notícia publicada ontem, dia 25.08.2010, no jornal O GLOBO sobre o assunto



bom, meninas, agora a gente assina a petição e segue a vida com essa sensação de lixo humano, porque que porra a gente pode fazer, né? carla bruni publicou uma carta sobre o assunto, eu publico um post de merda que inguém vai ler, vocês repassam pras amiga.

eu acho lindo que nesse mundo (o brasil inclusive, não precisava nem ratificar) estuprar uma mulher pode, e ainda culpam a mulher. mas se uma mulher DÁ PORQUE QUER, aí sim, tem-se um criminoso.


VÃO SE FUDER TODOS VOCÊS.

Tuesday, August 24, 2010

fale com a sarna

no princípio era tudo verbo
ou, melhor dizendo,
um blablabla sem fim.

escreveram até um livro grosso a respeito.

mas a verdade é que se não houvesse judas,
não haveria jesus essesímbolo.
e se para mim, jesus, não houvesse benigno,
não teria recebido a mim mesma como agora me ganho:
toda santificada pela própria insolência.

eu digo não até dizer não e faço questão de ser igual àquilo que disseram ser a razão do mau destino que é o que eu já era porque sim.

eu só não consigo entender ainda o dilema da pele,
onde habita e de que se constitui a antítese da pereba.

e esse corpo em expansão sobre qual perdi todo o controle.














(esse post é pra marcar que ontem eu vi "fale com ela" de novo e que hoje é o lançamento da coletânea de crônicas antonio maria, livro no qual participo com um texto chamado "a sarna" ).

na rússia

aquele lugar que de tão estranho se parece tanto comigo e que por isso mesmo eu detestei:

começo a publicar as fotos hoje no meu flickr.

Saturday, August 21, 2010

e se?

uma questão me intriga há muito tempo. o tópico que hoje vou dividir com vocês, aliás, é velho assunto pros ouvidos de alguns poucos amigos com quem posso compartilhar mais a fundo o fato de que passo muito tempo pensando muito em coisas que,
que,
sei lá.

pois sim:

e se?

a questão central da minha indagação versa sobre aqueles 2 segundos entre uma escolha e outra. picture yourself numa bifurcação, tipo aquela d´o mágico de oz. você está à frente de duas (às vezes mais, se a vida for difícil (ou fácil)) possibilidades. você tem que, como dizem, "fazer uma escolha".

são decisivos aqueles 2 segundos entre uma coisa e outra.

sempre me pergunto os elementos cruciais que determinam uma escolha no lugar de outra. e sempre me pergunto, ainda mais dolorosamente, os outros caminhos possíveis que se me estariam disponíveis se eu tivesse escolhido o outro percurso da estrada (os quais nunca vou conhecer).

perguntei isso a armin, na nossa última (eu não sabia que era a última) noite juntos, na beira do rhein:

"sempre me pergunto os caminhos que te fizeram sentar na minha mesa, naquela noite em lisboa".

para o que ele respondeu:

"ivi, eu sentei na sua mesa porque era a única com uma cadeira vazia".

para o que eu pensei, um pouco decepcionada com a falta de visão do bávaro:

"sim, imbecil, mas o que fez com que todas as cadeiras estivessem ocupadas e a única vazia fosse exatamante a minha?".

talvez esse fato (o fato dele não ter conseguido dar continuidade à conversa, ou o fato de eu ter desistido de dar continuidade à ela) fosse o mais contundente sinal de que pouco adiante poderíamos ir.

eu sempre me pergunto:

e se aos 12 anos eu não tivesse tido aquela crise de asma? e se minha mãe não tivesse me levado àquele consultório? e se minha vó não tivesse saído da sala?

aí eu não teria amado hole, não teria feito tatuagens, não teria escrito poemas suicidas com 13 anos. eu teria medo de abordar o menino com cabelo cor de areia de praia molhada, eu teria um namorado dos 15 aos 25.

talvez eu tivesse sido normal.

e se eu tivesse sido normal,

eu não teria me entregue a isso tudo, eu teria mais tédio, eu saberia que tinha coisas a perder e teria feito as entediantes escolhas seguras.

e eu teria sido feliz.

mas se eu tivesse sido feliz,

eu não teria escrito tanto, e fotografado tanto, e amado tanto, e ouvido tanta música boa e tanta música ruim, eu não teria bebido tanto.

e se eu não tivesse bebido tanto,

eu não teria sido brutalmente magoada, e eu não teria que acordar sozinhasangrando e com medo, e não teria que ligar pra clarissa chorando.

e teria vivido pra sempre em recife.

e se eu tivesse vivido pra sempre em recife,

e nunca teria tido a grande depressão que me fez desistir de recife e finalmente viver minha vida em são paulo (que era já onde morava e não aceitava) e me fez querer ir cada vez mais longe.

e se eu não tivesse tido asma e ido ao médico errado e se minha vó não tivesse saído da sala e se eu não tivesse a sensação de que não tinha nada a perder e não tivesse falado com o menino com cabelo vocês-sabem-de-que-cor e não tivesse vivido como num filme e não tivesse bebido tanto e não tivesse acordado naquele quarto imundo e se não tivesse tido minha grande depressão,

eu não teria conhecido armin, e eu não estaria em berlim agora,

ouvindo edith piaf,
tendo a mais absoluta certeza de que eu não gosto de viver assim,
mas de que eu não poderia ser mais dona de meu destino,
e não poderia estar mais orgulhosa de mim mesma:

eu sobrevivi.

28 (e o talk-sozinha show #4)

meu jantar de aniversário


e o melhor presente de aniversário que eu recebi (vocês perceberão que eu estava on wine e sem maquilage)


o dia seguinte, de ressaca e sem nada que preste pra dizer (é um vazio que não cabe no mundo)


e um preview da instalação (porque ricardo tem um registro muito melhor, pena que ele ainda não me mandou haha)

Friday, August 20, 2010

o pintor

vocês lembram do pedreiro bonito que vi na teodoro meses atrás?






tem um pintor, encontrei na müllhauser straße. ele era lindo.


última foto do anel submarino



descansa em paz sob o fontaka.

iveto em livro

meninas, é com a mais feliz das felicidades que vos revelo que um texto meu vai ser publicado em livro pela primeira vez (pelo que me lembro)!


o texto que aparece na coletânea antonio maria de crônicas (só com escritores pernambucanos tipo xico sá e raimundo carrero, que eu amo; e luzilá, que é diva) chama "a sarna" e é sobre, guess what, tudo em que aquela sarna lhinda que peguei em bahía blanca me fez pensar.


o lançamento do livro é terça que vem, dentro da programação do festival recifense de literatura, mas eu não vou poder ir e vou amar se as leitorinhas pernambucanas me representarem lá!





não posso terminar esse post sem agradecer a xinaider e cristhiano aguiar.

xau.

Thursday, August 19, 2010

toc-destoc (mais do mesmo)

eu saí bem bonita
e fiquei horas conversando com um boy
chamado lorcan

mas uma hora eu quis eu ir embora
e as 239847 bicha ao meu redor me perguntaram:

"POR QUE TÃO CEDO?"

eu e eu respondi bem sincera:

"lorcan is cute for sure, but i am feeling lonelzy".





just have to get used to the fact that armin´s gone. then watch me.

Tuesday, August 17, 2010

100 men @ shade inc.

adelaide ivánova world tour 2010 em novo show:

100 men
(projection of pictures of a 100 beautiful men i met* in this beautiful life)
when: tomorrow, august 18th, 00h, on the shadebox of shade inc.
where: NBI - schönhauser allee, 36
why: because!








hope to see everybody there, it will be my birthday bash! and ricardo told me he will play christina for us fighters!





(and "met" doesn´t mean "had sex with", ok?! i am wasting my time explaining this because there are so many idiots in this world...)

mas a única absoluta verdade a coisa mais honesta que eu posso dizer agora sem nenhuma vontade de ser altiva é

eu
sinto
saudade
de armin
todo segundo
não importa
quão absurdo
tenha sido
eu
morro
de
saudade
dele.






agora que ele não está mais na minha vida eu sinto que não sinto nada, nada. eu não consigo nem lixar as unhas direito sem me desesperar.

15 tópicos sobre a rússia, sem ordem

15. o último dia, já exausta, pela primeira vez em meses desejando alguma coisa familiar. decidi não voltar pra casa depois do jantar, virei à esquerda. se eu pudesse desejar alguma coisa, desejaria que são petersburgo tivesse um rio que durasse a vida inteira, em cujas margens eu pudesse sair andando até desistir.

mas o fontaka tem fim, e eu não sei exatamente onde é. só sei que dei meia volta quando joguei o anel mágico de jana no rio.

1. moscou cheira a fumaça e eu não quis nem fumar. lá de cima já dava para ver que algo muito errado rolava ali.

2. já no aeroporto de são petersburgo me embananei: no balcão de informações do aeroporto internacional, as atendentes não falavam inglês.

3. consegui sacar rublos, muitos rublos. que moeda fraca: 6 mil rublos duram uns poucos dias. com seis mil reais eu vivo seis meses. peguei um táxi e fui assaltada.

4. explico: o moço, muito charmoso e simpático, cobrou OITOCENTOS RUBLOS por um trajeto que (depois me explicaram) ele devia ter cobrado cinquenta. ok. talvez ele estivesse precisando.

5. o hostel era na esquina da nevski, uma avenidona em são petersburgo que dostoievski tanto falava. e o prédio em que ele ficava era bem dostoievskiano: sujo, escuro, fedido, com goteiras, sem luz, com bêbados rolando escadaabaixo e uma mochileira deslumbrada.

6. a rússia tem a maior concentração de gente sem dente e mulheres com unhas postiças que já vi na minha vida.

7. alexander sdifhodifvjosvki era da sibéria. eu o conheci quando sai para jantar, na minha penúltima noite. ele tinha o tamanho de marcelo gomes e quis me levar pra passear. eu neguei: com um homem daquele tamanho eu corria sério risco de virar patê. mas ser paquerada por um autêntico siberiano me fez sentir bem especial.

8. o outro menino que me paquerou era de kaliningrad e eu achei que ele tinha dentinhos separados como o meu, mas não: faltava um incisivo, mesmo.

9. sentei do lado da catacumba de dostoievski e batemos o maior papo. eu tive que confessar pra ele que a rússia era um sonho, não um objetivo, mas por causa dele. é sempre assim, rapaz: eu, indo pra puta que pariu por causa de um homem.

não obtive resposta.

10. clarice diz que a gente existe a partir do momento em que ganha um nome. eu portanto existo desde 1878 e deve ser por isso que ando tão cansada.

11. a experiência do analfabetismo é exaustiva. eu sempre fui para lugares em que falo minimamente a língua, mas a impossibilidade de ler é violenta: você precisa de ajuda para escolher comida, pegar um ônibus, comprar cigarro.

é a antítese de christina.

12. a ponte kokushkin most é onde raskolnikov (o tabacudo de crime e castigo) parou para pensar se ia matar a véia ou não. ele ficou lá um tempão pensando as merda dele.

eu, morrendo de calor e vontade de ser salva, perguntei ali a mim mesma: se eu tivesse de, aqui, como raskolnikov, tomar a decisão da minha vida, qual seria?

(silêncio).

13. o hermitage é um museu grande demais e sem ar-condicionado no qual você não dá a menor bola pros dançarinos de matisse porque, puta que pariu, que calor do carai.

14. joguei o anel mágico de jana no rio e decidi qual seria a grande decisão da minha vida como raskolniokv na rússia tomada. inspirada numa frase do próprio dostoievski, em carta pro seu irmão, decidi: "a vida é vida em qualquer lugar".
















(16. ok, eram 15. mas o fato de que eu matei armin me faz querer começar tudo de novo, numa novela em que ele esteja vivo para que assim eu mesma encontre sentido em existir.)

o teclado em silêncio

faz dezesseis minutos que meus dedos estão congelados sobre esse teclado.

eu estou tentando escrever sobre como eu me sinto.

Monday, August 16, 2010

a rússia

...




fui cheia de perguntas, voltei com o dobro. quando eu entender melhor eu conto.

a pior coisa de fazer aniversário

é que a coisa que eu mais me importo é com quem não ligou.




é um padrão bem típico da minha vida como um todo.

fosse talvez hoje um bom dia pra mudar.

Sunday, August 15, 2010

queria escrever um negócio bem bonito, mas eu não sinto nada

faltam dois minutos pra eu ter um ano a mais.



que coisa.

Saturday, August 14, 2010

de Adelaide Ivánova *********@gmail.com
para Jana Rosa **********@gmail.com
data 15 de agosto de 2010 01:12
assunto fechando ciclos
enviado por gmail.com


ocultar detalhes 01:12 (2 minutos atrás)

jano querido,

sao quase uma da manha em sao petersburgo. acabei de voltar do meu ultimo jantar aqui (vou embora amanha de manha), foi otimo, tomei uma sopa russa oleosa e aguada, depois comi um bolo quente com sorvete (o velho petit gateau, mas escrito em letras russas ficou bem mais interessante) e sai andando, e parei no fontaka, um dos 930248 rios que cruzam a cidade (que tem 300 pontes, uma lhoucura; tudo o que a pobre coitada da recife queria ser, bem feito). ai fiquei pensando, como fazer pra oficializar que armin morreu. assim, de um jeito que eu aceitasse.

quando tu me deu aquele anel de coracao, tu me disse que ele era pra sustibituir o coracao partido que leandro tinha deixado. umas semanas depois eu conheci armin, e tempos depois eu disse a ele que quem tinha me trazido ele tinha sido tu e teu anel magico. ele achava o anel lindo, btw, nao importa quantas vezes eu dissesse (estava na verdade testando a sensibilidade alemoa dele) que era de plastico e lata velha.

ai na beira do fontaka, ouvindo christina, tirei uma foto do anel em cima da ponte e joguei no rio.

jana, eu vou ser sempre grata que teu anel trouxe armin, e vou ter sempre tu e tua amizade no meu coracao. aquele anel, coitado, carregava um peso que nem eu sabia que ele tinha. depois que eu joguei ele senti um alivio, uma chance de recomeco, como se armin nao tivesse se matado pra mim, mas como se eu tivesse matado ele.

ate isso tambem devo ao anel, que agora que ele nao esta mais no meu dedo, ele proprio me deu a chance de ir atras de tudo de novo. e ele vive tambem uma vida nova, nesse rio russo, e ele vai ver como eh o outono e o inverno, e congelar junto com o rio e testemunhar coisas que a gente nunca vai ver, porque ele vai durar muito tempo la embaixo.

agora pronto, vamos voltar aa vida (com alguem que more em pinheiros, de preferencia).

com todo todo todo meu amor,
da tua amiga que te amamamamama,
ivi

Monday, August 09, 2010

talk-sozinha show 3





frida kahlo, você me fudeu.

os pratos, o ovo, essas coisas todas

eu estou bêbada, e escrevo frases de efeito e tiro auto-retratos e fico me achando um gênio.

penso coisas grandiosas e me acho indispensável.

mas nada encobre o fato de que os pratos se acumulam sujos na pia fedendo a ovo frio e quem os vai lavar sou eu.


mais do isso:

nada encobre o fato de que ligo o rádio parar não me sentir tão sozinha.

toscana rosso, 2009

um ovo frito é como o amor: cheira tão bem quando quente; cheira a podre quando frio.









toda a inspiração vem desse vinho de 1,99 que comprei no netto que tem na esquina da prenzlauer allee com belforter straße.

Saturday, August 07, 2010

(picture me on the dancefloor)

oh dahling,

(pausa, gole)

if you are not gonna marry me,

(pausa, gole, gole)

don´t even start the flirting.










Friday, August 06, 2010

o débito

hoje conversando com ricardo, cheguei à muito simples conclusão.

uma fotografia não vale mais que mil palavras. uma fotografia fica, isso sim, me devendo mil palavras.

a gente estava conversando sobre a fotobiografia de clarice lispector. que, quanto mais eu a via, mais eu me sentia insatisfeita. as fotos me deviam o que elas, coitadas, não podem - nem precisam - dizer.

daí que eu precisava de palavras. para entender clarice, as fotos, eu e as minhas, as que eu faço, as que eu apareço.









eu só posso dizer portanto que as mãos de felix são ainda muito mais lindas se você fica sabendo que ele é ruivo, tem nas ancas uma cicatriz na vertical, mora longe, gosta de cachorro-quente e estava plantando bananeira.
digam o que quiserem:

mas tristeza não me inspira.

o que me inspira é o vinho que bebo por causa dela.

Thursday, August 05, 2010

aí parei de inventar motivos e foi tão bom (foi o vinho)

na pista de dança,

o único hetero da festa vem falar comigo,

aí eu peço num deutsch bêbado pra conversar em deutsch,

e ele bem intencionado pergunta:

warum lernst du deutsch?




e eu, sincera muito mais comigo do que com ele e pela primeira vez em um ano, não falei de mestrado, de filologia, não falei de nenhuma dessas porra, e respondi, assim mesmo, mesmo sabendo que perderia a paquera:

ich lerne deutsch, weil ich einen deutschen liebe.




e que se foda a porra da declinação, eu nem ligo mais se é akkusativ, nominativ, genitiv do meu cu.

pelo menos eu assumi porque entrei naquela porra daquele avião.

tipo credicard

voltar andando pra casa bêbada da balada com uma nikon gigante pendurada nas anca de salto alto e batom vermelho sem nenhum otário dizer nenhuma idiotice sobre seu look maravilhoso ou sobre sua xoxota e chegar em casa e sentar no meio fio e fumar um cigarro pacificamente olhando a lua decrescente e perceber que sua bike de segunda mão continua estacionada no mesmo lugar que você deixou dois dias atrás e assim como seu corpo e sua auto-estima que em nada foram violados e viver tudo isso sem sentir uma ponta de medo sequer:

não tem preço.




aí mamãe me pergunta se eu quero voltar pra casa e adivinha o que eu repsondo.

Wednesday, August 04, 2010

guest editor, ai como soa chique em inglês



tô editando o blog do (festival de fotografia) paraty em foco, durante o mês de agosto.

hoje tem meu texto (com muitos vídeos) sobre a bienal de berlim (que tem muitos vídeos).

o dia-a-dia das coisas

eu acordo e fico me perguntando se não poderia dormir mais.
aí volto a dormir e quando acordo me pergunto por quê dormi tanto.
fico mal porque dormi demais e volto a deitar para esquecer que dormi tanto.
e quando acordo já é hora de dormir de novo.

mas às vezes eu saio.

e é assim.



















estou de férias e preciso de férias.

Tuesday, August 03, 2010

(dia 300)

o que tanto esses alemôos amam, my god?


no banheiro do café ali na chorinerstraße


na brunnenstraße


na kastanienallee


na oderbergerstraße


em prenzlauer allee





prestar tanta atenção nas coisas não me faz entendê-las melhor.

pequena explicação pra não parecer que eu sou preguiçosa

tentei todos os jeitos de fazer a matrícula na uni holandesa e, mesmo que conseguisse a bolsa, isso não isenta a pessoa de ter que depositar os 14.500 (esse valor é obrigatório para provar que se é capaz de se manter por lá). a diferença é que, com a bolsa, descontaria menos dinheiro within esse valor.


a única solução pra mim é eu achar uma maleta cheia de dinheiro em alenxaderplatz. ou seja...

Sunday, August 01, 2010

talk-sozinha show



ternura, de vinicius.

(tô muito mais tentando me convencer do que a vocês e, sim, esse sorriso é falso).